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Um diamante memorial em anel

O luto é um dos mais difíceis processos que enfrentamos ao longo da vida e cada pessoa tem a sua própria forma de lidar com a perda daqueles que lhe são próximos. Em Portugal, os costumes fúnebres têm um vincado passado católico que perdura até aos nossos dias, mas o recente aumento de cremações sugere que possamos estar perante uma gradual mudança de paradigma, para além de que existem cada vez mais alternativas aos enterros tradicionais. Uma destas abordagens consiste em transformar amostras de cinzas em diamantes – frequentemente designados de diamantes de memorial, ou diamantes de cinzas.

Diamantes feitos de cinzas: uma despedida moderna para os seus entes queridos

Segundo os Censos de 2021, 80% da população portuguesa é católica e, como tal, os funerais convencionais continuam a ser a escolha mais comum. De facto, falar sobre a morte em Portugal é um processo ainda envolto nalgum tabu, particularmente quando o assunto são as alternativas existentes aos enterros tradicionais, uma vez que a relação entre morte e religião está ainda bastante presente por todo o país.

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Ainda assim, na última década, as cremações registaram um aumento de 2% para 28%. Existem vários fatores associados a este crescimento: algumas pessoas simplesmente não simpatizam com a ideia de ir para debaixo da terra e preferem ser reduzidas a cinzas, outras escolhem esta solução devido ao custo e, claro, existem famílias que gostariam de manter as cinzas do falecido junto de si – algo que claramente o sepultamento não permite.

Após a cremação, as cinzas são devolvidas à família e preservadas no interior de uma urna, mas atualmente já é possível submeter uma amostra das cinzas ao processo de síntese, criando os diamantes de memorial – ou diamantes de cinzas. Cerca de 18% do corpo humano é constituído por carbono, o mesmo elemento químico de que são feitos os diamantes, pelo que é possível extrair os átomos de carbono das cinzas humanas em laboratório, purificá-los e aplicar a pressão necessária para gerar os diamantes de memorial. Os diamantes de memorial podem ainda ser feitos com cinzas de animais de companhia e, para além de cinzas, também ser utilizadas amostras de cabelo, ou de ossos carbonizados.

Os diamantes de memorial já podem ser encomendados a partir de Portugal e são uma tendência crescente na Europa. O custo dos diamantes de memorial é influenciado por fatores como o número de quilates, a cor pretendida e o trabalho de lapidação. À semelhança dos diamantes naturais, também não existem dois diamantes de memorial iguais, tornando-os peças verdadeiramente únicas que guardam o maior tesouro que temos: a memória dos nossos entes queridos.

Como os cientistas criam diamantes de memorial a partir de cabelo ou cinzas

Os diamantes memoriais são cultivados num ambiente controlado de laboratório

Os diamantes naturais são essencialmente moléculas de carbono submetidas às altas pressões no manto terrestre, levando mais de um bilião de anos até cristalizarem e atingirem a superfície terrestre. Só então é possível extraí-los da terra. Para além de raros, os diamantes são também o material natural mais resistente que existe, daí a terem um custo tão elevado. Porém, com a tecnologia atual, é possível recriar estas condições em laboratório e concluir todo o processo em poucos meses.

Este é também o método utilizado para criar os diamantes de memorial, sendo que a fonte de carbono utilizada para gerar estes diamantes de cinzas provém de uma amostra dos restos mortais carbonizados da pessoa ou animal que pretende homenagear. Por forma a eliminar todos os elementos indesejados dos diamantes de memorial, as cinzas são previamente purificadas, sendo depois submetidas a síntese por altas pressões. Os diamantes de memorial demoram entre 3 e 9 meses até se desenvolverem por completo e, tal como os diamantes naturais, são depois lapidados e polidos.

Os diamantes de memorial e os diamantes extraídos da terra partilham a mesma fórmula química, têm o mesmo grau de pureza e são lapidados com recurso às mesmas técnicas, simplesmente têm origens distintas – uns provêm do manto terrestre e os outros de cinzas humanas ou animais.

O que é que o custo de 1 900€ do diamante de memorial cobre?

Este é o custo de base para os diamantes de memorial e abrange as despesas de envio das cinzas ou das amostras de cabelo para o laboratório, localizado na Suíça, bem como todo o processo laboratorial, o corte do diamante e as despesas de entrega. Caso pretenda um diamante com mais quilates, ou com uma cor que envolva um processo mais complexo, este custo será superior. Existem ainda outros serviços extra que podem aumentar o custo final dos diamantes de memorial, tais como solicitar um certificado de autenticidade, inscrições a laser, ou uma base para acomodar a peça.

Por estes motivos, mesmo após consultar a informação nos sites das empresas que se dedicam à produção de diamantes de memorial, é recomendável um contacto direto com o fabricante para expressar exatamente aquilo que pretende e saber qual o custo total.

Transformar cinzas em diamantes de memorial é uma possibilidade ao alcance dos portugueses. Com o aumento das cremações no país, os diamantes de memorial ou diamantes de cinzas, são uma forma de guardar uma parte daqueles que já partiram e usá-la dia após dia, para que estejam sempre connosco. O custo deste serviço está dependente de vários fatores, pelo que deve contactar previamente a empresa responsável pelos diamantes de memorial e colocar todas as suas questões.

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