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A quinta do senhor Verdilhão era a mais verde da região. Alfaces, couves, manjericão, espargos, ervilhas e feijão, espraiavam-se em grande organização, formando harmonioso mosaico, pintado na terra pela sua mão.

Isto não é uma quinta, Verdilhão. Mais parece trabalho de tecelão!” – elogiavam as visitas de ocasião – “O Homem não é agricultor, é pintor!” – diziam os amigos, com sincera e honesta admiração. E o senhor Verdilhão, vermelho ficava, corando de satisfação e retribuindo sempre com educação: “Mais não faço mais do que a minha obrigação!”

Mas qual era, afinal de contas, o segredo do senhor Verdilhão? O que faria ele para manter, fosse inverno ou fosse verão, a sua quinta tão verde e exuberante que ninguém lhe apontava um senão? Como conseguia arrumar (com tamanha perfeição) as redondas melancias e os repolhos do Japão?

É o amor!” – dizia a esposa, a Dona Conceição – “A dedicação” – apontava o filho mais novo, o João. Mas não, ninguém acertava com precisão. Segundo o senhor Verdilhão, o segredo da sua quinta era, afinal, … a água do poço, pois então: “Tudo é regado, dia sim, dia não” – explicava, sem grande hesitação.

Tudo corria de feição na quinta do senhor Verdilhão. Toda aquela verdura causava grande sensação e nem mesmo um vermelho pimentão, plantado a meio caminho entre o poço e o barracão e que destoava do verde que cobria o chão, lhe causava qualquer impressão, por mais que lhe chamassem a atenção. “Fica aí tão mal!” – dizia-lhe, repetidamente, o vizinho Damião. “Troca-o por um pepino!” – aconselhava o primo Sebastião. Mas o senhor Verdilhão, que não era homem de mudar assim de opinião, lá ia respondendo, convicto: “Não me faz qualquer confusão!” Pois claro que não. O pimentão era, para o senhor Verdilhão, o que a sua quinta mais parecido tinha com um pequeno coração. Vê-lo ali, o seu belo pimentão, um ponto vermelho no meio da verde imensidão, dava-lhe grande prazer e genuína satisfação.

Quem não achava piada nenhuma àquela cega admiração era Dona Tronchuda, uma verde, esguia e convencida couve que vivia junto ao barracão. Habituada que estava a todas as mesuras e atenção e sempre elogiada pelo seu incomparável porte (pelo menos dois metros a contar do chão!), Dona Tronchuda lá ia reclamando, se calhar com razão: “Mas quem é que esse pimentinha pensa que é, para me roubar desta maneira o afeto do patrão?”. E depois sempre acrescentava, verde de inveja e roída de insatisfação: “Logo eu, cuja beleza não merece comparação, ser assim trocada, sem contemplação, por um…por um…vermelho pimentão. Haja consideração!”.

O Pepino Sabichão, um dos mais antigos habitantes da quinta do Senhor Verdilhão e habituado aos longos e emproados desabafos de Dona Tronchuda, lá a ia consolando com medida comiseração: “Deixe lá o pimentão, Dona Tronchuda. O patrão, esteja certa, voltará a dar-lhe atenção! Não esqueça nunca a senhora que é a mais alta e mais bela da região!”. Era esperto e avisado o Pepino Sabichão. Ele sabia, por isso era sabichão, que todos deveria tratar com estima e consideração. Só assim, pensava, seria possível viver ali, numa quinta tão sortida, onde cabiam todos, do abacate ao estragão. E, ainda que soubesse que o seu patrão passava tempo demais de volta do tal pimentão, as suas palavras eram sempre de conciliação.

Já o mesmo não pensava o Tomilho Julião, conhecido por ser o mais perfumado da quinta e pelo feitio brigão. Também ele achava pouca graça à mais recente paixão do seu ingrato patrão. E fazia questão de dizê-lo bem alto, ainda que vivesse a alguns centímetros do chão: “Deixem lá esse paspalhão! Aquilo não passa de um amor de verão!”.

Mas não. Estação após estação, o Senhor Verdilhão, ainda que a todos desse atenção, tratava o pimentão como só se trata um campeão. Nunca um habitante da quinta, nem mesmo o seu cão, um gigante de quatro patas arraçado de dogue alemão, merecera uma quarta parte de toda aquela namoração. “Tu vais estragar esse pimentão com tantos mimos.” – ia avisando a esposa, Dona Conceição, incomodada com o tempo que o marido passava de volta do Vermelhão. Para ela, todos aqueles vistosos vegetais, sem distinção, iriam parar ao fogão. Não passavam, pois claro, de viçosos e suculentos alimentos de uma próxima refeição. E o pimentão, que o marido já batizara de Vermelhão, não iria ser exceção. Ah pois não!

E como vivia o pimentão Vermelhão, com toda esta afeição que diariamente recebia do patrão? Muito bem, pois claro. Tinha tudo o que queria e nunca lhe diziam que não! O tratamento que recebia fazia inveja a qualquer sultão, vivesse ele na Turquia ou para lá do Sião. Parecia um príncipe, sem espada nem jaquetão, com direito a mais mordomias do que o mais importante imperador que vivera até então.

Os verdes habitantes da quinta já só falavam do pimentão. O estado geral era de (quase) ebulição. Até que, numa quente noite de verão (véspera de São João) Acácio Manjericão resolveu pôr fim a toda aquela situação, reunindo os injustiçados junto ao velho barracão. Dona Tronchuda, que teimava em dizer-se vítima de usurpação, logo disse presente. E, para tal, nem precisou de mexer uma raiz do chão. De seguida, num corrupio ordenado, dos que não causam perturbação, lá foram chegando todos, exceto o Pimentão, de seu nome…Vermelhão.

Entre o Pepino Sabichão, que vigiava o caminho que vinha da casa do patrão, e o Tomilho Julião, mesmo encostado ao caixote de cartão que serviria de palco na reunião, estariam, sem mentir, espécies para cima de um montão, todas colocadas e ordenadas, seguindo rigorosa disposição. Na primeira fila, virada para o barracão, alinharam-se os tubérculos, com as batatas a reclamarem para si a melhor posição. Logo atrás, as leguminosas ocupavam duas filas, uma para as lentilhas e outra para o feijão. Já no meio da plateia, podiam ver-se os cereais, com o trigo em pé e o milho, mais cansado, sentado no chão. Daí para trás, todos se misturavam sem aparente ligação: alcaparras, melancias e abobrinhas de verão conversavam em grande animação, enquanto o funcho, o tomilho e o estragão garantiam excelsos aromas, tão importantes para o bom ambiente da reunião.

Acácio Manjericão, responsável último pela organização daquela assembleia com cheiro a rebelião, foi o primeiro a subir ao palco, para falar à multidão:

Meus senhores e minhas senhoras, flores e frutos da estação, tubérculos e leguminosas, a todos peço atenção!

O burburinho parou e todos os vegetais presentes olharam em direção ao barracão, onde Acácio discursava, sobre a caixa de cartão:

Convoquei esta reunião – continuou o Manjericão – para saber a vossa sincera opinião sobre um tema que por aqui tem gerado tanta querela e murmuração. Saberão todos, certamente, por que estamos aqui…

Eu não! – interrompe Alípio, o agrião.

Volta o burburinho e, por pouco, não se estabelece a confusão. Viram-se todos para Alípio e quase o fulminam de indignação. Como era possível!? Que falta de educação! Interromper assim os trabalhos, ainda por cima mostrando total desconhecimento da gravidade da situação.

Silêncio! – impõe-se novamente o Manjericão – O Alípio tem razão. A todos devo explicar, ponto por ponto, os motivos que nos trouxeram a esta reunião. Quero que todos saibam por que razão aqui estão…

E assim foi. Reforçando a entoação, Acácio Manjericão lá tratou de mostrar aos presentes, escolhendo cada palavra com muita prudência e precaução, que o Pimentão Vermelhão, o tal por quem o patrão se tomara de paixão, não só se gabava de ser o maior da região, como até já se ria de todos, por todos incomodar com a sua fidalga posição. Por outras palavras, o Pimentão Vermelhão, como bem avisara Dona Conceição, envaidecera e a todos tratava agora com petulância e presunção.

Antes de tomarmos qualquer decisão – insistia o Manjericão – todos devem dar a sua opinião.

Eu não! – interrompe, novamente, Alípio, sem hesitação.

Volta a indignação. Ninguém entende a atitude do agrião. Estaria ele do lado do Pimentão?

Ordem na plateia! – ordena Acácio – Caso contrário abandono a reunião!

O Alípio está feito com o Pimentão! – atira o Tomilho Julião, aumentando a exaltação.

Ordem na Plateia, repito! Confusão comigo não! – insiste Acácio Manjericão, tentando aquietar a multidão – Aproxime-se do palco quem quer participar da discussão. Só assim, repito, chegaremos a proveitosa conclusão.

Foi então que Pepino Sabichão, habituado a resolver momentos de grande tensão, se chega de mansinho ao palco e, bem ao seu jeito, procura que todos se escutem, sem atropelos ou confusão:

Façamos o seguinte, amigos e amigas. Ouçam o que cada um tem a dizer, com respeito e atenção. E se ao vosso lado alguém não concordar, tratem-no com elevação. Como disse o nosso amigo Manjericão, é este o único caminho para chegarmos a alguma conclusão. E se alguém discordar pode sempre abandonar a reunião…

Os ânimos serenaram e, de forma espontânea, formou-se aprumada fila que ia desde a vedação até à entrada do barracão. Tudo a postos para que cada um desse a sua opinião. Dona Tronchuda aproveita então para usar da palavra e descarrega, com grande afinação:

Os meus cumprimentos aos presentes. Saberão todos que eu sou a maior…

Eu não! – repete Alípio, o agrião, ainda que, desta vez, sem obter reação.

Todos sabem – insiste Dona Tronchuda – que eu sou a maior criação do nosso patrão. Ele sempre se orgulhou dos meus dois metros a contar do chão. A patroa, a Dona Conceição, sempre elogiou as minhas verdes folhas, que dão a melhor sopa da região. É por isso que considero injusto e até abusivo que o Vermelhão me tenha posto nesta triste condição. Agora sou apenas mais uma couve que cresce, triste, junto a este velho barracão. Defendo, por isso, que expulsemos da quinta o infame pimentão. Concordam comigo?

Eu não! – responde, de pronto, Alípio, o agrião.

Uns aborrecidos, outros furibundos, os presentes fazem, ainda assim, um grande esforço de contenção e ninguém solta sequer um palavrão de repúdio pela aparente atitude de negação do inconveniente agrião. Entretanto, do fundo da plateia, a alcaparra, sentada entre a melancia e uma abobrinha de verão, pede a palavra ao presidente da reunião:

Senhor Acácio, quero fazer uma declaração!

Então suba ao palco. – responde o manjericão.

E a alcaparra, cujo nome nem consta da ata da reunião, desfila até ao palco, exibindo as suas verdes folhas, entre as quais ressaía um bonito botão. Olhos postos na multidão, usa da palavra, com assertiva convicção:

Aceitei estar presente nesta reunião e compreendo, sinceramente, todas as queixas relativas ao ingrato do nosso patrão. Também eu, acreditem, me sinto desconsiderada e ofendida. Lembrem-se que o vinagrete feito pela Dona Conceição só vale o que vale com a minha preciosa participação. Ainda ontem me arrancaram mais um botão que servirá de tempero a tão maravilhosa emulsão. Quem nunca ouviu falar do maravilhoso vinagrete da Dona Conceição?

Eu não! – volta a insistir Alípio, quase roçando a provocação.

A alcaparra ouve o comentário do agrião e mostra-se muito contida na reação:

Talvez tu não, agrião. Mas todos os restantes sabem que o vinagrete da Dona Conceição, feito de vinagre e do melhor azeite da região, tem a fama que tem graças aos botões que sempre lhe dei com satisfação. E se disto vos falo não é para que me dediquem especial respeito ou admiração. Queria sim dizer-vos que, por vezes, quando um dos meus botões se abre, na primavera ou no verão, uma flor branca desabrocha, acreditem ou não. Estão a ver onde quero chegar?

Eu não! – Interrompe quem? Ora, estavam com atenção.

O que vos quero dizer – continua a alcaparra, ignorando o agrião – é que está errado discriminar o pimentão, apenas porque a sua cor não está de acordo com o nosso padrão. Também eu, que muito me orgulho das minhas verdes folhas, visto de branco sem qualquer hesitação.

As palavras da alcaparra ecoam na assistência como um sábio trovão. Se antes todos estavam bem seguros da sua verde condição, já muitos se perguntavam se toda aquela aversão ao vermelho do pimentão não seria, afinal, exercício vão. De repente, já as batatas reconheciam que a sua verde folhagem escondia os vermelhos tubérculos que, depois de colhidos do chão, faziam as delícias do senhor Verdilhão. Também o feijão confessou, sem mostrar perturbação, que as suas vagens mais não são que uma verde proteção de coloridas sementes, que vão do preto ao catarino (raiado em tons de salmão). O milho, coçando a dourada e longa barba que já roçava o chão, revelou que a sua verde espiga mais parece um arco-íris por alturas do Verão. Até o Tomilho Julião, cuja verdura nunca merecera contestação, já se orgulhava das suas flores frescas e rosadas, tão apreciadas pela Dona Conceição. Usava-as numa milagrosa e secreta infusão, a que juntava sumo de limão. Fazia-lhe bem à respiração.

A alcaparra, no palco, que já exibia o seu branco botão, continua a falar à multidão:

– Por isto tudo, companheiros e amigos, não me parece que a minha amiga Tronchuda, que muito respeito, tenha razão. Expulsar o pimentão!? Apenas porque é vermelho e é o preferido do patrão? Acham isso aceitável?

Eu não! – volta Alípio, agora sentado no chão.

Dona Tronchuda já mostrava ares de grande indignação. Do alto dos seus dois metros a contar do chão, não gostava mesmo nada de se torcer, muito menos para dar razão a uma simples alcaparra, sem direito a nome na ata da reunião. Volta ao palco e insiste, caprichosa, na sua embirração:

Pensava eu que tinha sido clara. Falei bom português e todos me ouviram com atenção…

Eu não! – torna Alípio, que continuava plantado no chão.

Calma Agrião – intervém Acácio Manjericão – deixa a amiga Tronchuda chegar a uma conclusão.

E Dona Tronchuda, sem perder o fio do seu raciocínio, lá continua a narração:

Se bem se recordam, já moro aqui faz mais de um tempão! Da minha idade, se bem me recordo, só cá estão o Tomilho Julião e o Pepino Sabichão. Não mereço, por isso, ser assim desconsiderada, perante esta multidão. E lembre-se a menina alcaparra que nem nome tem nesta história, quanto mais opinião!

Surgem os apupos. Poucos gostam daquela postura, mesmo os que estão contra o Pimentão. Dona Tronchuda percebe que foi longe demais e tenta emendar a mão:

Tudo bem, peço desculpa à amiga alcaparra que, como todos, tem direito a opinião. Mas custou-me muito ouvi-la defender aquele irritante pimentão. Esse tal Vermelhão anda tão emproado que mais me lembra um pavão. Passeia-se por aí como se fosse um objeto em exposição. Já não posso com tamanha ostentação! Insisto, portanto, que a melhor solução será despachá-lo para sítio onde aceitem o fanfarrão. Compreendem a minha posição?

Eu não! – responde, pois claro, Alípio, o agrião, que mais parece ser o agitador oficial da reunião.

As posições estavam agora muito extremadas. Cada um com a sua, ninguém se ouvia e todos se achavam com razão. E, antes que os ânimos se transformassem em salada feia no meio do chão, o Pepino Sabichão, por todos reconhecido pelas capacidades de conciliação, sobe ao palco e dirige-se à multidão:

Meus amigos– começa o Sabichão – sabem que já conheço a Dona Tronchuda há, pelo menos, duas primaveras e um verão. Lembro-me bem dela, plantada a menos de um palmo do chão. E agora é vê-la, graciosa, com os seus dois metros, sem dúvida a mais alta da região! Sei bem da tristeza que lhe vai no coração. A minha amiga entrou em rejeição em relação ao Vermelhão, mas, deixe-me dizer-lhe, e permita-me este tom mais brincalhão, que “couve verde, amarela fica no verão”. Palavras sábias que escutei, em tempos, do meu avô, de quem herdei o apelido Sabichão. Entendo-as hoje melhor do que nunca e julgo servirem aqui na perfeição. A nossa amiga alcaparra tem razão. Deixe lá em paz o pimentão. Todos merecem a atenção do Senhor Verdilhão, seja qual for a cor ou posição.

Dona Tronchuda escutou atentamente o pepino, por quem tinha particular apego e admiração. Pela sua alta condição, não lhe era fácil ouvir todos com a mesma atenção que dedicava ao amigo Sabichão. Aquelas palavras acabaram por dar-lhe o discernimento que lhe havia faltado até então. E se muitos esperariam uma violenta reação, Dona Tronchuda opta, afinal, por uma democrática decisão:

Muito bem. Se até o meu amigo Sabichão considera que não tenho razão, peço ao presidente da reunião licença para propor uma votação. Já vai longa a noite e, pelo que vejo, dificilmente concordaremos todos com uma resolução. E, quando assim é, que cada um dê conta da sua inclinação e, no fim, cá estaremos todos para a aceitar a decisão.

Uma votação. Proposta da Dona Tronchuda, por julgar ter do seu lado a maioria da multidão. Cabia agora a Acácio Manjericão aceitar, ou não, tão inesperada sugestão. Fora ele o responsável pelo ajuntamento de toda aquela multidão e a ele cabia, pois, resolver o impasse com ponderação e propor a melhor solução. Toma então a palavra e dirige-se aos presentes, procurando a harmonia entre os partidários do sim e os defensores do não:

Pois que assim seja. Se querem uma votação, têm a minha aprovação. Não é saudável toda esta angústia e desolação, por causa de um inquilino que, admito agora, devia ter convocado para a reunião. E, se todos concordarem com esta votação…

Eu não! – contesta Alípio, bem do meio da multidão, recebendo olhares de instantânea reprovação.

Mas por que diabo (desculpem-me a interjeição) tinha Alípio Agrião optado por dizer sempre que não, desde o início da reunião? Seria estratégia de provocação? Quereria ele boicotar a reunião? Já todos lhe reconheciam o seu modo galhofeiro e folgazão, mas a hora era de importante decisão, pelo que se viram, de novo, para Acácio Manjericão, pedindo-lhe que continuasse a argumentação:

Como dizia – retoma Acácio Manjericão – se todos, exceto o Alípio Agrião, concordam que façamos uma votação, defendo que chamemos aqui o Pimentão, para tomar conta da nossa decisão. Quem faz o favor de o trazer aqui, a tempo de assistir à votação?

Eu não! – provoca novamente Alípio, que, desta vez, esgotou a paciência de todos, incluindo a de Acácio, que o interpela, não escondendo a inflamação:

Qual é a tua intenção? Passaste o tempo da reunião a interromper tudo e todos, sem respeito ou educação. O que pretendes, afinal, agrião? Chega-te cá à frente e explica-te à multidão!

Alípio levanta-se do chão e, sem mostrar pressa, sobe ao palco para esclarecer a confusão:

A todos peço desculpa. Não era minha intenção boicotar esta reunião. Queria apenas dizer-vos que o pimentão, que tanta discussão originou ao longo desta reunião, foi colhido esta tarde pela Dona Conceição! A esta hora já é salada na barriga do patrão!

José António Duarte

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