O desfile das estações deste ano
… até da vida
Chegou de repente, ao nosso Outono
Fez- se a correr, a disputar, a sobreviver
Mais parecendo o galope de um cavalo branco, sem dono
Vão longe os tempos de rosas mil
… até do sorriso
Das flores que se abriram do botão
Dos calores que transpiraram o chão
Dos conterrâneos escondidos na emigração
O pinheiro não tem caruma
A cerveja não dá espuma
A sorte já não tem coisa nenhuma
O Outono é algo de especial na nossa terra
… até imemorial
Despe a riqueza que é estranha às gentes de cá da serra
Trazendo beleza daquela mesmo natural
Pura como seda, só nossa, em estado experimental
No Outono sente-se melhor o nosso ar
… até o vento
As áleas exibem cores acastanhadas deslumbrantes
As ribeiras salpicam gotas frias cintilantes
As fontes brotam águas de diamantes
O tempo já trás transtorno
A paisagem tem mais adorno
A broa começa a entrar pro forno
Outono, aqui, é o presépio do Inverno
… até do Natal
As árvores despem-se pra renovar
Os caminhos adormecem pra pensar
As pessoas, agora, escondem-se pra não infectar
É um tempo de discrição
… até de oração
O calor das casas ainda irradia do humano
O modo de vida tem jeito de Franciscano
E a natureza continua a amadurecer o ser serrano
As andorinhas estão em migração
Os Aristas não fazem ocupação
A vida bate fraca como o coração
E a Pérgola apresenta-se vestida dos nossos Veteranos
O Mirante trocou o verde pelo castanho camurça
As Ruas estão despidas de Gentes
… mas o nosso Outono vai continuar a deslumbrar
… até aos que, ainda, o não sabem enxergar!
Luís Pais Amante
Incentivado por um vídeo do meu vizinho -e amigo- Óscar Pereira Trindade.
No planeamento do filmezinho ” Outono em Penacova ” pensei no Dr. Luís Pais Amante – que bem que ficaria um poema declamado pelo próprio poeta ! – até peguei no telemóvel a fim de lhe ligar para pedir um poema , um poema de Outono, para que pudesse dar riqueza ao meu modesto filme, coisa de amador. Mas , faltou-me coragem para o incomodar e, agora reparo, que amigo não incomoda amigo, antes pelo contrário, eles podem se complementar tendo em conta um objetivo, que é deixar para as gerações vindouras vestígio do tempo presente. É desta forma que eu hoje me encanto com noticias sobre os meus ascendentes, pedaços de História, escritos por alguém há tantos anos atrás .
Um abraço para Sr. Dr. Luís Pais Amante.
Caro vizinho, Oscar
Por vezes os pensamentos cruzam-se e o foco é igual …
O meu marido e o vizinho podem, de vez em quando, estar longe em distância, mas parece que estão sempre sintonizados no amor à Vossa -também minha, já- Penacova.
… e é muito puro e belo esse sentimento de pertença!
Continuem porque Penacova cresce em divulgação e em devoção.
Ana Marques Lito Pais Amante
Obrigado, Srª Drª Ana Amante.
Na verdade, o vasto concelho de Penacova apresenta uma tão grande variedade de paisagem e , até mesmo cultural, que não tem como não gostar desta terra. Tédio ?…aqui encontra-se o remédio , não apenas nos bons ares mas também naquilo que nossos olhos veem e que enchem os nossos corações, ou seja , nos rios , nos moinhos e azenhas, nos monumentos, aldeias, etc…Vale a pena morar em Penacova…
É sempre um enorme prazer ler os seus poemas, Dr. Luis, cada palavra conta uma história, transpira um sentimento, um clamor! pequenas gotas de amor que enriquecem o dia de qualquer leitor. Um grande beijinho amigo