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Luís Pais Amante

Fernando Albino Sousa Chalana – 1959 | 2022

Fernando Chalana, jogador de futebol dos tempos em que a vida era muito complicada, até
para quem sabia jogar bem à bola, faleceu.
Ultimamente passou mal, com problemas diversos de falta de saúde.
Nos meus tempos de jogador (que foram, também, os tempos do início dele próprio), dava
muito gozo ter este pequeno prodígio como nosso ídolo; Chalana só havia um, o nosso e mais nenhum!
O Messi ainda nem estava no projecto de vida dos seus pais…
Mas, verdade verdadinha, o Fernando tinha um potencial de futebol instalado no seu pequeno tamanho que, noutras circunstâncias de tempo, teriam sido um caso sério no futebol mundial:
drible curto, frente apontada ao meio do corpo dos defesas, passe exímio, cruzamentos de
fantasia, cuecas a torto e a direito e, até, golos…parecia um boneco a pilhas.
E tudo isso durante o jogo todo, como se fosse acabar ali a sua vontade indomável de ser feliz.
!…e sorriso nos lábios, nos olhos, na trunfa e no corpo todo, tal era o prazer que lhe dava
jogar…!
Para além de tudo isso (o que nem sempre é normal nestes génios) o Chalana era um ser
maravilhoso: simples, altruísta, pouco dado a questiúnculas, amigo do seu amigo e, mesmo,complacente para com o seu inimigo.
Não ligava a clubismo para seleccionar os amigos, nem pediu nada a ninguém quando a vida (económica) lhe correu menos bem.
Foi exemplo de fãs que ainda hoje brilham no reino do futebol; ensinou-os às carradas; mas não consta que algum o tenha ajudado como, se calhar, precisou…e merecia.
A vida está a tornar-se egocêntrica de mais e nesta área dos milhões para aqui e para acolá, ainda não se terá aprendido uma palavra básica de salutar: solidariedade!
Foi-se um Homem Bom!
Perdeu-se uma lenda inigualável do nosso futebol!
E agora vamos todos, quiçá envergonhados, carpir as mágoas!
… só que ele, o Fernando, já não precisa de nós!

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3 COMENTÁRIOS

  1. Chanala, que saudades, a bola fazia show, o público gritava, vai Chanala, mais um.
    Igual ao Chanala é difícil ver um profissional como era, sabia jogar.
    Chanala descansa em paz.
    Meu amigo Dr. Luis parabéns pela linda
    homenagem ao Chanala.

  2. Não sou da tribo de futebol, embora tenha a minha inclinação clubística. Táticas, jogadas, equipas, treinadores, jogadores, presidentes, tudo isso me passa mais ou menos ao lado. Mais, ainda: não me sinto representado nem consigo ver como heróis – para mais, nacionais – uma série de indivíduos cobertos de tatuagens e com penteados exóticos, que se expressam numa linguagem estereotipada, tosca e vazia.

    A verdade é que, por opção consciente, nunca liguei demasiado a estas coisas do pontapé na bola, e à mesa com os amigos, sempre assisti com indisfarçável gozo aos grandes duelos verbais, em que estes se enredam para analisarem os últimos jogos disputados. Mas cheguei a ver jogar o saudoso Matateu, na única vez em que, ainda rapazinho, fui levado a ver um jogo de futebol – o único a que alguma vez assisti, ao vivo. Já lá vão mais de seis decénios…

    Tudo isto para dizer que, pese embora este meu afastamento do fenómeno, não deixo de ser sensível a certos intervenientes, independentemente do clube que representem. A simpatia e a postura pessoal é que me motivam, de maneira que não posso deixar de aderir a esta homenagem que o Luís Amante presta a Fernando Chalana.

    Todos sentiremos falta não só da sua alegria e do seu empenho em campo, mas também da sua modéstia, da sua simpatia e da sua afabilidade fora do campo. E isso faz a diferença, e de que maneira!

  3. Como falta no nosso cotidiano a atitude de homenagear a quem teve significado para nós. Homenagear com um brinde, com um acender de vela, com palavras ditas, com palavras cantadas, com palavras escritas como fez nosso grande, querido e sensível Luís Amante, é antes de tudo expressar nossa gratidão pelo aprendizado e pela experiência com que fomos presenteados.
    Obrigado, Luís por mais esse ensinamento!

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