As obras de requalificação começaram em Fevereiro de 2019, com conclusão prevista para Janeiro de 2020. Com atrasos sucessivos e ainda sem fim à vista, o IP3 continua a ser uma via onde é muito perigoso circular, sobretudo de noite.

As obras no IP3 ainda não têm fim à vista. De acordo com o plano da empreita da requalificação do troco do IP3, com cerca de 16 quilómetros de extensão, entre o nó de Penacova e o nó do Lagoa Azul, junto ponte da Foz do Dão, teve em Fevereiro de 2019 e tinha um prazo de execução inicial de 330 dias. Obviamente, verificam-se aqui os atrasos decorrentes das intempéries do último Inverno, ainda antes do início da pandemia. Posteriormente, as datas apontadas para o término das obras foi o final do ano, mais precisamente no final do mês de Novembro. Já Dezembro vai adiantado e as obras «não tem fim à vista».
Álvaro Miranda, porta-voz da Associação de Utentes e Sobreviventes do IP3, referiu nos primeiros dias de Dezembro e, em jeito de balanco, que, pelo que se vê, «ainda há muito trabalho pata fazer e que seguramente se estenderá por mais alguns meses». Falta terminar a intervenção junto ao Bar 21, além de faltar também concluir as obras do nó de Oliveira do Mondego e do nó de Cunhedo, que de acordo com fonte das Infraestruturas de Portugal «o projecto dos Nós em causa prevê o seu desnivelamento, deixando de haver cruzamentos de nível».

Mas até à concretização da obra, em termos práticos, quer isto dizer que continua o suplício para quem tem de percorrer o IP3. Numa viagem tranquila, a realizar de dia, sem contratempos de maior, o que se verifica poderá resumir-se «a marcha lenta, em determinados troços», mas que exige atenção constante, pois a sinalização nem sempre é explícita. Mas de noite, a tranquilidade perde-se e é preciso redobrar a atenção, pois o perigo espreita nos pontos mais inusitados. E, se à escuridão da noite, se juntar a chuva, não é só o perigo que espreita, pois circular na maior parte do troço é um verdadeiro suplicio para evitar esbarrar nas muitas ratoeiras do traçado. É a falta de visibilidade dos separadores centrais, alguns dos quais ainda se apresentam envelhecidos e sujos, de uma cor acinzentada escura que, para os mais incautos, pode mesmo ser confundida com o piso, aumentando a possibilidade de provocar acidentes, a parca ou inexistente iluminação e a inexistência de bermas. Em caso de avaria, toda a via fica interrompida. De resto, o 1P3 continua a apresentar os mesmos defeitos de sempre. Ressaltos no piso, barreiras sem protecção, locais com uma só faixa, separadores desalinhados que dificultam a visibilidade, além da demora inerente aos trabalhos. A propósito, Álvaro Miranda refere que no troço em obras, isto é, na zona abrangida pela empreitada de Reabilitação do 1P3 — Nó de Penacova (km 59) e Ponte da Foz do Dão (km 75,16), com a construção do separador central e marcação rodoviária entre os quilómetros 62,400 e 63 (fim da ponte da Livraria do Mondego que, aliás obrigou a novos condicionamentos, muito recentemente, «as condições de circulação melhoraram muito, sobretudo devido à sinalização reflectora, mas a partir da Lagoa Azul até Viseu, os problemas mantém-se e os acidentes sucedem-se». Álvaro Miranda, que lamenta que, desde início da pandemia, só tenha conseguido ter duas reuniões com as infraestruturas de Portugal, refere que a Associação de Utentes e Sobreviventes do IP3 vai continuar «as suas reivindicações no sentido de melhorar as condições de segurança de todos os utilizadores do IP3, nomeadamente coma colocação de separadores, mesmo que provisórios, no troço de Almaça até Viseu. Uma situação que se agrava mais ainda mais, com a conjugação de diversos factores. «Aos bancos de nevoeiro, juntam-se a sinalização completamente desadequada e as marcações inexistentes porque chegaram ao fim do seu tempo de vida útil, criando autênticas ratoeiras para as automobilistas». Para o representante da Associação, «tudo isto representa uma negligência total por parte das autoridades». Não se pode admitir que, numa via que é uma das principais do país e onde já morreram mais de 200 pessoas, desde que foi construída, continue neste impasse sem fim à vista».
Final das obras apontado para o 1º trimestre de 2021
PRIMEIRA FASE – As obras no IP3, no âmbito da empreitada e requalificação do troço com cerca de 16 km, entre o nó de Penacova e o nó da Lagoa Azul, tiveram início em Fevereiro de 2019 e tinham um prazo de execução de 330 dias. De acordo com fonte das Infraestruturas de Portugal «o atraso deve-se, fundamentalmente, à necessidade de executar mais trabalhos do que inicialmente previstos no Talude de Escavação que deslizou parcialmente em Dezembro de 2019. A necessidade de execução destes trabalhos apenas foi possível apurar com o avançar da obra, tendo sido identificadas novas zonas com sinais de instabilidade e que obrigaram ao reforço das soluções preconizadas. Nesta data estima-se que a conclusão integral da obra ocorra no 1º trimestre de 2021». De resto, a mesma fonte refere que «grande parte da empreitada está já concluída, mantendo-se, no entanto, os condicionamentos à velocidade de circulação por razões de segurança rodoviária, decorrente do facto de se estar na presença de uma empreitada ainda em cursa A empreitada em curso contempla a implementação de separador rígido, ao eixo, em toda a sua extensão, bem como uma nova estrutura de pavimento, também em toda a sua extensão. Relativamente à sinalização a intervenção em curso prevê a integral marcação horizontal e a completa rectificação da sinalização vertical incluindo a introdução de novos pórticos nos Nós. A intervenção incluiu, ainda, órgãos de drenagem no separador central de forma a permitir um melhor escoamento das águas no pavimento». Refira-se ainda que a intervenção no IP3 contempla ainda a Duplicação e Requalificação do troço do Nó da Lagoa Azul ao Nó de Viseu, naquela que será a segunda fase da obra e que só deverá estar concluída em 2022.
Sobreviventes e utentes do IP3 mantêm luta
Apesar do «bom» mas atrasado andamento das obras, Álvaro Miranda, da Associação de Utentes de Sobreviventes do IP3, lamenta que, nesta primeira fase de intervenção no 1P3 não tenha sido contemplada a resolução de outros problemas, associados ao 1P3. Álvaro Miranda lamenta que o projecto não tenha incluído o acesso a terrenos agrícolas que se situam junto ao 1P3, nomeadamente entre Oliveira do Mondego e Cunhedo, onde o 1P3 «não é resguardado» e onde a população ainda não tem percurso alternativo, senão passar no 1P3 com os tractores agrícolas. Por outro lado, «vamos continuar a assistir a condicionamentos quando existem funerais. Sempre que há um funeral, a GNR tem de ir a Oliveira do Mondego cortar o trânsito no 1P3 para que se possa ser feito o percurso com segurança», acrescentou ainda Álvaro Miranda.
Rosette Marques – Diário de Coimbra