
Lucinda Figueiredo de Almeida nasceu em S. Pedro de Alva no dia 12 de Fevereiro de 1931, filha de Eduardo de Almeida Videira e Maria Deolinda da Maia. O casal teve 9 filhos, 8 raparigas e 1 rapaz, que morreu aos 10 anos. Lucinda era a mais nova dos irmãos.
De acordo com o depoimento da Irmã Lucinda (falamos de uma “Criadita dos Pobres”, como veremos a seguir) que consta do livro de D. Manuel de Almeida Trindade, intitulado “…E porque não eu?”, nasceu e viveu a infância e adolescência no seio de uma família de profunda religiosidade: “o meu pai lia-nos o Catecismo, a Bíblia e também vidas de santos. Fomos habituadas às orações da manhã e da noite, terço em família, comunhão diária sempre que possível, assim como a visita ao Santíssimo Sacramento.”
O pai era sacristão. O padrinho foi o Pároco da freguesia, cremos que José Augusto Ferreira Simões e Sousa, conhecido por Padre Sousa. Além disso, tinha ela cerca de 5 anos, conheceu em S. Pedro de Alva a fundadora daquela Congregação que juntamente com outras irmãs apoiavam as Colónias de Campo, criadas pelo Padre Américo, tendo a primeira tido lugar em 1935. Foi essa relação íntima com Maria Carolina Sousa Gomes que suscitou o título ao referido depoimento: “No colo de Maria Carolina”.
Foi também através da experiência, aos 13 anos, como membro da Conferência de S. Vicente de Paulo, “muito florescente” na terra, que Lucinda foi consolidando a sua vocação religiosa. No Verão de 1939, tinha Lucinda 8 anos, chegou a S. Pedro de Alva o Padre David Marques, que até aí paroquiara Pampilhosa do Botão, para substituir o Padre José da Costa Melo que foi mandado para Penalva do Alva. Logo em Setembro realizou-se com toda a solenidade e grande envolvimento o “Dia da Família”, com forte presença da Juventude Operária Católica Feminina. A paróquia fervilhava de apostolado. Recorde-se que em 1940 foram 95 crianças a fazer a Primeira Comunhão! Também os “Jocistas” começaram a realizar Colónias de Férias. S. Pedro de Alva, transformou-se, assim, também um pouco em terra de “aristas”.
Todo este contexto influenciou a sua caminhada vocacional. Conta ela, no referido depoimento, que gostava muito de ler e que o Pároco (Padre David Marques) lhe emprestava livros. E foi a “História de uma Alma”, sobre a vida de Santa Teresinha do Menino Jesus, que começou a despertar nela o desejo de seguir a vida religiosa consagrada. “Decidi ser Irmãzinha. Tinha apenas 13 anos. Para mim, ser Irmãzinha era, sem sombra de dúvida, ser Criadita dos Pobres” – conta – apesar de uma sua irmã mais velha, Trindade, ter entrado para as Doroteias, onde ainda hoje está, tinha Lucinda 14 anos. Por volta de 1947 entra, finalmente, para a Congregação que tanto queria e onde, muitos anos mais tarde, foi Superiora Geral durante quase duas décadas. A criação da “Cozinha Económica”, em Coimbra, a ela se deve também, em grande parte. Hoje as “Criaditas dos Pobres” permanecem em Coimbra e Aveiro, mas chegaram a ter Casas em Portalegre, Coja, Porto, e até no Brasil. Esta congregação nasceu em Coimbra, em 1924, pela mão de Maria Carolina, vicentina, filha de um prestigiado professor catedrático.
Alguém as apelidou de “Teresas de Calcutá”, dado que diariamente calcorreavam as calçadas da cidade levando um pouco de esperança a quem vivia na miséria.
“Nós nascemos para servir. Para servir os pobres”– disse a Irmã Lucinda em entrevista ao “Correio de Coimbra”(2006). “A pobreza hoje grita mais que antigamente. Pode parecer que não, mas temos mais pobreza. Pobrezas novas que eram desconhecidas até há bem pouco tempo” – sublinhou.
O trabalho das “Criaditas” foi reconhecido pela Câmara Municipal de Coimbra, que atribuiu à Congregação a Medalha de Mérito do Município.
Lucinda Figueiredo de Almeida faleceu em Coimbra no dia 14 de Fevereiro de 2014, dois dias depois de ter completado 83 anos. Nesta cidade, no cemitério da Conchada, repousam os seus restos mortais. Na homilia da missa de corpo presente, o Bispo Emérito de Portalegre e Castelo Branco, D. Augusto César, salientou o seu trabalho humilde e sempre dedicado aos mais pobres dos pobres.
David Gonçalves de Almeida
[…] ILUSTRES [DES]CONHECIDOS – Lucinda Figueiredo de Almeida (1931-2007) Penacova Actual […]
[…] ILUSTRES [DES]CONHECIDOS – Lucinda Figueiredo de Almeida (1931-2014) Penacova Actual […]
Parabéns pelo excelente trabalho.
Para quem, como eu, se interessa por Toponímia, encontro muita informação útil para ir continuando o meu “trabalho”. Espero que não se importe.
Cumprimentos
Manuel Lopes