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Luís Pais Amante

Todo o Povo Português se recorda da união feita força de uma nação inteira, contra a ocupação da Indonésia e pela libertação de Timor Leste.
Aconteceu nos anos de 1999/2022 e significou, só, a nossa maior manifestação colectiva a seguir ao 25 de Abril…
Crianças, jovens, mais velhos e muito mais velhos, estudantes, trabalhadores, professores, a gritar pela Liberdade de um Povo Heróico, português, independentemente da colonização.
Nas avenidas, nas praças, nos estádios, no cinema, nas televisões, gritava-se “Independência para Timor”!
Portugal desempenhou um papel importantíssimo na dupla obtenção do estatuto de
independência por parte desta pequena nação, que continua jovem e por onde se tem movido interesses muito contrários à liberdade que o Povo Irmão nos merece.
Fê-lo na data subsequente ao 25 de Abril de 1974, mais propriamente em 28 de Novembro de 1975 e, depois, em 20 de Maio de 2002.
Estiveram nos flashes da fama pessoas hoje muito, mas mesmo muito polémicas, para não
dizer cheias de mácula (Xanana Gusmão e Gimenes Belo).
Muitos timorenses vieram viver para Portugal, no tempo da nossa colonização e no tempo da colonização da Indonésia, tendo sido acolhidos como cidadãos de primeira.
Alguns com os quais tive o grato prazer de trabalhar.
Pessoas docéis, educadas, focadas, inteligentes.
!… e, mais recentemente, estão a chegar aos magotes, mas para o sufoco dos designados por mim como “vítimas do tráfego nas Odemiras deste mundo” …!
Aqui fala-se muito pouco disso; ninguém está a ligar o suficiente a esta situação complexa:
nem a ACT (que continua em teletrabalho); nem o Estado (entendido como um imenso
conjunto dos seus representantes); nem os Sindicatos; nem os Partidos Políticos, nem…nem.
Infelizmente também nada sabíamos quando rebentou o escândalo de fazer de um País de
emigrantes, um País de escandaloso tráfego humano de trabalhadores de outras origens ainda mais pobres do que nós.
Lembram-se?
Agora parece que nos transformámos numa plataforma de trânsito de pessoas timorenses
fartas da pobreza que as negociatas do ouro negro lhes conseguiu dar.
Pois é!
Uma outra figura de Timor Leste (Mari Alkatiri, que já foi Primeiro Ministro de lá por duas
vezes) e Secretário Geral da Fretilin, vem agora pedir a Portugal para não deixar cá entrar os seus compatriotas.
E quando se lê a notícia pensamos que o senhor está louco; mas não!
Ele quer acabar, justamente, com este degredo da traficância de trabalhadores sem direitos no nosso País.
Andamos todos tão preocupados com os nossos problemas que nos esquecemos por completo de que só se ganha dignidade, dando dignidade, que é como quem diz, dando condições dignas a todos, mormente aos nossos irmãos.
Se calhar, temos de adaptar a canção do Luís Represas, que nalgumas partes se mantém
actual: Ai Timor, calam-se as vozes dos teus avós …

 

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7 COMENTÁRIOS

  1. Há cerca de 15 anos que a O.I.T. adoptou o conceito de “Trabalho Digno” e desenvolve uma agenda para o divulgar e generalizar a sua aplicação. Claro que, cá neste jardim à beira-mar plantado, só agora começa a falar-se do assunto que, para a grande maioria dos trabalhadores portugueses, nada mais é do que uma nebulosa miragem, pois apenas em Abril do ano passado o XXII Governo expressamente o assumiu como objectivo. Falta agora concretizá-lo…

    Já há uns tempos que, aqui nas páginas do “Penacova Actual”, o Luís Amante abordou esta temática da desavergonhada exploração de trabalhadores migrantes, muitos deles timorenses, e das miseráveis condições de vida a que os mesmos são sujeitos, na zona do litoral alentejano.

    Ele e outros o fizeram, na imprensa portuguesa, mas, passada uma primeira comoção generalizada… no meio da espuma dos dias, tudo ficou mais ou menos na mesma!

    Os interesses envolvidos serão muitos, e poderosos? Serão, sem dúvida. Só assim se compreende tanto desinteresse, tanta negligência, tanta inércia e tanta ineficácia.

    Para mais, não esqueçamos que fazem parte desses esquemas não só os contratadores que os arrebanham nos seus países de origem, como também os capatazes que os controlam, no terreno, normalmente todos da mesma nacionalidade das suas vítimas…

    E depois, há a guerra, há a crise, há o inverno que se aproxima e durante o qual talvez não possamos usufruir das comodidades a que estamos habituados… Para quê preocuparmo-nos com aqueles seres (quase) invisíveis?…

    Quanto mais não fosse por motivos sentimentais, devia de nos doer mais particularmente ainda a triste sorte dos nossos irmãos timorenses envolvidos nesses esquemas tenebrosos. No entanfo, parece que nem isso nos comove!

    Triste país este, que foi (e continua a ser…) país de emigrantes, mas que tão mal acolhe os que para cá querem vir trabalhar, e permite que eles sejam vítimas de ardilosos esquemas, de contornos mafiosos, que ninguém parece ousar querer eliminar/afrontar.

  2. Numa altura em que mais se olha para o amor próprio, sempre com o fito de satisfazer os nossos desejos, passam-nos ao largo todos os planos maquiavélicos de quem vive para explorar quem mais necessita. Incompreensível e merecedor de forte repúdio, clama-se que a justiça cumpra o seu dever forçando os exploradores a cumprir as leis em vigor e que se forem provados os factos, sejam condenados para exemplo de outros prevaricadores.
    Lamentável que em pleno século vinte e um ainda existam “senhores e escarvos”.
    Felicito o amigo Luís Amante pela abordagem deste assunto que muito poderá ajudar a quem mais precisa.

  3. Enquanto houverem vozes, como a sua, Luís, inconformadas com as injustiças haverá a esperança.
    As vozes tem que serem somadas para que as mudanças aconteçam.diante de tanta passividade.

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