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Durante esta semana tive a oportunidade de participar numa prova vertical de vinhos Monte da Penha, num total de 12 colheitas diferentes, todos tintos. O mais antigo remontava à colheita de 1999 e o mais recente à de 2013. Estes vinhos são produzidos em Portalegre, junto à Serra de São Mamede e são vizinhos da Tapada do Chaves, outra casa de renome no que toca aos vinhos alentejanos. A designação “Reserva” estava presente na maioria das garrafas e apenas uma era “Grande Reserva”. A prova foi realizada no Mr.Santos Wine Bar, casa que pertence ao carismático Sr. Santos, detentor da garrafeira de Campo de Ourique e de um espólio vínico de fazer inveja.

Decidimos começar pela colheita mais antiga, e logo este casou um impacto inicial desagradável, dada a acidez volátil evidente. Aconselhados também pelo Sommelier da casa, João Chambel, decidimos servir o vinho em copos mais abertos, para mais tarde voltarmos a ele. De referir estes copos, uns elegantes Riedel Performance Pinot Noir, onde este vinho mais delicado se pôde mostrar em todo o seu esplendor. De seguida destaco o vinho da colheita de 2001 que se mostrou com um bouquet muito interessante, complexo e delicado, a fazer lembrar os grandes vinhos franceses de bordéus.

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De toda a prova o que se mostrou em melhor forma foi o de 2004. Igualmente fresco e complexo como os demais, mas aqui de facto com uma pujança incrível para um vinho com 16 anos. Com os taninos bem firmes e definidos, uma madeira bem trabalhada e uma intensidade incrível. De resto, todos os vinhos se mostraram muito bem feitos e com senso de lugar. O único que ficou aquém, foi o da famosa colheita de 2011. Um bom vinho, com nuances agradáveis de fruta preta, mas pouco fresco e demasiado opulento, a fugir à linha, daí a desilusão dos provadores. Tenho também a ousadia de referir que a partir da colheita de 2005, inclusivé, se sentiu os efeitos do aquecimento global, onde os vinhos passam a ter consistentemente 14% de álcool.

Todos os vinhos se mostraram complexos e com intensidade, onde sobressaiu o terroir de Portalegre, que aportando frescura aos seus vinhos faz com que estes sejam, dentro dos vinhos alentejanos, mais equilibrados e com uma ótima apetência gastronómica.

É muito interessante neste tipo de prova poder analisar como os diferentes anos influenciam o produto final e o trabalho do produtor/enólogo para manter o seu perfil e carácter. No caso dos vinhos Monte da Penha, através da mistura de Trincadeira, Aragonez, Alicante Bouschet e Moreto, que, salvo o erro, é transversal a todas as colheitas, sou transportado para uma ideia de conforto, em que os aromas de caruma e floresta encaixam muito bem nesta época de Outono/Inverno e onde os pratos de caça e assados no forno são parceiros ideias. Uma ótima opção para o Natal!

Ricardo Ferreira é um jovem escanção natural de Penacova, sendo atualmente responsável pela carta de vinhos do Rossio Gastrobar do Altis Avenida.

 

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