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Olho pra ti, hoje, Hospital de Santa Maria

Como tenho costume de fazer todos os dias pela manhã

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Moras em frente de mim e conforta-me saber-te aí

Tenho-te visto sempre direito, erecto

Baluarte da saúde que sabemos estar por perto

Costumam rir-se, em zig zag os melros que te cercam

No Estádio Universitário

Costumam passear-se as alegrias das crianças a céu aberto

E as histórias dos namorados com afecto

Que se bronzeiam com beijos sedutores

Que se amam muito para além dos simples amores

Só que alguma coisa está, hoje, cinzenta

Após o massacre das televisões que te querem deixar marcas

… Após a exibição despudorada do teu ventre …

Desço para te observar directamente

Apreço o passo para me certificar da agonia contada

Quase desespero por saber que alguma coisa está errada

Quando vou ouvindo o toque desesperado dos tinonins

Podemos, sempre, duvidar do que se diz na política sobre ti

Podemos, ainda, imaginar do que é preciso para te derrubar

Mas não podemos desacreditar nos Bombeiros que aí estão

Porque esses confiam na tua condição de mãe alerta

De braço armado da cura

De sistemático proposição do avanço da ciência

De adaptação escrupulosa à nossa crença

… de salvar vidas, ainda que se pensem perdidas …

Já cá cheguei!

Lá dentro os nossos Heróis da Pandemia correm de um lado pró outro

A Joana mais parece uma astronauta

A azáfama provocada pela nossa incoerência colectiva é bem visível

Rebentaram as costuras a montante

Não se cuidou da necessidades circundante

E todos os doentes -ou mais ou menos- lá desembocam, atabalhoadamente

A urgência transbordou pra rua

As camas têm gente semi-nua

As ambulâncias estão em fila perturbada

A medicina deixou de ter tarefa calma como precisa

E os humanos trabalhadores resistem, resistem, resistem!

Mais vinte camas na antiga copa

Mais quarenta num espaço do armazém

Mais trinta num lugar até agora  de ninguém

Duplicou a lotação

Diminuiu o descanso e a condição

Médicos, os mesmos, há muito tempo

Enfermeiros, cada vez menos, em cada momento

Técnicos adaptados a novas áreas de conhecimento

Percebe- se que aquela gente está toda exausta, em barnout

Mas que continua focada no seu juramento

!… e que se caírem é de cabeça erguida …!

Luís Pais Amante

Incrédulo perante o que significa para o nosso orgulho colectivo a situação do Hospital de Santa Maria, meu Ilustre vizinho.

 

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3 COMENTÁRIOS

  1. Luís Paes Amante nestes seus versos, age em nós como um profissional da saúde fortalecendo o nosso discernimento nestes
    tempos tempestuosos, acalmando o ritmo disparado de nossos corações angustiados,
    ajudando-nos a seguir em frente e não desaminar mesmo com tantas incertezas. Luís Amante reflete em si e para nós todos o espírito de dedicação ao próximo do Hospital de Santa Maria.

  2. Luís Paes Amante nestes seus versos, age em nós como um profissional da saúde fortalecendo o nosso discernimento nestes
    tempos tempestuosos, acalmando o ritmo disparado de nossos corações angustiados,
    ajudando-nos a seguir em frente e não desaminar mesmo com tantas incertezas. Luís Amante reflete em si e para nós todos o espírito de dedicação ao próximo, tão presente no Hospital de Santa Maria.

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