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Luís Pais Amante

A gente vai passando os anos
Vai curtindo a vida
Tentando surfar na crista da onda, por vezes perdida
Que ficou lá pra trás entristecida
Até que damos por nós mais velhos
Com a pele mais baça, mais carcomida
!… A estrada começa, então, a ficar muito mais estreita …!
Já não é larga, Auto
Já não é mais ou menos IP
Nem complementar IC
Nem sequer Municipal
De alcatrão, calçada ou paralelepípedo
É mesmo um só ponto cheio das paragens
Das nossas imagens feitas em rodopio no rodapé
Da nossa televisão interior
Ou do nosso usado motor
Com as saudades misturadas com o vento
Em modo de frias aragens circulando em movimento
Das amizades firmadas em certo momento
… Quais abraços cobertos de fino filamento
Por vezes frágeis
Que passam agora por nós, no nosso pensamento
A correr
Em catadupas de tons, com sons de maré
E dá pra elucubrar, então, ao relento
O nascimento
O tempo da vida vivida
O seu ritmo
E a experiência acumulada
Sentindo-a e absorvendo-a
Como se já tivesse sido um passeio longo
Pela estrada-caminho do nosso Outono, com as folhas caídas
!… que se vai fazendo terra batida, na batida finita da nossa vida …!

Luís Pais Amante
Casa Azul

A nostalgia que eu sinto, ao ver algumas Pessoas da minha idade com tantas comorbilidades.

Foto captada pelo autor no Parque Verde em Penacova

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7 COMENTÁRIOS

  1. Achei o poema lindo, profundo, actualizado para a nossa idade, mas ao mesmo tempo um pouco depressivo, sem grandes saídas para nós. O que fazer com o passar dos dias? Olhar o Outono e desejar a primavera? Beijinhos

  2. Um poema que nos coloca diante de nossa finitude, do passageiro, das lembranças das amizades passadas, de momentos de realização e alegria, de momentos de perdas e lágrimas. Um poema que ao mesmo tempo que mostra nossa fragilidade, nos desperta para sentirmos e absorvermos não só nosso passado mas o momento que estamos vivendo. Obrigado Luís pela reflexão que seu poema inspira.

  3. O poema fez-me lembrar, os meus colegas do ensino secundário, ainda ontem postei uma foto com eles, grande nostalgia. Na vida, devemos aproveitar a caminhada. Nga sa kidila kamba diame-traduzindo. Obrigado amigo.

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