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Um dia destes estive um bom bocado a conversar com um Jovem, filho de um Amigo meu de infância.

Passámos em revista temas da nossa terra onde continua a permanecer “a questão política” como determinante para a desunião entre as pessoas, entre as famílias, entre as associações, entre os partidos …

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Regressei aos meus tempos de adolescência (altura em que decorreram as eleições de 1969); tinha eu 15 anos, vejam lá.

Sem querer estabelecer quaisquer comparações entre esses tempos terríveis -digamos assim, pró simplificadamente – e os tempos actuais, a grande verdade é que encontrei, ainda assim, pontos de convergência na postura social reinante, o que admito seja estendido ao País, principalmente a este lado interiorizado onde tudo o que é de mau continua a  acontecer, apesar da conversa mole!

Vejamos:

– em 1969 observava-se uma época que viria a ser apelidada de “primavera marcelista” em que o poder ditatorial procurava, a todo o custo, travestir-se de democrático;

– em 1969 a sociedade tinha os apoiantes dessa farsa conjugada com a propagação do medo e os outros que ambicionavam um País diferente, tolerante e democrático, acima de tudo com a observância da valorização do “ser humano”;

– em 1969 tínhamos aquela polícia, cujo nome não quero enfatizar, que vigiava -é o termo- a vida de toda a gente, separando os “bons” dos “maus” o que era tudo enaipado pelos olheiros locais a que chamávamos “bufos” e eles sabem, hoje, que nós sabemos quem são;

– em 1969 pobre era pobre; remediado mais pró lado do rico; rico era rico e ponto final;

– em 1969 as nossas Mulheres quase não tinham direitos; lembram-se?

Ocorreram nesse ano eleições (com “e” pequeno) legislativas e os que se encontraram do lado dos direitos sociais, da mudança, da aspiração a uma distribuição mais equitativa dos benefícios eram, pura e simplesmente chamados de “comunistas”, apesar de muitos o não serem!

Os ditos do “lado dos direitos sociais” não conseguiram entender-se (mas que grande admiração; onde é que já vi isto?) e concorreram separados, embora com designações idênticas: CEUD e CDE, ficando-se por dispersar votos que não elegeram ninguém.

Valia a regra do “se não estás comigo, estás contra mim”  …

E como é que tudo isto se expressava na sociedade de então, sem me obrigarem a  citar nomes, perguntar-me-ão?

A partir da seleção das “castas” (bons e maus) fomentava-se o tal espírito “Clube versus Grémio” que constituía um modo ínvio de separação das pessoas; uns era associados dos Clubes e outros associados nos Grémios da nossa terra e das outras do nosso País profundo e pequeno.

Daí até se verificarem, localmente, divergências inultrapassáveis ia um instante, como soi dizer-se.

Ora bem,

Passado todo este tempo, que faz de mim velho demais, inexplicavelmente, constatamos que ainda pouco saímos desse tal “espírito” a que eu chamo “de matraquilho” …

As Associações -ou pelo menos algumas- anseiam pela purificação das suas castas e é vê-las a quererem estar na frente da fila dos benefícios; os Partidos fazem exactamente o mesmo, pretendendo “comer” quase tudo, sem deixar nada, chamando a si as benesses; as Famílias raras vezes estão desalinhadas, subsistindo algumas que jogam em tabuleiros diferentes, mas para disso beneficiarem … e as Pessoas tendem a entrar neste jogo perverso, sem perceberem o logro em que se estão a meter.

Temos é que interiorizar, todos, que nesta desunião oportunista – segregação classista, centralista  e indecente- não se construirá, nunca, um País evoluído, em que as oportunidades venham a ser alcançadas pelo mérito, independente da condição, o que continua a ser absolutamente inadmissível nos dias de hoje, à porta de mais uma crise histórica, que vai acentuar, ainda mais, as diferenças.

Mudemos, pois, a agulha, enquanto é tempo; o futuro não nos vai perdoar se falharmos na construção de uma Sociedade mais justa!

O chamado Interior, para evoluir e sair da cepa torta, marasmo tolerado, mais do que proclamações do tipo “Metro Coimbra/Lousã” de 10 em 10 anos, dos velhos caciques da política pobre, precisa de mulheres e homens fortes, jovens bem formados, impolutos, carismáticos por boas razões, que aglutinem pessoas à volta de projectos concretos, independentemente das cores -e até dos interesses- dos seus próprios Partidos!

!Conseguiremos?

Luís Pais Amante

 

 

 

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