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Três anos após o fogo de outubro de 2017, que devastou grande parte das zonas florestais e agrícolas da região Centro, a colheita do medronho em Penacova, a decorrer por estes dias, revela que esta espécie arbustiva mediterrânica é das que melhor resiste e recupera dos incêndios. Quem o diz é Carlos Fonseca, biólogo e docente universitário.

António Rosado – Diário As Beiras

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O responsável quis levar para o terreno o seu conhecimento nesta área, apostando há cerca de seis anos numa exploração florestal de medronheiros em diversas parcelas da serra, num total de 20 hectares distribuídos pelas freguesias do alto concelho de Penacova. Metade desta área tem plantações ordenadas e a outra medronhais espontâneos, devidamente conduzidos em terrenos limpos.

Plantas renascem do fogo

O fogo de 2017 dizimou todo o coberto vegetal deste território, mas os medronheiros voltaram a “rebentar desde a base do tronco ou da raiz, o que contribui para a proteção e reabilitação do solo”.

Constituindo uma estrutura de gestão com a marca Terras de Mondalva (entre os rios Alva e Mondego) foi possível fazer aumentar a produção, entre 2017 e 2020, de 100 para 600 quilos de medronho, com destino à fabricação de aguardente de medronho e ao mercado de frutos frescos, mas com também com aplicações na cosmética, medicina e nutrição, neste último caso a ser alvo de uma investigação em parceria com a Universidade de Aveiro e a Escola Superior Agrária de Coimbra (IPC).

O trabalho realizado permitiu, entretanto, que esta exploração silvícola tenha obtido a primeira certificação oficial (FSC e PEFC) de um medronhal no mundo, com base em três pilares: “sustentabilidade ambiental, económica e social, neste caso pela envolvência da comunidade local”.

Aliás, Carlos Fonseca defende o estabelecimento de diferentes parcerias, bem como a disseminação deste espécie silvícola na floresta portuguesa, atendendo à capacidade de coexistir com o sobreiro, o castanheiro, o pinheiro ou o eucalipto, numa perspetiva de “múltiplo uso da floresta”.

Medronhal permite descontinuidade florestal

Assim sendo, o medronho funciona como complemento de rentabilidade para os proprietários e, ao mesmo tempo, “como autênticos mosaicos de fragmentação de manchas florestais contínuas, contribuindo por si só para a descontinuidade florestal”, explica o biólogo. Carlos Fonseca foi mais longe e alargou a sua aposta ao turismo rural, com uma unidade na praia fluvial do Vimieiro (São Pedro de Alva), onde os turistas são convidados a participar na apanha do medronho.

 

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