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Caminhamos a passos rápidos para mais uma jornada eleitoral: neste caso para elegermos o Presidente da República.

Não lhes chamo eleições democráticas por que, para o serem, teriam mesmo que promover condições para que todos pudessem exercer o direito de votar.

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E, ainda que assim fosse, teríamos, em consciência, que perguntar ao Povo, se tem mesmo vontade de votar.

Eu acho que não existe mesmo vontade de votar numa franja muito grande da nossa população e que o nosso Povo, quando não vota nas urnas vota na crença de distribuir, por essa via, cartões vermelhos aos nossos políticos, ou seja, àquelas mulheres e homens que tudo têm feito para denegrir o nosso Estado, para minar a relação de confiança que o voto pressupõe.

Se bem analisarmos o que se passa no nosso País, a conclusão é a de que vão muito longe já  os tempos da euforia da participação na construção de um Portugal livre, criador de oportunidades, propiciador de igualdades…

… e se o Povo é o mesmo, com as necessárias adaptações da estrutura resultante do avanço das idades, por um lado e da chegada da juventude, por outro, o que mudou, mesmo, foi a degradação conjuntural da política …

Podem dizer (os mais iluminados, até os mais habituados à introdução de expedientes na discussão) que eu estou a analisar mal, que não sei analisar, que não tenho habilitação para analisar, que estou focado em dizer mal disto e daquilo, mas a verdade é que só o cansaço puro e duro de votar em gente que não merece o voto é que explica o nosso fenómeno!

Caso contrário nós não teríamos as vergonhosas adesões que se nos têm deparado acto, após acto eleitoral.

Num clima de confinamento -e medo- em que o País está afundado, se os tais políticos quisessem mesmo que houvesse voto em condições de podermos ser chamados de democracia representativa, tinham criado condições para tanto:

– tinham introduzido, desde logo, as alterações necessárias à Constituição para integrar a situação vivida na previsão de causas de adiamento de actos eleitorais;

– tinham possibilitado a massificação do voto por correspondência;

– tinham previsto, com tempo, e sem precipitações  a possibilidade do voto antecipado;

E tinham desenvolvido a implementação do voto electrónico, que evitava a tristeza de se exigir ao votante  levar caneta de casa para votar…

Talvez fosse mais barato do que o StayCovid…

Mas não fizeram nada disso, estiveram em teletrabalho, justamente como obrigaram os serviços públicos a fazer (nuns casos com razoabilidade -e possibilidade- noutros nem por isso) contribuindo, por essa via, para um atraso de mais não sei quantos anos de recuperação.

Só um parênteses para dizer que a recuperação de quem já está na cauda, como é sabido até psicologicamente, não é mesmo nada fácil.

Quando se confirmar a taxa de abstenção aberrante que se espera, vamos ter toda a gente a dar explicações; vamos ter matéria para um mês de programas de televisão; vamos ter discussões de passa culpas na AR; vamos ter quem se tente aproveitar disso,

Mas não vamos interiorizar que o problema é mesmo muito grave e que é, assim, que se criam fenómenos que aglutinam descontentamentos diversos, ganhando força, a que os políticos, para simplificar e sacudir a água do capote, chamam de populismo.

Eu, humildemente, acho que é outra coisa: oportunismo!

E não me esqueço que, em política, quando há um oportunista é porque existem muitos mais distraídos, negligentes, vendedores da banha da cobra…maus representantes do tal Povo que não vai votar:

– porque lhe retiraram acesso à saúde, incumprindo a Constituição, muito antes do Covid, o que agora querem esquecer;

– porque não lhe criaram condições de vida digna, acompanhando o aumento da esperança de vida;

– porque se sente tratado discricionariamente quando o deixam em casa, doente e com medo e só vão receber votos nos lares, onde estão uma muito grande minoria dos mais velhos;

– porque as suas reformas (contrariamente ao que estabeleceram com o Estado ao longo das suas vidas de trabalho) vão sendo diluídas em taxas, taxinhas e impostos, que fazem ficar no mesmo Estado uma sua grande porção;

– porque as benesses estão cada vez mais concentradas nos paladinos desta democracia de fazer de conta e seus afilhados, familiares e amigos,

E sobretudo,

– porque tudo foi preparado para que estas eleições fossem um passeio para o candidato da Família Rebelo de Sousa;

– num contexto em que os restantes “candidatos ADSE” (como chamo àqueles que jurando amores ao SNS, se tratam nos Hospitais Privados, graças às convenções existentes de que beneficiam e não contestam) sabem bem que quando dizem “quando for Presidente, isto e aquilo…” só estão a aumentar a certeza de não ser preciso votar.

!Pior do que o Povo não ir votar é não se confrontar Marcelo com um candidato digno desse nome capaz de provocar a alternância!

Luís Pais Amante

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1 COMENTÁRIO

  1. Posso dizer que, na generalidade, subscrevo a análise e os seus comentários sobre o próximo acto eleitoral do Presidente da República.
    Na minha modesta opinião que, politicamente pouco ou nada vale, tudo se resumo ao último parágrafo do Luís: não haver um candidato que mereça à confiança da maioria dos portugueses.
    Um abraço

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