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Hoje da Serra saem palavras de uma inglesa que muito me agrada. Chama-se Joanne Harris e escreve de forma arrebatadora. Nada percebo de literatura, só gosto de livros, contudo se tivesse que “catalogar “ este género de romances inclui-lo-ia  no vitoriano, com o mistério, travestido de macabro, sempre a espreitar em cada personagem. Mas nem foi por este motivo que escolhi este livro, foi apenas porque o ano escolar está a arrancar e nada melhor do que um mistério envolvendo escola, alunos e professores para começar em beleza. Hoje deixo solto Xeque ao Rei de Joanne Harris.

Joanne Harris

Xeque ao Rei

“Drama no convés. A enorme e incauta fragata que é St. Oswald encalhou no recife no princípio deste ano. “

SINOPSE

Em todas as obras de Joanne Harris o leitor encontra, latentes, sentimentos contraditórios e frequentemente muito negativos. Nem sempre estes sentimentos são fáceis de definir mas a verdade é que todos os personagens têm na sua personalidade algo de misterioso e extremamente perturbador (resquícios vitorianos?).

Esta obra não é excepção, também aqui os sentimentos contraditórios estão presentes. A construção de cada um dos personagens é feita lentamente ao longo do texto, com a introdução de pequenos pormenores, pequenas nuances, e só termina no fim. Que género de obra se obtém assim? Algo extremamente denso, absorvente em que nunca é possível fazer qualquer tipo de previsão. As alterações de rumo são muito comuns, trocando as voltas ao nosso raciocínio com uma mestria tal que é frequente voltar a trás para verificar se nos passou algum pormenor, alguma pista…. No entanto verificamos muitas vezes que as pistas são enganadoras, ou não existem. A trama é construída de tal forma que a nossa mente vai-nos conduzir para o mais óbvio.

Xeque ao Rei é uma história contada a duas vozes em que o passado e o presente se misturam. O espaço é um colégio privado, masculino, que é visto por quem o ama e por quem o odeia com as mesmas características – um gigante sôfrego que engole as vidas das pessoas, que se alimenta delas sem o mínimo pudor, descartando-as quando se tornam pesadas. Quem o ama aceita-o assim, quem o detesta vai tentar destruí-lo. Contudo St. Oswald consegue resistir sempre… mesmo que pelo caminho perca alguns dos seus. A trama é tão bem construída que até ao fim as surpresas na narração existem e o fim é completamente inesperado mas absolutamente verosímil.

Anabela Bragança

 

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