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Luís Pais Amante

Já tenho escrito sobre o que é a minha opinião livre acerca de algumas posições do nosso
Presidente da República.
E nunca o fiz sem clarificar o que penso dele e donde é que o conheço.
Porque o Senhor Presidente -como qualquer cidadão deste País livre- não está acima da Lei, nem é inimputável. Candidatou-se a um cargo sindicável por natureza e nós, cidadãos comuns, temos estrita obrigação de o criticar quando ele erra. Até de lhe chamar, com respeito, embora, à atenção.

!… O erro sobre o qual hoje opino, é sobre o impropério relacionado com os abusos sexuais a menores sob proteção da Igreja, que na expressão literal -e na displicente expressão facial de enfado- se tornou absolutamente reprovável…!

– Reprovável porque num País onde a liberdade religiosa é um ganho constitucional, ninguém votou no Professor Marcelo católico praticantíssimo, votou-se no homem;
– Reprovável porque a obrigação deste Presidente da República -como o dos outros dos outros Países (quase todos) onde o flagelo aconteceu e acontece seria a de reprovação da actividade criminosa;
– Reprovável porque não devia, sequer, ousar desvalorizar o abuso sexual pela idade dos
abusados, ou pela ocorrência das intoleráveis prescrições que continuam a facilitar a vida a
muita gente, alguns próximos;
– Reprovável porque ser católico não é só ir à missa, ou comungar, ou praticar com mais ou
menos televisões a seguir os momentos que, na religião católica, que é a minha, são de recato, introspecção, recolhimento;
– Reprovável porque, nestas coisas da fé não baste dizer ser “militante católico”;
– Reprovável porque -quer queira quer não, fragilizou um País já em desintegração num
momento muito crítico, quando deve é zelar pela sua pacificação;
– Reprovável, finalmente, porque obrigou a maioria insatisfeita a vir em sua defesa e dela vai sair, naturalmente, mais refém.

Vejamos

A Igreja está a desenvolver um trabalho que merece o aplauso de todas as pessoas de bem, ao contrário do que vinha fazendo há séculos.
É uma posição arrojada e gigantesca que envolve amizades, dependências, apadrinhagens, etc, etc.
Não vale a pena, sequer, relembrar ao nosso Presidente que os tais de 90 anos ou mais, foram abusados no tempo dos Cerejeiras deste País, a coberto, principalmente, do recato dos Seminários fechados, para onde iam os rapazes sem posses. Tudo abafado!
A Igreja assumiu o seu papel de protector; e esses factos reiterados, mancham a condição de proteção da Igreja. Ou temos alguma dúvida nisso?
Aliás, já antes existiram atos de fé que saíram da boca do Senhor Presidente,  relativamente a Pessoas da Igreja, que só os fragiliza a eles próprios e isso é intolerável.
Marcelo não é -ou é?- o defensor oficioso da Igreja no seu todo considerada?

Abusar, sexualmente ou não, só abusar, de crianças, de menores ou de maiores sujeitos a
proteção é um paradigma hediondo, seja na Igreja ou noutra Instituição qualquer.
Desvalorizar estatisticamente essa desgraça, não casa com a função de qualquer político;
muito menos quando ele é o topo da Magistratura da Nação, devendo ser garante da
“…unidade do Estado…”.

Precisar deste Primeiro Ministro para o desculpar, sendo entendido como seu porta voz, é o
pior cenário que ele próprio algum dia antecipou; pôs todos os outros partidos, em Belém, a manifestar o seu desagrado profundo.

00É um tempo triste, de facto.

E convenhamos, que já não há paciência para desculpas!

 

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7 COMENTÁRIOS

  1. Análise serena é merecedora de atenção de todos mas, muito especialmente, de quem ocupa lugares de responsabilidade pública ou privada.
    Abraço

  2. É vergonhoso num país democrático como Portugal, vermos o nosso Presidente a proferir tal discurso. Concordo plenamente com o autor. Palmas para o Doutor Luís

  3. Muito se fala, agora, dos abusos sexuais praticados por elementos do clero católico português, e muito haverá a discutir para se entender a complexa teia que tem permitido que eles aconteçam, sejam mais ou menos admitidos, quando não manifestamente escamoteados do público, e por isso se perpetuem.

    Todos eles abusos odiosos e vergonhosos, sem dúvida, mas certamente os mais dolorosos e repugnantes serão os que vitimaram crianças frágeis e indefesas, muitas delas sem família, confiadas à guarda das instituições da Igreja Católica para que as educassem e protegessem.

    A sua quantificação precisa talvez nunca possa ser efectuada, mas, na minha modesta opinião, os números até agora apurados pecam por serem diminutos. Ainda assim, um caso apenas que fosse, já era intolerável!

    Para quem tenha, ou tenha tido, algum contacto ou informações acerca de certos ambientes católicos – colégios, seminários e sacristias, entre outros – é óbvio e intuitivo que há/houveram, muitos mais casos.
    Isto sem embargo das muitas e exemplares figuras de elementos do clero católico, de ambos os sexos, cujos exemplos e obras honram e dignificam a instituição que servem e representam.

    Mas confesso que não consigo compreender bem o tremendo sururu que se instalou á volta do comentário do P.R. acerca dessa quantificação. Porventura o defeito será meu. Mas, na realidade ele apenas constatou o óbvio e, nisso, estou com ele. Sinceramente, acerca desta questão, eu que não sou P.R., tenho dito exactamente as mesmas palavras…

    Dir-se-á que o fez esse comentário duma forma algo superficial. Sem dúvida. Depois, o seu estatuto de católico praticante, publicamente assumido, encarregou-se de agravar a situação.

    Vai daí, uns criticam-no porque ele usou aquele tom para branquear a posição da Igreja Católica, outros criticam-no porque ele, ao usar aquele tom, desvalorizou o sofrimento das vítimas.

    Mas isso é um risco para quem está sempre a ser solicitado para falar/comentar e não consegue resistir à tentação de o fazer…

    Enfim, não consigo entender este sururu desencadeado pelo actual P.R., mas começo a perceber porque nunca votei nele. Há males que vêm por bem.

  4. Sou católica desde pequena e lembro que sempre ouvi falar de casos de abusos sexuais dentro da igreja, para mim não existe pecado pequeno ou pecado grande pecado é pecado, o mesmo acontece com os crimes, crime é crime. Sou católica e não defendo a igreja desse ponto antes de ser padre ou madre são seres humanos sujeitos a erros e devem assumir tais erros e responsabilizados pelos mesmos estamos a falar de crimes sexuais em um local que as pessoas deviam ser protegido e não acontece infelizmente.

  5. Pessoas que estudam o assunto, ou que tratam vítimas de abusos ou os próprios abusados sabem muito bem do peso dos traumas psíquicos , das feridas psicológicas de difícil cicatrização e dos possíveis desdobramentos durante a vida. Não há que se ter meias palavras sobre o assunto.
    Parabéns Luís por mais esta contribuição social!

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