A mensagem que hoje queria muito deixar aos Leitores do Penacova Actual e aos Amigos, Familiares, Penacovenses e Portugueses em geral, resume-se a esta ideia simples de tudo, tudo, fazermos, nesta hora crítica, para que cada um, da melhor maneira, defenda a sua própria vida e a dos seus e a da sociedade em que está inserido.
… Suspendamos as querelas, as desconfianças, as vinganças e até os desconfortos …
… acabemos com os aproveitamentos disto e daquilo, ainda que algumas coisas possam ter corrido menos bem …
… adoptemos o princípio de “fazer bem, sem olhar a quem” …
… cumpramos as regras de isolamento, ficando mesmo em casa …
Está, agora, em causa defender a vida: a nossa e a dos outros!
Era inimaginável, quando começámos a tomar conhecimento desse bicho horrorosa chamado Covid, apreender a destruição que ele iria provocar, quer ao nível das vidas humanos, quer ao nível da afectação dos níveis da saúde individual, quer ao nível do desmantelamento dos serviços de saúde, quer ao nível económico e do emprego e da sociabilidade, e, e, e …
Todavia,
Entre a primeira, a segunda e a terceira vaga em que estamos, os casos infectados foram subindo, subindo, até que estão com caminhos suicidas vertiginosos; já não há nenhum português que não tenha conhecimento da existência de infecções no seu círculo de amizade próxima!
Daqui até todos nós termos infectados na Família vai um pulo; daqui até todos termos mortos, conhecidos ou familiares vai o tempo de um suspiro!
Se há quinze dias pugnávamos por se arranjarem soluções para se tratarem dignamente os infectados Covid, agora já nem vale a pena pugnarmos por se arranjarem soluções para se tratarem os doentes, doentes, porque todos estamos em risco efectivo (nós, os nossos filhos, os nossos pais).
Porquê:
– porque a afluência aos serviços de saúde (a todos eles) ultrapassa, em muito, as capacidades;
– porque a necessidade de acorrer à doença já obriga à tomada de decisões selectivas;
– porque nenhum país está preparado para enfrentar um tal desafogo;
– porque a solução já não está do lado da medicina, lactu senso considerada.
Temos só duas alternativas:
Ou defendemos a vida, ficando em casa e não nos habilitando a contágios ou estamos a fazer com que se criem, efectivamente, condições para o evoluir desenfreado da morte.
Pior do que isso,
Se não fecharmos a porta à pandemia, estamos a criar, voluntariamente, condições para que os nossos heróis (médicos, enfermeiros, técnicos, assistentes, etc) acabem, também eles, por sucumbir.
Aliás,
No contexto actual, já não existe quase ninguém que não esteja em síndrome de
Burnout, que é só “um distúrbio psíquico de carácter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso” segundo Herbert J. Freudenberger.
! São mulheres e homens que têm estado por detrás da porta dos estabelecimentos de saúde que têm feito tudo, mas tudo, para combater este tempo, com o seu prejuízo próprio e das suas famílias, que não merecem perder a guerra por não terem a rectaguarda protegida pelos seus concidadãos !
Pensem nisso, por favor.
Luís Pais Amante
Dramático texto, porque dramática é a situação. É tão realista que até choca, mas nunca é demais alertar toda a comunidade para a terrível situação pela qual os nossos hospitais, profissionais de saúde e muitas famílias estão a passar. Cumpramos todas as regras sanitárias, fiquemos em casa e tenho esperança que “depois desta grande Tempestade há-de vir a Bonança”!
Parabéns, querido amigo, por mais um excelente texto. Bj
Caro Dr. Luís Amante
Felicito-o pela sua preocupação com todos os outros.
O momento é de grande dificuldade e as suas preocupações e conselhos são mais do que pertinentes! São imperiosas!
Oxalá, sejam muitos a conhecê-las, a refleti-las e a operacionalizar o que de positivo encerram.
É obrigação de cada um proteger-se conscientemente e tudo fazer para defesa dos que o cercam.
Sem que todos nos convençamos que podemos ser recetores e multiplicadores pandémicos não haverá hipótese de fazer regredir este estado caótico e podermos voltar à normalidade que merecemos!
Bem haja pela sua preocupação e pela sua disponibilidade.
ASeCosta
Uma contribuição importante para aumentar
o número dos que sabem. Os que não sabem facilmente são atraídos pelos vazios apelos populistas de esquerda e de direita que estimulam a intolerância, a agressividade, a falta de solidariedade e a instabilidade social. Parabéns, Luís
pela sua competência, pela sua dedicação a esse seu sonho de um mundo melhor.
Este incisivo artigo de opinião do Luís Amante constitui um Interessante apelo ao bom senso e ao exercício duma cidadania consciente.
E também temos aqui motivo para alguma reflexão acerca das liberdades e direitos individuais que tanto se invocam agora por estarem supostamente a ser violados pelas restrições á circulação que os sucessivos estados de emergência nos têm imposto.
Quando invocamos direitos, não podemos esquecer que, à partida, eles têm obrigações correspondentes, e que eles só podem/devem ser exercidos dentro desse quadro de correlações, complexas, mas que caracterizam a vida numa sociedade organizada e pluralista.
Se o direito à vida é o valor supremo e um direito que não pode, sequer, ser posto em causa, a cujo exercício estão naturalmente conexionados o direito à saúde e o direito á liberdade, então torna-se necessário compatibilizar tudo isto com bom senso, deixando para trás rebeldias, egoísmos, individualismos e teimosias de vária ordem a que possamos estar apegados.
Seria utopia e desonestidade intelectual negar que muito daquilo que nos é imposto, no actual quadro da pandemia, nos retira das nossas habituais zonas de conforto quotidiano. Podemos até, questionarmo-nos sobre a bondade e acerto de certas medidas e de certas metodologias, nomeadamente a da comunicação. Sem dúvida!
Mas pensemos nas consequências negativas que os nossos comportamentos individuais, ainda que negligentes, podem vir a ter para a sociedade em que vivemos, caso todas as pessoas também assim agissem da mesma maneira.
E deixemo-nos de negacionismos irracionais, porque o bichinho anda mesmo por aí, conforme se comprova com a lamentável contabilidade quotidiana de novos contágios óbitos.