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“Adeus, lugar de Lorvão Ó terra de paliteiros A fazer dois palitos Se ganham muitos dinheiros.”

No ano 2000, com o patrocínio do Município de Penacova, foi publicada a obra “Os Palitos de Lorvão – da manufactura à maquinofactura” tendo como autora Paula Cristina Ferreira Silva [1]. O prefácio tem a assinatura de José Amado Mendes, professor catedrático de História.

Este livro procura descrever todo o processo de fabrico de palitos na freguesia de Lorvão e tem como base um trabalho académico elaborado pela autora no âmbito do Seminário Científico-Pedagógico (1996/97) do Ramo Educacional de História, subordinado ao tema “Património Industrial, Investigação e Ensino”, ministrado na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Depois de feita a contextualização geográfica e histórica desta freguesia, berço dos palitos, são-nos apresentadas as “origens desta manufactura, a sua evolução e matéria-prima, assim como os utensílios de trabalho utilizados”.

Segue-se a descrição pormenorizada das fases do fabrico que vão desde o abate da árvore, passando pela transformação manual da madeira de palitos até à questão do escoamento da produção.

São ainda avançadas algumas propostas no sentido da criação de um Ecomuseu, onde existiria um polo dedicado ao palito.

O livro, que é documentado com bastantes fotografias, apresenta a seguinte estrutura geral:

PARTE I Manufactura

Capítulo 1
1. Origens e evolução
2. Matéria-prima
3. Utensílios de trabalho
4. Caracterização da actividade paliteira

Capítulo 2
1. Processo de produção artesanal
1.1. Corte do salgueiro e preparação na serração
1.2. Secagem da madeira
1.3. O rachar da madeira
1.4. Transformação da madeira em palitos
1.4.1. Tipos de palitos
1.5. Contagem dos palitos
1.6. Embalagem
2. escoamento e comercialização
3. Formas de divulgação e apoio
4. Cancioneiro

PARTE II
A maquinofactura

PARTE III
Propostas para musealização
1. Funções do museu
2. Projecto do Ecomuseu de Lorvão
2.1. Museu do palito

Recorde-se que, segundo a tradição, “a manufatura dos palitos teve a sua origem no Mosteiro de Lorvão estendendo-se depois às povoações vizinhas, algumas já nos concelhos de Vila Nova de Poiares e Coimbra, em virtude do êxodo de pessoas vindas de Lorvão, quer por casamento, quer por motivos económicos, ou outros.”

Para além da influência do mosteiro na divulgação dos palitos, “outro fator foi preponderante. Esta zona é propícia à existência de madeira de salgueiro branco e choupo. Como no início do séc. XX o “salgueiro produzido no distrito de Coimbra e ribas do Mondego escassamente chegava para dois meses de produção de Lorvão e do concelho de Penacova”.

No início do séc. XX a madeira daquelas espécies começou a ser adquirida nos campos da Golegã, do Cartaxo, e em todo o Ribatejo. Mais tarde passou a utilizar-se o choupo que é mais fácil de ser trabalhado e é mais rentável e também existe em abundância na região, refere-se no “Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.” Os “Conhecimentos tradicionais, de caráter etnobotânico e artesanal, utilizados no processo de produção de palitos” encontram-se inscritos, desde 2016, neste Inventário Nacional.

Através do “Anúncio de Procedimento 12645/2021, de 4 de Outubro” a Câmara Municipal de Penacova abriu Concurso Público para a Remodelação da Casa do Monte em Lorvão. Pretende-se intervencionar “um dos edifícios mais emblemáticos da Vila de Lorvão, dotando-o de um conjunto de condições que permitam efetivamente transformar a Casa do Monte num local de referência da rede patrimonial e cultural do Concelho de Penacova”, preparando o edifício para “acolher eventos culturais diversos e será simultaneamente um espaço de convergência da identidade cultural local, já que ali será instalado o Centro Interpretativo do Palito, abrindo portas para que os, que se pretendem preservar, possam ser divulgados e acessíveis a todos.

Concretizam-se, assim, as palavras de José Amado Mendes, exaradas no prefácio a esta obra de Paula Silva, “Os Palitos de Lorvão”: “O Museu do Palito representaria a identidade e a história da vila de Lorvão e das suas gentes, permitindo estudar, salvaguardar, conservar e valorizar este património para a sua transmissão às gerações vindouras.”

Notas sobre a autora:

Paula Cristina Ferreira da Silva é natural da freguesia de Lorvão onde nasceu em Junho de 1970. Licenciada em História, possui o Mestrado em História Económica e Social Contemporânea pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. É Técnica Superior do Município de Penacova, na área de Biblioteca e Documentação.

De 1996 a 2002 foi professora do ensino básico e secundário e de 2002 a 2004, trabalhou como Técnica Superior de História, no Gabinete Técnico Local da Câmara Municipal de Penacova; de 2004 a 2005 exerceu funções técnicas na Biblioteca da Faculdade de Psicologia da Universidade de Coimbra; De 2005 a 2011 trabalhou como Técnica Superior, área de Biblioteca e Documentação, na Câmara Municipal de Monforte e de 2011 a 2020 como Técnica Superior, área de Biblioteca e Documentação, na Câmara Municipal de Penacova.

De 1/9/2020 a 20/09/2021 foi Chefe de Divisão de Turismo e Cultura, em regime de substituição. Em 2021, foi nomeada para aquele cargo, agora em regime de comissão de serviço.

Além de inúmeros cursos de formação profissional sobre várias temáticas concluiu em 2020 o Curso de Estudos e Formação de Altos Dirigentes da Administração Local, ministrado pela FEFAL (Fundação para os Estudos e Formação nas Autarquias Locais).

Paula Silva é Secretária da Associação Pró-Defesa do Mosteiro de Lorvão desde 2010 e também Presidente da Delegação Regional do Centro da Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas, desde janeiro de 2014.

David Gonçalves de Almeida


[1] “Os palitos na freguesia de Lorvão : da manufactura à maquinofactura” / Paula Cristina Ferreira Silva. – Coimbra: Minerva, 2000. – 75, [1] p. : il. ; 24 cm. – Bibliografia, p. 47-49 Link: http://id.bnportugal.gov.pt/bib/bibnacional/1077425

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