Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva nasceu nos Açores (Praia da Vitória) no dia 19 de Dezembro de 1901. Faleceu em Lisboa no dia 20 de Fevereiro de 1978 mas está sepultado em Coimbra, no cemitério de Santo António dos Olivais.

Filho de Vitorino Gomes da Silva, comerciante e Administrador do Concelho de Praia da Vitória, e de Maria da Glória Mendes Pinheiro.
Casou no Convento de Celas, Coimbra, no dia- 12 de Fevereiro de 1926, com Gabriela Monjardino de Azevedo Gomes (1900-1980), natural da Horta, filha de Francisco de Azevedo Gomes, Oficial do Exército e Coronel de Infantaria.
Iniciou os estudos secundários em Angra do Heroísmo e na Horta mas em 1916 interrompeu-os e veio para Lisboa onde foi empregado de escritório. Em 1921, tornou-se redactor de A Pátria e da Imprensa Nacional. Foi um dos fundadores de Última Hora, precursor do Diário de Lisboa.
Concluiu o liceu em Coimbra, em 1921, e no ano seguinte, inscreveu-se na Faculdade de Direito da mesma cidade. Três anos mais tarde, trocou esse curso pelo de Ciências Histórico-Filosóficas. No entanto, acabaria por se matricular, em 1925, no curso de Filologia Românica. Em 1930 transferiu-se para a Faculdade de Letras de Lisboa onde, no ano seguinte, concluiu o curso de Filologia Românica, começando desde logo a lecionar literatura.
Foi professor universitário na Faculdade de Letras de Lisboa (1941 a 1971). Lecionou ainda nas universidades de Montpellier (1935-1937), de Bruxelas (1939), da Baía (1958) e do Ceará (1965).
De 1957 a 1959 foi director da Faculdade de Letras de Lisboa e em 1960 participou nas comissões nacionais dos centenários da morte do infante D. Henrique e da publicação de Os Lusíadas.
Foi um dos grandes escritores portugueses do século XX, recebendo, em 1966, o Prémio Nacional de Literatura e, em 1973, o Prémio Montaigne.
Escreveu imensas obras poéticas e foi autor de romances, novelas, contos e crónicas. Dedicou-se também à investigação histórica, publicando livros sobre Isabel de Aragão (1936), a Companhia de Jesus (1954) e o Infante D. Henrique (1959).
O programa de televisão «Se bem me lembro…» marcou também a sua carreira literária. Entre 1975 e 1976 foi director d o jornal O Dia.
Quer na fase de estudante, quer mais tarde, Vitorino Nemésio, viveu em Coimbra e conheceu também o concelho de Penacova.
Podemos encontrar referências ao nosso concelho nas obras O Retrato do Semeador (1958), onde escreveu sobre o Mosteiro de Lorvão, e em Viagens ao Pé da Porta (1965). Neste livro, as crónicas intituladas “O Cavalo e a Serra”, “O Velho Domingos” e “Outono no Buçaco”, faz alusão aos moinhos de vento e a outros lugares e pessoas do concelho.
No entanto, foi no Guia de Portugal, no volume dedicado à Beira Litoral, que escreveu as passagens frequentemente citadas:
“Como o casario se dispõe num aglomerado fechado em si, e por assim dizer, de costas voltadas para o rio, é preciso chegar às abertas e miradouros para achar a razão de ser da fama de Penacova, que é o seu admirável panorama de água, pinho e penedia” e ainda “Penacova é luz e penedia, com o quer que é de pirenaico trazido às proporções da ternura e da rusticidade portuguesa; à oliveira, ao pinho, ao milho de regadio.”
Vitorino Nemésio foi proprietário em Penacova, tendo comprado uma mata na freguesia de Sazes e três moinhos de vento na Portela. Um deles foi doado ao Município de Penacova. A escritura de doação foi assinada em 15 de Junho de 1980. Nessa data, a Câmara prestou-lhe homenagem, junto ao referido moinho, desde então com o seu nome. Na cerimónia estiveram representantes da Presidência da República e da Presidência da Assembleia da República, e ainda personalidades como David Mourão Ferreira e Natália Correia (que ali recitou poemas do escritor e poeta).
No dia 25 de Abril de 1999 a Câmara Municipal, promoveu um Encontro intitulado “Se Bem me Lembro de Nemésio” com a presença de nomes importantes do mundo das letras.
Em sua homenagem a Câmara Municipal de Penacova criou, na Portela de Oliveira, o Museu do Moinho Vitorino Nemésio, um espaço destinado a preservar a história dos moinhos de vento e água e a memória dos seus moleiros. A inauguração teve lugar no dia 30 de Março de 2000 com a presença do Prof. José Hermano Saraiva. Passados quinze anos, o Município realizou obras de remodelação e musealização tendo a abertura ao público ocorrido a 25 de Fevereiro de 2016.
David Gonçalves de Almeida