A gente diz ttrruummpp
E ficamos enojados, nauseados
A palavra sai brutal da nossa garganta
Mas mais parece que sai anal como a trampa
Nos últimos tempos dizer esse palavrão
Ou ouvi-lo
É como receber um encontrão bossal
Sem estilo
A palavra não é boa
A pessoa cheira mal
O cérebro está-lhe vazio
E as ideias escorrem como se fosse beborreia
Em noite de lua cheia
Tudo seria normal
O nariz não se entupia
Se por ali não andasse uma mãozinha da Cia
Mas c’um raio
Entendamo-nos
Estamos a falar
E a olfatar
Um ser humano decadente
Um insecto inconsciente
Um machista imprudente
Que pode vir a ser presidente
E se assim for
Haja muita ou pouca dor
O tal de Trump
Deixará de ser só mal cheiroso
Pestilento e merdoso
E passará a ser um problema grande
Maior do que se ali tivéssemos um monte de merda
De grande, grande merda
… de merda
… de trumpalhada, amerdalhada!
Nota do autor
O poema que aqui vos dei foi escrito em Novembro de 2016, quando a campanha das últimas presidenciais americanas estavam ao rubro e se digladiavam dois seres de que eu não gostava particularmente: Hilary Clinton e Donald Trump.
Não gostava da primeira porque não gosto dos séquitos familiares, nem dos seus privilégios, nem dos seus tiques de superioridade pelo apelido; e não gostava do segundo porque lhe antevia capacidades ocultas para vir a fazer muito mal não só aos Estados Unidos, mas também ao mundo, como, infelizmente, veio a acontecer.
Vejo agora que a generalidade dos leitores do nosso Penacova Actual comungam comigo da ideia de que o poema inédito (que guardei para mim e para o meu círculo de amigos próximos, por o achar violento demais) é agora, afinal, demasiado brando.
Luís País Amante