No Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada, o Presidente classifica como preocupante “o aumento registado da criminalidade rodoviária, sobretudo devido à condução sob o efeito do álcool”.
“Os dados mais recentes revelaram a perda de mais de 250 vidas vítimas da estrada e de quase 1.400 feridos graves, só nos primeiros sete meses deste ano, o que evidencia a absoluta necessidade nacional de reforçar a prevenção rodoviária”, defende Marcelo Rebelo de Sousa.
“No dia em que se reconhece a fatídica dimensão da sinistralidade rodoviária para o nosso país, não podemos recordar apenas os que partiram, devendo-se também salientar todos os que sobreviveram e todos os familiares que enfrentam, com muita coragem e resiliência, os desafios diários de uma nova vida”, salienta.
Na mensagem divulgada no site de Belém, o Presidente presta também homenagem “a todos os profissionais que se dedicam a salvar e a cuidar quem enfrenta as consequências traumáticas da sinistralidade”.
“Para eles o sincero agradecimento e reconhecimento pelo esforço e dedicação aos nossos concidadãos que recebem resposta pronta, mesmo perante situações de risco que, infelizmente, por vezes resultam no sacrifício das suas próprias vidas”, sublinha.
Secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, alerta que este é o único indicador que não está a descer face a anos anteriores.
“Temos efetivamente uma preocupação com as infrações que são detetadas relativamente à condução sob o efeito do álcool”, afirmou a governante, em declarações aos jornalistas, em Évora, à margem da cerimónia nacional para assinalar o Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada.
Este é “o único indicador que, este ano, não está, efetivamente, a decrescer e, portanto, é um sinal e uma demonstração clara que é uma das áreas em que nós temos que trabalhar bastante”, completou Patrícia Gaspar.
O relatório mostrou que o número de condutores com excesso de álcool registou “um aumento expressivo” até julho deste ano, em relação ao mesmo período de 2021, tendo as infrações subido cerca de 60% e as detenções quase 77%.
A condução sob efeito de álcool foi a única infração a registar um aumento nos primeiros sete meses deste ano.
Em Évora, a secretária de Estado lembrou hoje que a Comissão Europeia “definiu 2019 como o ano de referência e de comparação estatística”, pois, 2020 e 2021 são anos que, devido à covid-19, apresentam “números distintos” e “não são bons para estabelecer comparações”.
Este ano, “um aspeto positivo face a 2019, é que praticamente todos os indicadores de sinistralidade reduziram, quer o número de acidentes, quer o número de vítimas”, com exceção das infrações da condução sob efeito do álcool, assinalou Patrícia Gaspar.
“Aquilo que percebemos é que há aqui uma questão específica com o álcool, que tem efetivamente que ser trabalhada e é neste campo que estamos a trabalhar, inclusive com o Ministério da Justiça”, realçou.
A governante lembrou que têm “vindo a aumentar muito as ações de fiscalização” nas estradas, “por meios presenciais [ou] por sistemas de deteção automática, como as câmaras de vigilância”, e que, este ano, já foram fiscalizados “cerca de 72 milhões de condutores”, o que traduz “um aumento de sensivelmente 11%, face a anos anteriores”.
Apelando ainda aos comportamentos individuais dos condutores, “porque a condução sob o efeito do álcool pode ter e tem efeitos devastadores”, Patrícia Gaspar lembrou que, este ano, até julho, já tinham sido contabilizadas 253 vítimas mortais.
“Qualquer vítima mortal é um número que nos deve preocupar”, afiançou, aludindo às “metas muito ambiciosas” na área da sinistralidade: O objetivo passa por, até 2030, “reduzir 50% do número de vítimas nas estradas e, até 2050, chegar a uma meta que é muito ambiciosa, que é zero mortes na estrada”, porque este “é o único número aceitável”.
O Dia Mundial das Vítimas da Estrada foi hoje assinalado em Évora, como uma missa, uma marcha lenta entre a Praça do Giraldo e o Jardim da Memória, onde os participantes depositam varas no memorial, e mais atividades, promovidas pela Associação GARE e a Liga de Associações Estrada Viva, em parceria com outras entidades.