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Todos, quase sem exceção, estamos a viver tempos em que a solidez do Estado Português é colocada à prova em todas as circunstâncias (saúde, educação, emprego, economia, investimento).

Andamos há um ano (com conhecimentos reforçados do estado da arte) a preparar a estratégia de “combate à pandemia” e concluímos que o dito nosso Estado tem estado recolhido em tele-trabalho, sem conseguir dar resposta aos “serviços mínimos” que os nossos cidadãos merecem, nos Centros da Saúde, nos Estabelecimentos de Ensino,  na Segurança Social, na Act, nos Tribunais, nas Conservatórias, nos Ministérios, nos Municípios, etc, etc, etc.

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Quase ninguém consegue “tratar” de nada, nem tratar de si, como costuma dizer-se.

O cenário do nosso falhanço é colectivo e eu próprio apelei aqui no PA ao nosso sentido cívico para que, cada um à sua maneira, ficando em casa, em confinamento, ajudasse a resolver o problema das infeções diárias, solidários com o nosso SNS que rebentou pelas costuras.

!… Não quero, pois, por opção de cidadania, pôr em causa, agora, seja o que for que colida com esta minha posição de colaboração … lutando pela vida …!

Virão os tempos em que essa discussão vai surgir e os portugueses, no geral, terão oportunidade de ser confrontados com as verdades, fazendo, então, as suas opções.

O meu pressuposto é, pois, o seguinte:

-se a montante da saúde temos o comportamento do cidadão, a jusante temos a vacinação!

Dentro deste traçado contexto, é muito triste verificar que a vacinação -e os termos em que foi preestabelecida- está já, ao fim de um só mês, tão eivada de oportunismo, de chico-espertismo, de compatriota, até de actividade criminosa…

Sim, facilitar vacinas (bem público) a pessoas que não estão inseridas nos grupos definidos é corrupção criminosa; beneficiar de vacinas por via de estatutos episódicos é abuso de poder, o que vindo de titulares de cargos públicos é crime; tolerar que tudo isso aconteça assobiando pro ar (metendo-se em política baixa) é conivência embalada em omissão, cuja prática também pode vir a ser considerado crime.

O que significa que estamos a transportar para um processo destinado a salvar vidas – que, constitucionalmente, são todas iguais – todos os vícios do Estado a que chegámos!

Os exemplos são tantos, até na nossa terra, que me dispenso de os tratar aqui; eles e elas envergonham-me, pura e simplesmente.

Mas os exemplos ficam com quem os prática e, efectivamente, existe um exemplo vergonhoso vindo da nossa Assembleia da República, qual seja o de estabelecer uma confusão tal que dá para o exterior aquela sensação de que aquela gente, na sua maioria, não está lá para tratar dos outros, mas sim para tratar de si próprios!

Na impossibilidade de serem todos vacinados, concebem uma lista de 50 deputados, invocando o Protocolo de Estado.

Ora,

O tal protocolo, nos termos da Lei n.40/2006, de 25 de Agosto, logo no seu art. 1., estabelece que “1. …dispõe sobre a hierarquia e o relacionamento protocolar das altas entidades; 2…dispõe também sobre a articulação com tal hierarquização de outras entidades inseridas no esquema de relações do Estado e ainda sobre a declaração do luto nacional”.

 O que nos leva a concluir que não estando em causa, aqui, o luto nacional que, de resto, continua a ser esquecido como homenagem aos milhares de mortos já vítimas de covid.

Não estando em causa a representação do Estado que, em muitos casos, é mais a festa do croquete, como sabemos.

Só está em causa a diferenciação positiva que leva à vacinação de deputados com pouco mais de 30 anos.

O Senhor Presidente da AR (que foi entusiasta e executante da impensável comemoração do 25 de Abril na AR e negacionista do uso de máscaras no mesmo espaço público) parece ter-se convertido, entretanto, ao conjunto dos homens e mulheres lúcidos deste país.

Mas fá-lo porque quer arrastar outros para os seus benefícios -que já são muitos- e isso é intolerável.

Teve oposição, entre outros, poucos, de Pedro Coimbra, Presidente da Comissão de Economia, mesmo ao nível interno do seu Partido, nosso conterrâneo e meu amigo pessoal e de José Manuel Pureza, meu conhecido, amigo da minha mulher, o que me apraz registar positivamente e, também, de Rui Rio que subiu na minha consideração.

Haja alguma decência!

Nota: já depois de ter escrito este meu artigo, tomei conhecimento do início da vacinação dos nossos maiores de 80, facha etária que tem sido (e estava a ser) vítima de discriminação negativa, quiçá digna, em muitos casos, de investigação criminal.

Luís Pais Amante

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3 COMENTÁRIOS

  1. Caro Dr.
    Bem haja pela sua ação!
    É importante valorizar os progressos que se vêm conseguindo e, ainda mais imperioso, cercar tudo o que nos corrói, envergonha e sacrifica.
    Os chicos espertos e prevaricadores emanam de todos os lados e “sempre acima de qualquer suspeita”. A maioria, não têm a noção do que trepar a pulso1 …
    Obrigado pela intencionalidade das suas intervenções!
    ASeCosta

  2. Meu Caro Luís Amante
    Um Artigo de opinião TOP que toca os principais aspectos desde triste cenário que estamos a passar

    Gostava de acrescentar mais uns tópicos que me parecem relevantes.
    Sinceramente estou cansado que todos os dias me chamem de Tó Tó já é demais. Resta acrescentar para quem me conhece que não tenho Alzheimer!!!!., nem outro tipo de demências.

    Bom, disto isto, tinha ideia que quando se cria uma Task Force tem como objectivo dar foco, intensidade e celeridade a uma situação que se antevê de complicada , que envolve vários organismos e a que esta Task Force vem dar transversalidade com competências bem delineadas e com poder delegado.

    Como se pode constatar é exactamente o caso.

    Alguém sabe quantas pessoas fazem parte desta brilhante Task Force?
    Alguém sabe que competências têm ? Se não tiverem também é fácil alterar o CV” no problema.”

    Eu tenho algumas ideias sobre os elementos que a compõem.

    Como temos constatado existem vários Ministros “Desaparecidos em Combate ”
    Exemplos: Economia , Segurança Social, O Leão das Finanças, Planeamento, Negócios Estrangeiros, respectivos Secretários de Estado ETC.
    Serão estes os elementos da Task Force ?? e a razão de não aparecerem é o empenho e o árduo trabalho que têm tido.

    Porque é que o nosso primeiro Ministro criou a Task Force

    -Não existem estruturas de saúde, nem delegações de saúde, nem da Segurança Social espalhadas pelo Pais obviamente !!!
    – Se existirem casos a responsabilidade não é da Ministra nem da DGS é da Task Force.

    Por ultimo em vez de nos concentrar-mos em grandes centros de vacinação que minimizassem o risco de fraudes não, temos que complicar ( Vá ao quiosque do Sr. Manuel compre o Jornal e receba a vacina totalmente grátis )
    A função de controlo das listas ,de quem deveria ser vacinado e aonde é feita por quem ?
    Pela Task Force?

    Termino esperando que as situação de chicos espertos sejam punidas, e que a imagem que o meu País seja rapidamente Aletrada

    Grande Abraço

  3. Caros Leitores,
    Após ter enviado este meu texto para publicação, aconteceram 3 episódios interessantes:
    1. O tal Coordenador demitiu-se, ficando-se a saber que, ao mesmo tempo da assunção deste cargo aceitou ser nomeado para a administração do Hospital da Cruz Vermelha (cujos buracos são tapados pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, sem se saber porquê);
    2. Ferro Rodrigues (esse grande exemplo) chamou “populistas” aos Deputados que recusaram ser vacinados, o que o torna, penso eu, persona non grata no Parlamento;
    3. Clara Ferreira Alves vaticinou que este processo vai fazer muito mal a Costa;
    4. … e este foi chamado à atenção por Marcelo: “coordenem-se”!
    Ou seja,
    O nosso PA esteve na onda da notícia!
    Obrigado Pedro!

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