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Caros leitores do Penacova Actual

Tenho estado por aqui recatado, engolindo em seco, poetando;… até disse para mim próprio porque raio te estás tu a chatear com os problemas dos outros, quando tens uma vida pessoal, familiar, profissional e de escritor que só te trazem bem estar e realização?

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Pois é!

Mas o facto de ter escrito, aqui, uns artigozinhos em que fui antecipando o descalabro que nos iria  cair em cima, alguns com reações digamos que inapropriadas -que nós os democratas com história e passado temos que admitir- faz com que não fique bem comigo mesmo se ainda não Vos falar da TAP.

Aquando do 25 d’Abril esta empresa já levantava muitos problemas financeiros que eram sacudidos para debaixo do tapete; vinha na linha das empresas do estado que serviam sectores pequenos da sociedade portuguesa; in casu o sector militar, dando apoio a uma guerra sem história, qual fosse a guerra colonial, transportando os nossos militares.

E também os nossos compatriotas que viviam nos agora Palop’s e, ainda, os emigrantes (poucos) que iam tendo dinheiro para ali voar e os muito menos expressivos que iam de férias para o estrangeiro ou mesmo para ali desenvolver negócios.

A TAP tinha Serviços directos ligados às necessidades da aviação civil (gestão aeroportuária, manutenção, cattering, saúde ocupacional) etc, etc.

… e tinha poucos aviões!

A partir de certo momento começou a desmantelar-se a TAP, por três ordens de razões:

– diluir o peso da pressão sindical que se fazia sentir na denominada cintura industrial de Lisboa;

– fazer dinheiro com as privatizações para tapar os nossos buracos (déficits) sucessivos;

– ir adaptando a empresa às regras europeias que, no dizer dos políticos, combatia as leis da concorrência.

Ou seja,

A história da TAP -e do seu êxito ou inêxito- está intimamente ligada à moeda de troca que se nos colocou com a Adesão à CEE, adesão essa negociada por políticos criados depois do 25 d’Abril, quantas vezes absolutamente impreparados, alguns (muitos) meus amigos de todos os quadrantes.

Eu tenho para mim que não devemos continuar a olhar para uma data histórica que eu ajudei a construir, sem se ter a coragem de perceber que, ainda hoje, os nossos problemas cíclicos são de déficit de competências.

 Vocês terão o nosso apoio, mas devem, num espaço x, abrir a Vossa economia aos nossos interesses de expansão, diziam-nos do lado de lá.

E Nós, devidamente representados, lá íamos dizendo: está bem, mas vão mandando o dinheiro que isto tem que ser devagarinho para a malta não perceber…

No entretanto, se bem nos recordamos, apareceu na TAP um salvador: inteligente, competente e experiente, de seu nome Fernando Pinto, que nos trouxe a ilusão de que a TAP poderia passar a uma grande companhia de aviação, esquecendo-se de prever que quanto mais crescesse mais déficit produziria…

… e os aviões cresceram!

A TAP é um exemplo acabado do que têm sido, infelizmente, outros muitos exemplos:

– quando é preciso o nosso bolso (o dos contribuintes líquidos para tudo o que é palermice ou experimentação) paga tudo através das famigeradas injeções de capital, ajudas ao desenvolvimento, subsídios mais ou menos por debaixo da mesa, etc, etc;

quando a coisa fica mais ou menos, lá vai a empresa para outras mãos, limpinha, com o prejuízo directamente colocado no orçamento do Estado;

E esta situação, por muito que custe a todos os políticos deste País -todos- vai-se repetindo, repetindo, porque, de facto, todos eles -todos- sabem que este é um ciclo que se manterá até ao momento longínquo em que consigamos, com esforço, trabalho, poupança -e sem demagogia- criar riqueza em quantidade superior à que o faz a nossa máquina imparável de criar pobreza!

Deixando a TAP d’outrora, falemos, então, sobre a TAP d’agora:

  1. Foi privatizada aquando e por causa do Acordo com a Troika de que já nenhum político quer falar; estava lá preto no branco…;
  2. Foi adquirida por um consórcio muito problemático que devia ter sido escrutinado antes e não o foi;
  3. Concebeu um Plano de Negócio megalómano com ajudas que ainda não conseguimos perceber bem;
  4. Passou a voar para o mundo inteiro; criou imensos postos de trabalho e muitas empresas que dela dependem sem mais alternativas;
  5. Transformou-se num monstro ingovernável…que vai superar tudo em desgraça e miséria.

A “geringonça” resgatou a TAP, parcialmente, aos privados que a tinham adquirido, mas não lhes retirou a capacidade de gestão, ingenuamente, sem perceber que isto de ser dono de uma coisa qualquer que está na mão dos outros só pode dar maus resultados.

… e estes compraram, compraram, mais aviões; uma coleção invejável de aviões parados hoje no “museu da Portela”!

O resgate teve que ser ainda mais doloroso e vai de se decidir pagar mais uma tramóia para se ficar sem o tramoiante.

Mas ele era o interesse nacional, a necessidade de andarmos com o nome no ar, de não termos uma Tapezinha o que motivava esta gente para nos obrigar a pagar mais uma factura de que ninguém sabe o preço, nem o impacto no Orçamento, nem nada!

À figura de esperto acima referida, que saiu, seguiu-se a entrada de outros 2 (David Neeleman e Humberto Pedrosa).

Na história triste, cujos episódios estão a ser atrapalhados na AR, a esta hora em que escrevo, juntam-se, inexoravelmente, como actores, mais 2 indivíduos:

– um experimentalista que não percebe nada de empresas, mas parece perceber de levar a água ao seu moinho (Pedro Nuno Santos);

– um experiente que sabe mais a dormir do que nós todos juntos acordados, que já está intocável no seu pedestal doirado e negará ter engendrado a coisa (Mário Centeno).

Os restantes -que também os há muitos- estarão sempre em negação, embora nem saibam bem como tudo irá acabar, porque vão ter que dizer aos Trabalhadores que os enganaram.

E a TAP deixará um horror de desilusões, como empresa consumidora dos incalculáveis milhões que não temos…quiçá o buraco maior da democracia.

… assim eu não esteja enganado!

Luís Pais Amante

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4 COMENTÁRIOS

  1. Não tenda a capacidade de escrita que o meu amigo Luís tem gostava no entanto de deixar mais uns pequenos comentários,.

    A perspectiva de crescimento do sector do Turismo ,o Forte incremento da actividade, e o facto de Portugal estar na Moda por mérito de Empreendedores Privados, Empresas e particulares, provocou a cegueira de Todos os nossos governantes e a motivação estratégica da grande Geringonça. Como?
    IMPOSTOS E IMPOSTOS
    O Grande Mário Centeno encontrou forma de incrementar as Receitas do orçamento lançando Taxas e incrementando impostos que só considerando o aumento da actividade turística, permitiu financiar o brutal aumento dos custos fixos da estrutura do Estado e de toda a maquina Publica.

    A TAP com o apelativo de se dizer” Empresa de Bandeira ” não podia continuar em mãos privadas tinha que ser Publica Porquê ? Razões que eficiência ? razões de mais competência na Gestão ? de melhor conhecimento do sector ? Não e Não e Não.

    A razão é que este governo que não tem o mínimo de respeito pelos contribuintes que pagam e pagam, actualmente, e continuaram a pagar no futuro ( dívida pública 140% do PIB ) decidiu passar a empresa a Publica porquê? Porque SIM.

    O que mudou? o Mercado do Turismo, que caiu e a confiança no mesmo que vai demorar a recuperar.
    Ou seja, o mercado está em Alta os privados tem o controlo está em queda os contribuintes são chamados.
    Se o Novo Banco foi e é um Problema ,a TAP ou muito me engano ou vai ser muito pior; pois o ruido da imagem do País pelas greves que se perspectivam e os custos com o financiamento da empresa ainda no inicio vão por o o povo a Dizer ” Afinal o Tio Ricardo era um Santo “

  2. Na verdade uma má gestão inqualificável que afecta um sector fundamental da nossa economia e como a TAP hão-de começar a aparecer outras… até mete medo

  3. Não posso deixar de dizer que, de facto, vejo a TAP como uma “companhia de bandeira”. A nossa. Que deveria assegurar, essencialmente, linhas para as regiões autónomas, para os PALOP´s, para o Brasil e para os principais destinos europeus e/ou outros países onde a diáspora portuguesa fosse expressiva, bem como outras missões ocasionais de interesse nacional.

    A frota até não precisaria de ser muito grande, mas deveria ser proporcionado ao público: pontualidade, boa manutenção das aeronaves e bom serviço de bordo com boas tripulações.

    Uma empresa média, suficientemente sólida mas sem grandes aspirações de dimensão, até porque “small is beautifull”

    Mas tudo nela tem sido atribulado e atrapalhado. Com culpas e disparates de todos, infelizmente. Regularmente “reestruturada” e mais regularmente ainda “recapitalizada”, ou “injectada”, com dinheiros públicos em valores significativos, parece um doente nos cuidados intensivos que mal reage aos diferentes tratamentos que os médicos lhe lhe aplicam enquanto tentam descortinar a maleita de que ele padece.

    Como já foi aqui salientado, a privatização de há uns anos, para alguém que dificilmente escondia o seu perfil de “corsário empresarial”, e a tentativa de tudo reverter e afastar essa pessoa “a todo o custo”, vai ter – está a ter e terá! – muitos custos para os dinheiros públicos. Claro que, entretanto, a tal pessoa lá conseguiu abichar uma simpática soma de euritos, e foi à vida…

    Entretanto, com a companhia em plena espiral de custos devido à modernização e ampliação da frota – que o boom turístico assim o exigia, porque Portugal estava na moda… – como uma desgraça nunca vem só, apareceu também o danado do bichinho que a todos e a tudo parou, nomeadamente os transportes aéreos de passageiros.

    Se a isto juntarmos as regras da concorrência da UE. designadamente as referentes aos apoios estatais ás companhias aéreas, temos a chamada “tempestade perfeita”…

    O actual plano de reestruturação, ao reduzir frota, parece ir no bom sentido. Muitos milhões se pouparão, certamente. E cá para mim, talvez não fosse má ideia descartar os aviões mais obsoletos e desgastados, que são naturalmente mais dados a avarias, com os consequentes tempos de imobilização cujos custos também são significativos.

    Por outro lado, ter em linha de conta que o reactivar de actividade talvez não vá poder contar com níveis de utilização tão intensos como até aqui. A nível internacional, começa a haver uma tendência no sentido das pessoas repensarem os seus percursos e a periodicidade com que se deslocam, porque isso da “pegada ecológica” associada ao turismo de massas, intensivo, saltou para os meios de comunicação e já dá que pensar.

    A TAP precisa de se repensar e de ser repensada, porventura em bases diferentes.

    Mas, e os trabalhadores excedentários? Quais os custos financeiros e sociais?

    Pois é… não vai ser fácil, não.

    E já agora, a propósito do transporte das vacinas do Covid. Há dias, dizia-sne a imprensa que a TAP se “ofereceu” para preparar dois aviões para o transporte das vacinas, que requer condições especiais. “Ofereceu-se”?!

    Só por curiosidade, porque é que o Governo, que está a caucionar a sobrevivência da companhia, desde logo não a requisitou para essa tarefa, prioritária?

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