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Hoje, da Serra, descem as palavras de Valter Hugo Mãe.

Sobre Mãe já muito se disse/diz; sobre a escrita, sobre o que escreve, como escreve e até para quem escreve. O que mais me surpreendeu foi um comentário de um amigo especial que, de forma providencial, o Universo colocou no meu caminho, que numa amena cavaqueira sobre livros e seus fazedores me disse assim:” esse tipo é extraordinário, vai para um sitio fica lá uns meses e escreve como se lá tivesse vivido toda a vida.” . No seguimento dessa conversa fui ler Homens Imprudentemente Poéticos e senti isso mesmo. Para hoje quero deixar uma sugestão mais adequada aos tempos que correm, em que tanto se fala dos nossos mais velhos, a maior parte das vezes  com eufemismos, porque no fundo todos temos medo de envelhecer e entrar na categoria dos velhos, esses estorvos … Passemos então ao primeiro livro que li de Valter Hugo Mãe.

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a máquina de fazer espanhóis  (o titulo representa a minoria do texto)

Sinopse

Ao inicio achei o tom coloquial descabido, de difícil entendimento. Com o correr das linhas e a entrada no texto percebi que a conversa, digo a escrita, era para mim, apenas para mim. A partir daqui foi um misto de choro/riso. No início emocionei-me com o amor do senhor silva pela sua laura e pelos seus filhos e com o seu sofrimento ao ser despejado no feliz idade, no final ri até às lágrimas com as dores da d. glória dos linhos e do sr. pereira. Resumo feito! se me alargo conto toda a história.

Agora falando sério. O texto é magnifico, escrito de forma a que o leitor tem que estar lá, no feliz idade, sentindo o que sentem aqueles velhos perdidos da vida mas ainda não encontrados da morte, que a desejam, mas fugindo-lhe. O enredo retrata a vida, com enfoque especial na sua recta final. A personagem/narrador fala-nos do seu passado e da ausência de futuro que a morte da sua laura lhe deixou, mas fala também de descobertas absolutamente surpreendentes: a alegria só porque sim, sem ser à volta da família; a amizade, sentimento que desconhecia dado a sua exclusiva dedicação à família; o medo da morte, mesmo ansiando por ela.

De forma muito sábia somos conduzidos pelas consciências de quem viveu no fascismo, a revolta calada por medo e cobardia, o horror da censura, o terror da pide e de tudo o que se fazia para a evitar. Somos ainda confrontados com uma coisa de que não é politicamente correcto falar, a velhice. O fardo que os velhos representam para as famílias quando perdem autonomia, a forma como são tratados, o roubo da dignidade.

Se as minhas recomendações tiverem valor para alguém, este é de ler. Passar umas horas com o esteves sem metafísica, mas com cem anos, o sr. silva e o outro, o silva da europa , o sr anisio perdido de amores pela d. glória dos linhos, a mariazinha a quem são roubadas as pombas que lhe enfeitam a nuvem, o sr. pereira e o Américo sempre triste de morte embora ainda no principio da vida… é um privilégio.

Votos de boa semana com Livros!!!

 

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