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A polémica gerada à volta da colocação de um cravo (sinónimo de liberdade), pelo candidato à presidência da Câmara Municipal de Penacova, Álvaro Coimbra, junto ao monumento erigido em Penacova em homenagem àqueles que tombaram ao serviço de uma Pátria que não lhes dava a liberdade de o serem (combatentes de uma guerra que só alguns compreenderam), só vem demonstrar a “vista curta” daqueles que defendem a liberdade.

Tenho opinião diversa acerca da atitude tomada, e aceito-a como legítima. Acho que o Álvaro Coimbra agiu como um verdadeiro democrata. Perante a ausência dos representantes políticos do Povo de Penacova, na casa nobre onde deveriam ter decorrido as celebrações do 25 de Abril, talvez por saberem que iriam ser incomodados por alguns penacovenses descontentes, que não aceitam terem sido enganados pelas promessas de alguns políticos, manifestou a sua gratidão perante aqueles que, sem liberdade, tombaram ao serviço da Pátria. Com aquele gesto, e não sofrendo diretamente os efeitos daquela demanda, pretendeu, na minha perspetiva, demonstrar o quanto estaria ao lado de todos os que foram obrigados lutar por algo em que acreditavam, mas que não compreendiam. Sou, aliás, da opinião que não existe, na nossa história recente, melhor dia que o 25 de abril, para homenagear os que tombaram ao serviço de um regime fascista, pois foi a partir daquele dia que aquele martírio acabou, impedindo assim que outros tantos jovens perecessem em terras do ultramar, a lutar por uma causa que todos consideravam perdida, longe da sua família e dos seus amigos e da terra que os viu nascer.

O autor do texto “Haja pudor!”, com todo o respeito que me merece, apesar de não o conhecer, foi combatente no ultramar, tal como tantos outros da sua geração que não tiverem a oportunidade de a ela “escapar”. Não tombou em combate, como aconteceu aos milhares que por lá ficaram, e ainda teve a oportunidade de privar com uns quantos “Capitães de Abril”, um privilégio só ao alcance de alguns, menos daqueles que não saíam do mato e das trincheiras, onde lutavam por um regime moribundo. Deveria, por isso, compreender o alcance do gesto de alguém que pretendeu unir os penacovenses, em torno daquilo que todos consideramos o mais importante, e que me atrevo a identificar, como sendo a liberdade de expressarmos publicamente os nossos sentimentos, sem com isso temer o julgamento de alguns que não se coíbem de a considerar como sua propriedade.

Pedro Viseu

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2 COMENTÁRIOS

  1. Concordo, sr.Pedro Viseu.
    Não se percebe porque razão se levantou tão grande celeuma.
    Enfim…há falta de melhor crítica, enveredou- se por esse caminho…

    Gostaria de saber que propostas terão todos as fações para a resolução dos nossos reais problemas.
    O resto, é passatempo,meros rodriguinhos.

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