O relógio marcava as 20h56 em Portugal Continental, quando o robô Perseverance, da NASA, aterrou em Marte, em busca de sinais de vida extraterrestre no passado marciano. Chegou na quinta-feira, dia 18 de fevereiro, e divulga agora as primeiras imagens do Planeta Vermelho, prosseguindo o caminho de descoberta.

Durante muito tempo que, para os terráqueos, Marte não passava de um dos ínfimos pontos brilhantes no céu que se moviam juntamente com as estrelas, mas 18 de fevereiro de 2021 marca um dia que certamente ficará na História para Luís Albertino de Almeida, um dos Penacovenses que vive Penacova por outras latitudes e que integra uma das equipas encarregues deste colossal projeto.
Corria o ano de 1958 quando Penacova viu nascer, na remota freguesia de São Pedro de Alva, Luís Albertino de Almeida.
Atualmente a viver em França, desde cedo que despertou interesse pelas áreas da mecânica e eletrónica. Formou-se em Eletromecânica e Desenho Técnico e Industrial, com especialidade em Estudo da Resistência dos Metais e suas Ligas.
Nos dias de hoje, Luís trabalha na empresa TE CONNECTIVITY como especialista em colagem de medidores de tensão e, mais recentemente, foi responsável por liderar a equipa que elaborou os protótipos de sensores de pressão e aceleração da sonda Preseverance.
Profissionalismo, competência, educação e rigor são alguns dos valores que caracterizam Luís e, como tal, sempre teve presente um espírito inovador e determinado. Em 1980 deu início à criação dos sensores protótipos de aceleração e choque para o projeto ARIANE 1 – a primeira versão de um foguetão que significaria um símbolo da autonomia espacial europeia -, sensores esses que seriam instalados na estrutura, com a finalidade de medir as separações entre os variados andares.
De 1981 a 1985, foi responsável pelo departamento Aeronáutico e Militar, onde teve a oportunidade de elaborar os sensores responsáveis pela aceleração, integrados nos mísseis EXOCET que serviram como recurso na guerra das Malvinas.
Ao longo do tempo foi percorrendo várias paragens, tal como responsável pelos sensores de aceleração para o desporto automóvel e motorizado, nomeadamente a FORMULA 1, que inclui grandes nomes como a Ferrari, McLaren, Williams, Sauber e Force India.
Já na década de 90, Luís Albertino fica encarregue da construção de sensores de deslocação, temperatura e humidade para diversos monumentos históricos, tais como o Panteão de Paris (cúpula) e a Catedral de Beauvais.
Com uma vida lotada de marcos notáveis, Luís sempre manteve Penacova no coração e quando tem a oportunidade de voltar à sua terra natal, inevitavelmente transporta consigo, na viagem de regresso, inúmeras memórias e a vontade de um dia regressar às suas raízes, das quais afirma sentir muitas saudades.
“Qualquer homem que não olhe para trás nas suas raízes, é um homem perdido” reconhece Luís, realçando o desejo vivo de voltar ao seu país num futuro próximo. Tinha retorno previsto em fevereiro, mas a pandemia veio adiar o seu regresso.
Não obstante, este contratempo não o prendeu de criar novos planos. O especialista de medidores de tensão está, neste momento, a preparar um projeto que espera finalizar o mais rapidamente possível, assim que regressar a Portugal.
Depois de tantos projetos e feitos admiráveis e gratificantes, Luís Almeida mantém ainda o sonho de usufruir da oportunidade de ajudar empresas, em Portugal, a fabricar os seus próprios sensores, visto que não existe atualmente nenhuma que o faça. Para além dessa ambição, guarda a vontade de conseguir colaborar e ajudar estudantes das diversas Universidades e Núcleos Politécnicos espalhados pelo país, que estudem os sensores e tudo o que esta temática envolve e partilhem das mesmas paixões.
(Alguns exemplos de sensores construídos e elaborados por Luís Almeida)