Maria Helena Marques
Nos tempos que correm, a publicidade parece uma “praga” indispensável, para o bem e para o mal!
Qualquer produto vendável, seja de que espécie for, vai ter que ser publicitado e, de preferência, da maneira mais chamativa possível. Temos que concordar que alguns anúncios são bem engenhosos e atraentes.
Nos meios de comunicação social, nomeadamente na TV, esgotam-nos a paciência com intervalos intermináveis que preenchem tempos exagerados em que apetecia que dessem seguimento continuado ao programa em que se está interessado…
Percebe-se a razão da sua existência, só porque são esses anúncios que ajudam a financiar os programas ou as páginas de jornais e revistas bem como programas da rádio.
Mas, verdade verdadinha, não simpatizamos com eles.
É um mal necessário que não deixa de ser fastidioso ainda que, muitos deles, úteis e com informações importantes.
Além dos anúncios há, também, os “rótulos”, às vezes difíceis de decifrar, tão pequeno é o tamanho da letra e, para mais, quase sempre na parte de maior interesse conhecer.
São os rótulos que identificam o conteúdo. Por eles somos informados e esperamos que uma coisa condiga com a outra.
E…por falar em rótulos , pensei noutros, para além destes e que são aqueles com que a sociedade classifica muitos membros dessa mesma sociedade.
Colam-nos, normalmente, em pessoas débeis ou diferentes no seu aspeto, postura ou condição física, mental ou de condição social mais desfavorecida.
Esquecem, por completo, que todos os cidadãos têm sentimentos e os mesmos direitos. Alguns até precisam mais de apoio e de serem reconhecidos como seres humanos de direitos iguais.
Quantas lições de vida, muitos, nos dão!
Lembro, por exemplo, duas situações que me tocaram pela genuinidade de quem os praticou e que eram elementos da sociedade dos tais com rótulo de “coitadinhos”.
Um dos casos foi que, num passeio de fim de dia, encontrei um jovem (de meia idade) que segurava de encontro ao peito um ouriço cacheiro.
Questionei-o. Ele me disse que o tinha encontrado na estrada e, para evitar que o matassem (às vezes de propósito) o ia levar para a sua horta onde ele seria útil e ficava protegido.
Um outro exemplo foi, e ainda é, dado por um homem frágil mental, mas trabalhador que, quando vai estrada fora (e ele caminha muito a pé) vai, sempre apanhando papéis e plásticos que encontra caídos no chão, a dar mau aspeto ao ambiente e deposita-os no primeiro caixote que encontra.
Já o louvei muito pelo seu gesto voluntário e genuíno de amigo do ambiente.
Lições que os “não rotulados” deverão aprender e a deixar de classificar as pessoas rotulando-os de cidadãos de segunda.