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Hoje as palavras que escorrem Serra abaixo saíram da pena de Richard Bach.

Bach é um escritor norte americano, nascido em 1936, cuja principal ocupação foi a de piloto da força aérea norte americana. No seu legado literário o voo é sempre uma constante, assumindo um caracter intensamente metafórico nas obras mais tardias. Na minha perspectiva de leitora Fernão Capelo Gaivota é um hino à liberdade e à nossa capacidade de perseguir sonhos. Quero acreditar que dentro de cada um de nós existe um Fernão pronto a esticar as suas grandes asas e a conduzir-nos no voo da nossa vida.

Richard Bach

Fernão Capelo Gaivota

A maior parte das gaivotas não se querem incomodar a aprender mais do que os rudimentos do voo, como ir da costa à comida e voltar. Para a maior parte das gaivotas, o que importa não é saber voar, mas comer.”

Se tens mesmo que estudar, então estuda a comida e a forma de a conseguir.”

Cada dia aprendia mais. Aprendeu que com um mergulho a grande velocidade podia encontrar o peixe raro e saboroso que vivia três metros abaixo da superfície do oceano; já não precisava dos barcos de pesca nem de pão duro para viver.”

Sinopse

Fernão é uma gaivota. Uma das estranhas. Vive num bando, do qual pensa que faz parte, aliás do qual se sente parte integrante. Assiste e por vezes participa, nos rituais comezinhos de tentar arranjar umas sobras de peixe dos barcos pesqueiros para o pequeno-almoço, mas esse ritual não o satisfaz, deixa-lhe um sabor a pouco no bico, que, tratando-se de uma gaivota, não se deve falar de boca.

Todo o tempo que tem é usado para treinos intensivos de voo. Fernão persegue a perfeição com uma tenacidade desagradável para todos os outros elementos do grupo. Para ele, mais importante do que a vulgaridade das funções básicas, são todas as outras coisas que dão alegria e satisfação pessoal. Valores que lhe permitem conhecer os limites ou ter a certeza de que estes não existem ou que podem sempre ser ultrapassados desde que haja vontade e perseverança. Todos os dias, e até de noite, Fernão voa e estuda estratégias de voo que lhe permitem voar cada vez mais depressa, ultrapassa todas frustrações da derrota e segue sempre em busca do seu sonho de perfeição. Na sua simplicidade acredita que todas as gaivotas querem alcançar a perfeição e tenta partilhar com elas as suas vitórias. Depara-se com uma realidade completamente diferente, uma intransigência surda do bando em aceitar a novidade, de um acomodar à mesquinhez da existência, às pequenas “disputas por uma cabeça de peixe”. Acaba por ser expulso do bando. No seu exílio trabalha incansavelmente, voa a velocidades impensáveis, aprende a pescar a três metros de profundidade e a deliciar-se com o peixe delicioso assim pescado, a comer insectos delicados, só dignos de palatos superiores. No fundo vive intensamente embora desgarrado da sua espécie. Tendo alcançado a perfeição na existência terrestre ascende a um outro nível de consciência onde aprende sempre mais, onde a sua sede de saber não o faz um ser anormal, porque o nível em que se encontra só está acessível aos que perseguem objectivos semelhantes aos seus. Nesse nível aprende a controlar o tempo e o espaço e sente vontade de voltar à terra, ao seu bando e partilhar com todos aquilo que aprendeu e que acredita ser uma mais valia para a vida das gaivotas. A sua chegada ao bando revela-lhe a existência de meia dúzia de novos exilados, gaivotas que, tal como ele, se atreveram a desviar-se do caminho medíocre da maioria. Vai treiná-los e acabam por passar a ter audiência. Mesmo indo contra as regras do Bando, algumas gaivotas passam a assistir aos treinos e a ouvir os ensinamentos de Fernão. Quando considera que o seu trabalho na terra está cumprido, quando os seus discípulos revelam capacidade de “voar sozinhos” Fernão busca novos desafios para testar a sua liberdade e parte para nova realidade. No bando surge uma dicotomia de opinião, uns consideram Fernão um deus, filho da Grande Gaivota, outros acham-no um demónio. Ninguém o considera apenas uma gaivota ávida de saber, louca por alcançar o próximo nível na performance da vida.

Boa semana com livros!!!

Anabela Bragança

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