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Alípio Ribeiro Barbosa Coimbra nasceu a 8 de Abril de 1920, no lugar que ficou conhecido por Estrela d´Alva, freguesia de S. Paio do Mondego, à época S. Paio de Farinha Podre.

Filho de Abel Fernandes Ribeiro e Maria da Natividade Oliveira Coimbra e neto materno de Alípio Barbosa Oliveira Coimbra (fundador da Cerâmica de Estrela d´ Alva) e de Maria do Amparo e paterno de José Ribeiro e Natalina Fernandes Ribeiro, naturais de Arganil.

Completou os estudos liceais no Colégio S. Pedro, em Coimbra. Ainda fez a admissão a Engenharia, que pretendia cursar na mesma cidade, mas, entretanto, foi solicitado pelo seu avô para colaborar na recuperação, num período difícil, das fábricas da Estrela d´Alva e de Taveiro. Estávamos em 1944 e a empresa encontrava-se à beira da falência. Foi então que seu pai, Abel Ribeiro, lhe entregou a gerência da Estrela d’Alva.

Refere o livro evocativo dos 50 anos da Fábrica de Cerâmica Estrela de Alva, da autoria de Manuel Ayres Falcão Machado, que “Alípio Ribeiro possuía de facto os requisitos suficientes para elevar a Estrela d’Alva ao nível de desenvolvimento que por tradição (embora esporadicamente truncada) lhe pertencia.” E foi visível e notória a “modificação completa na orgânica interna, na administração e na escrita e no aperfeiçoamento técnico”.

A 11 de Setembro de 1947 casou com Maria Teresa de Sande Leitão, filha de José Frias Gouveia Leitão, seu padrinho, natural de Vale de Remígio, filho de Artur Ubaldo Leitão. José de Gouveia Leitão exercera funções na gestão concelhia penacovense, entre 1928 e 1936, ocupando os cargos de Administrador-Substituto e de Presidente da Comissão Administrativa, o equivalente a funções de Presidente da Câmara. Foi também um dos mais influentes fundadores do jornal Notícias de Penacova, no início da década de trinta, de que foi igualmente director.

Seu avô, Alípio Barbosa Oliveira Coimbra, viria a falecer em 1956 e tornou-se necessária a dedicação, em exclusivo, à fábrica que o viu nascer e que tinha no coração. Alguns anos depois – porque o “bicho da cerâmica lhe corria nas veias” – de acordo com depoimento da família – chegou, com alguns sócios, a adquirir mais três fábricas que visitava assiduamente (Venda da Serra-Tábua, Marofa e Ovar). Era uma “vida louca”, mas, sempre, com o coração naquela que tinha começado em 1904, pela mão de seu avô.

Ficou conhecido por “senhor engenhocas”, dado que “possuía uma aptidão inventiva incrível.” É que, “ao longo de uma vida, inventou e adaptou vários engenhos” – recorda o livro evocativo dos 100 anos da Estrela de Alva, de Paula Silva e José Amado Mendes.

No dia 8 de Abril de 1956 tomou posse como Presidente da Câmara de Penacova, tendo como Vice-Presidente Artur Soares Coimbra. Presidiu ao acto o Governador Civil, coronel Ernesto Nogueira Pestana. Por exoneração, a seu pedido, deixou o cargo em 17 de Janeiro de 1958. Em entrevista ao Jornal de Penacova (edição de 15 de Novembro de 2002) diria: “Cheguei a Presidente da Câmara numa altura em que estava a trabalhar em duas fábricas. De manhã estava na Estrela d’ Alva e às duas da tarde já estava na fábrica de Taveiro. Eram tempos em que as autarquias não tinham dinheiro para nada. Estive como Presidente muito pouco tempo porque era incompatível com a minha actividade nas duas empresas(…) Saí, passando a pasta ao meu irmão, Álvaro Barbosa Ribeiro, que fez obra no concelho.”

A Comarca de Arganil, aquando da nomeação para vice-presidente da Câmara de Arganil salientou que Alípio Ribeiro exercera “com aprumo e competência o cargo de Presidente da Câmara Municipal de Penacova, concelho a que se encontra ligado e onde goza de justo prestigio.”

Em 18 de Janeiro de 1968 foi nomeado Vice-Presidente da Câmara Municipal de Arganil (era então Governador Civil o Eng.º José Horácio de Moura). Para Presidente havia sido designado o Prof. José Dias Coimbra. Ambos cessaram funções, por dissolução da Câmara, na sequência do 25 de Abril, em 15 de Maio de 1974.

Os anos foram passando e o “sonho de entrar na Faculdade, embora estivesse numa gaveta meia aberta, nunca ficou para trás: em 1976, reuniu com o seu genro e o seu filho mais velho – na altura já colaboradores da Cerâmica de Estrela d´Alva – e disse-lhes: ‘agora, ficam aqui os dois a dirigir os destinos. Eu vou, ali, aviar um recado e já volto’ – confidenciaram-nos os familiares que, amavelmente, nos enviaram o seu testemunho – acrescentando que “foi, desta forma, que ingressou no curso de que gostava [Filosofia] e que ‘resolveu’ em 4 anos. Não era sua pretensão ser chamado de Sr. Dr., nunca foi sua vontade mostrar que era mais do que alguém: foi, tão simplesmente, um sonho de menino que conseguiu realizar.

“Ainda hoje me recordam – prosseguiu – muitos dos que lá trabalharam (e não só) – de ser considerada a cerâmica de Estrela d´ Alva, durante décadas, um dos celeiros do Concelho. Ainda hoje é lembrado o meu pai como o homem que, por detrás daquele ar austero, era capaz de dar metade do agasalho numa noite fria.”

Ligado ao associativismo empresarial, participou activamente na criação, em 1975, da Associação Portuguesa de Indústrias de Cerâmica de Construção ( APICC).

Em 2002, pouco tempo antes da celebração do centenário da Estrela d’Alva, realizou-se o último jantar de Natal da fábrica em que esteve presente e onde, emocionado, proferiu o seu último discurso naquele contexto.

Alípio Ribeiro Barbosa Coimbra faleceu, repentinamente, no dia 10 de Novembro de 2003. Em sua memória, a Junta de Freguesia de S. Paio deliberou incluir o seu nome na toponímia da localidade: ”Rua Dr. Alípio Ribeiro Barbosa Coimbra”.

David Gonçalves de Almeida

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