Chegados que estamos a vésperas de festas populares, deu-me a curiosidade de ir perceber se, no tempo de nossos avós, aconteciam festas que reunissem o povo na nossa Penacova.
Fui, ao acaso, ao maço dos antigos jornais do Notícias de Penacova e encontrei, no ano de 1933, um título bem apelativo. Era ele:” 11 de Junho de 1933, Penacova em festa”.
Nem mais! Logo me interessou pela coincidência de, neste ano de 2022, haver festa em Penacova precisamente a 11 de Junho e o seu terreiro ir ser palco do desfile de marchas populares e agradável convívio que passará por oferecer, também, provas gastronómicas típicas desta quadra.
Essa a razão da minha escolha. Passemos então a perceber o porquê dessa festa em 11 de Junho de 1933. Essa festa unia dois Concelhos, Penacova e Poiares, que quiseram dar as mãos em prol da conquista do progresso da sua terra e do seu povo naquilo que a ambas dissesse respeito. É que a união faz a força!.
Nessa data, Poiares desceu ao Mondego e atravessado que foi. veio ao encontro, com a sua Filarmónica Fraternidade Poiarense, juntar-se ao povo penacovense de onde se destacava a Filarmónica da Corporação dos nossos Bombeiros. Nesse encontro uniram-se e vieram a executar, em conjunto, peças musicais escolhidas para o evento.
Nesse cortejo que seguiu da Rebordosa para a capela de São João, da nossa vila., vinham os estandartes das filarmónicas, as dos Municípios e as das Agremiações de Chelo, tal como a de “Chelo Recreativo Club e do “Grémio Recreativo de Chelo”.
Da capela de São João seguiram para os Paços do Concelho onde, na sala do Tribunal de Julgado, ocorreu a Sessão solene em que se perfilaram e falaram os ilustres de ambos os Concelhos. Acontece que, a certa altura, se começaram a ouvir o canto e uma orquestra que se aproximava. “Foram minutos de encanto!”- assim relatava o repórter autor do texto em causa. Eram “as harmonias de um coro de rapazes e raparigas e os acordes de uma orquestra sob a regência do Músico- amador, Álvaro Alberto dos Santos, que entoava o Hino de Penacova!” Era o rancho do ” Clube Mocidade da Cheira. Todos se levantaram em sinal de respeito!
Foram momentos de entusiasmo e maior alegria escutando o hino que dizia:
Minha terra Penacova
Terra minha sem igual
Onde paira a paisagem
Mais linda de Portugal
A seus pés corre o Mondego
Sempre de noite e de dia
E Deus deu-lhe por farol
Nossa Senhora da Guia
Altar mor de maravilha
Que a natureza nos deu
Porque não somos amigos,
Neste cantinho do céu?
Deixemos o mal te quero
Trocado por vida nova
Para em coro gritarmos
Viva, viva, Penacova!
E é com este convite, feito pelos nossos Avós, que aqui deixo este relato de um momento de festa que promoveu a união, não só entre o povo de Penacova, mas com povos vizinhos. “A união faz a força!”
Maria Helena Marques