Quantos de nós já ouvimos aquela estória em que alguém está a falar de um assunto com outra pessoa e no momento seguinte,ao navegar na internet ou nas redes sociais, encontra anúncios relacionados com a conversa que acabou de ter? Estaremos nós sob escuta?
De certa forma, sim. Mas é mais profundo do que isso.
Na verdade, quase tudo o que fazemos que implique mexer num ecrã é monitorizado. A este ponto, isto não é novidade para muita gente, mas é um tema que merece a nossa reflexão.
A hora a que acordamos, as notícias que lemos enquanto tomamos o pequeno-almoço, quanto tempo demoramos e até onde vamos na nossa corrida matinal, o que compramos, quem vemos e o que pesquisamos. Tudo isto é gravado diária e continuamente, transformado em informação, processado, analisado e vendido aos pacotes, como se de uma mercadoria se tratasse. É difícil olhar para estre fenómeno, em toda a sua complexidade, e interpretá-lo como a realidade que é e não como uma qualquer distopia distante.
Como é que chegámos até aqui? Através da publicidade. As companhias que providenciam estes serviços – com a Google e o Facebook à cabeça – obtêm dividendos através do marketing digital. Os anunciantes pagam pela atenção do utilizador, que é medida através de clicks. Este modelo de negócios utiliza a informação recolhida sobre os utilizadores para fazer previsões sobre o seu comportamento, com o objectivo de providenciar conteúdos relevantes no momento certo. A isto não é alheia a natureza gratuita da maior parte dos serviços da internet, a que já nos habituámos. É por isso que ao pesquisar por carros no “Marketplace” do Facebook, a maior parte dos anúncios que vai ver nos dias seguintes serão sobre carros.
Isto leva a uma questão que é tão pertinente quanto perigosa: se somos nós que criamos a informação que leva a que empresas como o Facebook a obter lucros inimagináveis, porque é que não estamos a ser pagos por isso?
As ramificações desta questão são demasiado extensas para fazer parte deste artigo e ficam prometidas para um próximo. Mas, por agora, seria importante lançar o debate: devemos exigir aos gigantes tecnológicos uma fatia do bolo? Ou será a privacidade um direito ao qual não devemos colocar um preço?
Rui Sancho
Eu utilizo um browser que não é e jamais poderá vir a ser o Chrome.Não permito “cookies”.E mesmo para os ocultos utilizo app que os descobre e elimina ao fechar sessão.Utilizo VPN e o DNS é o da Cloudfare.Utilizo Do not Track me e etc.Duck duck go e etc.E claro;Tor browser sem descurar a VPN.Etc.