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No seguimento de um trabalho de sensibilização para o uso despropositado de herbicidas no espaço público, e de intervenções diversas na Assembleia de Freguesia e Assembleia Municipal, a CDU apresentou na reunião da Assembleia de Freguesia de Lorvão, realizada no passado dia 29 de abril, uma proposta alternativa ao uso do Glifosato na freguesia de Lorvão, principalmente dentro das localidades.

Esta proposta, elaborada a partir de um trabalho no Biólogo Diogo Simões, nosso conterrâneo e membro da nossa equipa, para além de chamar a atenção para os riscos para a saúde humana e para a biodiversidade, apresenta alternativas mais sustentáveis, quer em termos ambientais e de saúde pública, quer mesmo em termos económicos.

Apesar deste alerta e da proposta de alternativas, a Junta de Freguesia ignorou o que ali se passou e na semana seguinte continuou a aplicar o Glifosato, conforme avisos colocados na Aveleira e no Roxo.

Numa freguesia e concelho onde se procura promover o mel como produto autóctone de excelência, impunha-se que pelo menos as abelhas fossem respeitadas!

A CDU da Freguesia de Lorvão

Proposta de alternativa ao uso do Glifosato na freguesia de Lorvão:

O glifosato (Clinic Direct 360) é um dos herbicidas criados pela comunidade científica para melhorar as produções agrícolas após a Segunda Guerra Mundial, numa fase de grande carência alimentar resultante da guerra;

Apesar da sua utilização ainda ser legal e regulamentada pela união europeia (Regulamento (UE) n.o 2015/830 da Comissão de 28 de maio de 20), estudos realizados nos últimos 6 anos, com recurso a novos métodos de avaliação de toxicidade de herbicidas, mostraram que o seu uso contínuo não é favorável. A permanência deste herbicida não-seletivo no solo é de 2 meses, podendo infiltrar-se e acumular-se ao longo da cadeia trófica, eventualmente, atingindo seres humanos através da ingestão de tecidos contaminados.

Por esse facto, de acordo com a organização ambiental QUERCUS, os portugueses possuem uma significante concentração de glifosato no corpo, um impacto que até recentemente tem vindo a ser ignorado e pouco estudado. A acumulação de glifosato juntamente com novos problemas, tais como a resistência de terrenos de cultivo a este herbicida e os seus impactos na fauna existente requerem uma nova perspetiva sobre a sua utilização. Esta prática inadequada tem também impactos a longo-prazo que não superam o benefício dos baixos custos. Em testes de laboratório, demonstrou-se que o glifosato é cancerígeno para murganhos (ratos), e potencialmente cancerígeno para humanos. No que diz respeito ao meio ambiente, este herbicida apresenta muitos efeitos negativos em diversos organismos terrestres e aquáticos, principalmente por infiltração no solo ou quando usado próximo de cursos de água. Estes efeitos variam desde problemas no desenvolvimento, na reprodução, na cognição e na saúde geral destes organismos, o que poderá pôr em causa a sobrevivência da fauna e flora afetada.

Nos casos em que o Glifosato seja utilizado junto a terrenos de cultivo, sem o determinado período de espera, pode aumentar o consumo acidental deste herbicida no público geral. Importa ainda salientar que a problemática cada vez mais notória da escassez de água potável, é agravada pela sua contaminação com utilização deste herbicida, o que mostra a necessidade de mudar o paradigma no que diz respeito ao uso de herbicidas não-seletivos. O recurso ao glifosato afeta certos processos extremamente importantes para a sociedade agrícola, como por exemplo a alteração da comunidade do solo, o que consequentemente, afeta a sua produtividade; ou ainda o caso da polinização, em que algumas espécies de abelhas ficam alteradas em termos de cognitivos e alimentares (impedindo a ocorrência natural do processo da polinização).

Apesar de ser dos herbicidas mais baratos e eficientes do mercado, a sua toxicidade torna-o inapropriado para uso em determinadas condições. Tendo em conta todas as consequências referidas, a utilização de glifosato em bermas de estradas de zonas residenciais deve ser muito bem monitorizada, dado que estes locais têm, por vezes, terrenos particulares utilizados para cultivo.

Há, porém, outras alternativas mais sustentáveis, quer em termos ambientais, de saúde pública, quer mesmo em termos económicos.

Enquanto o glifosato é pouco dispendioso mas toxico para o meio ambiente e para a população, esses métodos alternativos necessitarão de algum investimento inicial mas dissipam custos constantes em termos de aquisição do produto, chegando a igualar o custo do glifosato. Por outro lado, estas práticas não terão as consequências para o meio ambiente que o glifosato apresenta, o que aumentará o investimento das autarquias na saúde geral da população e no ambiente.

Nestes termos, a CDU propõe:

1 – Que os herbicidas, seja glifosato (Clinic Direct 360) ou outro, deixem de ser utilizados dentro das localidades da freguesia de Lorvão;

2 – Que o seu uso fora das localidades seja feito apenas no controle de espécies infestantes em que se verifique não haver alternativas ambientalmente mais adequadas;

3 – Que a Junta de Freguesia equacione meios alternativos de controlo da vegetação, como sejam,

  • Tratamento térmico por meios de chama direta, água quente, vapor de água, ou uma mistura de água e espuma;
  • Tratamento mecânico (roçadora);
  • Tratamento químico por meio de água salgada ou ácido acético ou uma combinação dos dois.

Assembleia de Freguesia de Lorvão

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