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Hoje da Serra, apesar do tempo frio, sairão palavras de locais quentes, mais propriamente da Colômbia. Proponho para esta semana, ainda morna de tempos de trabalho, uma leitura quente saída da pena de Gabriel Garcia Marquez. Até me envergonho de tentar falar deste monstro, porque por certo tudo o que possa dizer será pouco, senão miserável. Em 1982 foi galardoado com o Nobel pela sua obra. São muitos os títulos sonantes deixados por este gigante, que saiu deste mundo em 2014. Hoje escolho um dos menos sonantes “A Hora Má: O Veneno Da Madrugada”. Gabriel é o expoente máximo da corrente literária designada por realismo mágico. As suas personagens são de uma realidade crua, por vezes dolorosa, contudo também têm o seu quê de etéreo, de translucido. A realidade relatada nas suas obras mistura-se com o sobrenatural de forma tão harmoniosa que o leitor nem percebe por onde andou a sua mente. Em cada um de nós a viagem (literária !!!) em que embarcamos assume contornos de um real absoluto. A escrita é tão integrante que fazemos parte do todo da obra sendo provável a saída de um esconjuro ou de uma praga poderosa das nossas bocas, ou mentes…

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Gabriel Garcia Marquez

Creditos: Getty Images/Ulf Andersen

 

A Hora Má: O Veneno Da Madrugada

 

Sinopse

Como de costume Garcia Marquez conduz-nos pelo caldo morno das emoções colombianas, que são afinal as da humanidade. As descrições do clima, do ambiente, são de tal forma densas que o leitor não tem outra hipótese a não ser mergulhar de cabeça na realidade que lhe é descrita. Neste romance os personagens de outras paragens acabam por ser lembrados, de alguma forma existe uma transversalidade entre os seus romances que faz com que a presença de uma Aureliano seja sempre normal. Elementos presentes, nesta e noutras obras, são a corrupção, a cobardia, a coragem, a indolência, a tenacidade.

Uma bela madrugada César Montero vai sair de casa para mais uma das suas caçadas e descobre um papelito pregado na sua porta, retira-o, lê-o, sai da aldeia, regressa e vai a casa do Pastor, músico talentoso e muito cobiçado pela comunidade feminina, e abate-o como se de um frango se tratasse. A partir deste momento a história progride, os pasquins passam a ser uma constante. Nenhum diz nada que não seja do conhecimento geral mas toda a gente tem medo deles, tanto medo que as forças policiais são chamadas a intervir e até o padre, homem velho e dedicado como ninguém ao serviço do Senhor, se sente na obrigação de tentar travar o descalabro social, que ameaça reinstalar a podridão que tanto lhe custou a eliminar.

Boa semana com livros!!

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