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Podemos ler no “Dicionário Histórico”  de E. Pereira e G. Rodrigues (1911) que  a capela de N. S. da Guia “é um templo pequeno e pobre, com um só altar” sendo “tradição que esta capela foi a primitiva igreja paroquial da vila” mas “como era pequena e em sítio incómodo” foi construída “a actual igreja no século XVI.” Esta mesma ideia já havia sido defendida por Frei Agostinho de Santa Maria, na obra “Santuário Mariano” e é, ainda hoje, referida no site do nosso Município.

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Permanece  esta crença na mente de algumas pessoas, talvez com base nestes e noutros escritos. No entanto, a leitura de um texto de Alves Mendes, publicado em 1857, no jornal “O Conimbricense”, leva-nos a concluir que poderá não passar de mera conjectura o facto de se pensar que a referida Capela é mais antiga do que a actual Igreja Matriz.

Vejamos o que escreveu António Alves Mendes da Silva Ribeiro (1838-1904) na crónica “Umas Férias em Penacova”:

“Um penacovense ido para o Brasil foi em extremo favorecido pela fortuna e por sua morte deixou avultada quantia para, na sua pátria, ser construído um templo a S. Pedro, a quem consagrava especial devoção.

Foi esta entregue ao pároco da vila, D. João da Cunha Souto Maior, natural de Lisboa e parente em grau não muito remoto do notável D. Frei Gaspar Salazar Moscoso, a cujo cuidado estavam entregues os senhores de Palhavã e reformador dos Crúzios. Escolhido pelo sobredito Prior a alta eminência do castelo para semelhante edificação, lhe deu princípio com tão largas dimensões, que prometia aos tempos futuros um edifício monumental. Não sucedeu, porém, assim: os trabalhos afinharam e a obra não passou de quatro paredes.

Era Souto Maior duma ardentíssima caridade. Todos os seus bens foram dados aos pobres e tal era a sua afabilidade que extremosamente se tornou querido e de todos estimado: não tinha um só inimigo! Numa palavra, aquele para quem o Criador foi tão pródigo no aumento de riquezas, acabou a vida na mais lastimosa miséria, sustentado à custa de alguns penacovenses. Longo e até impróprio seria o relatar aqui da sua biografia. Basta que digamos que com admiração dele se conta – que era tal a sua caridade que chegou a dar a própria camisa!!!

Desta forma consumiu o virtuoso Prior a conta aplicada para aquela obra devota, ficando em simples começo, até que em 1783 o Dr. Tomás Patrício dos Santos [nascido na Cheira em 9 de Março de 1719]  edificou entre duas gigantescas muralhas da antiga era, a rica e elegante capela que dedicou à Senhora da Guia.”

Fazendo fé nos dados de Alves Mendes, registados num momento em que a ermida de N. Sr.ª da Guia ainda só contava cerca de 75 anos, parece ser de concluir que a actual Igreja Matriz é muito mais antiga do que aquela capela.

Sabe-se que, sendo anterior à centúria de quinhentos, a Igreja adquiriu a actual estrutura  com as obras que se fizeram na segunda metade do séc. XVI, muito antes de 1783, data da construção da Capela de Nossa Senhora da Guia.

David G. de Almeida

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