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Neste percurso cinzento que o período pandémico nos impôs, temos ouvido e lido vezes de mais a palavra “LAR”!

Todos sabemos que este substantivo masculino tem, hoje, uma definição adoptada -se calhar incorrectamente- que faz a sua conexão com o lugar onde residem os nossos idosos.

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Todavia

Lar é, efectivamente, ainda, um modo particular de se definir a nossa casa, os assuntos com ela relacionados e bem assim a sua envolvente com a nossa vizinhança.

“Lar doce lar” é uma expressão que já todos nós dissemos vezes sem conta, conotada, naturalmente, com um sentimento carinhoso e de boas recordações.

O termo está relacionado com o local da casa onde se situava a lareira, fonte de união familiar por excelência -que ainda vai sendo- e de confecção das refeições colectivas.

Na mitologia romana e etrusca, “lar” (lares) dava nome aos deuses protetores da família … e, sendo divindades da religião, o seu culto desempenhava um papel importante, por representarem “a proteção e a continuidade…”!

A história dos lares (na tal acepção de “residência” dos idosos) é uma história mal contada que envolve a subsistência de um negócio legítimo, por um lado, a tendência caritativa para tudo o que diz respeito aos mais desfavorecidos, por outro, a associação voluntária do tipo cooperativo e, também, o exercício criminoso da proliferação de “armazéns” sem condições mínimas, onde se vão depositando pessoas.

Um parênteses, aqui, só para lembrar que se encontram “depositados em lares” -é já morreram muitos, entretanto- pessoas que deram a sua inteligência e a sua dedicação à criação (ou tentativa disso) de um País que pretendiam moderno, solidários e atento!

É difícil neste nosso Portugal dito avançado alguém não conhecer uma situação terrível do modo como funciona esta realidade, na sua generalidade, onde existem exceções, como é óbvio e nessas exceções eu não ouso tocar, antes aplaudir, até porque conheço algumas.

E, se é difícil, a pergunta que fazemos é: como é que as nossas Autoridades deixaram chegar os nossos maiores a esta desgraçada miséria?

Sim, porque é de miséria verdadeira que estamos a falar!

Vejamos:

– os lares têm que ter alvará para poderem abrir ao público e, supostamente, para manterem a porta aberta, ou não?

– os lares, para obterem essa possibilidade de funcionamento, não têm que manter um Director Técnico e um Corpo Clinico e de Enfermagem e de Técnicos habilitados?

– os lares não têm que ter -e manter- instalações adequadas, que é como quem diz higiénica e estruturalmente aptas em todos os momentos?

– os lares não têm que provar a manutenção de orçamentos equilibrados e contas certas?

– os lares não têm que ser tutelados pelo Ministério da Segurança Social e pelo Ministério da Saúde e por não se sabe bem quantas Direções Gerais, Serviços, Departamentos e Seções?

Parece que sim senhor!

Então se assim é o quadro legal e financeiro deste negócio, como é que é possível deixar o descalabro chegar lá tão arrepiantemente e permitir-se a constatação de que -salvo as tais exceções que são raras- estamos na presença de “corredores da morte” devidamente autorizados ou dolosamente permitidos?

Se alguém disse que “na fila da morte somos todos iguais” e nós pensávamos que não, agora parece que sim.

Não se pode admitir, aqui, qualquer branqueamento ou arrependimento ou admiração!

! Urge investigação criminal, começando pelos titulares dos cargos de topo destas inoperantes tutelas, pelo menos dos últimos 10 anos, porque não se chegou a este estado de coisas por causa de um Covid qualquer!

Luís Pais Amante

Luís Pais Amante é  Licenciado em Direito. Pós-graduado, Advogado e Gestor, diplomado, entre outros, pelo MCE (Mannagement Center Europe), em Bruges

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