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Lisa Gambini

“Que o teu remédio seja o teu alimento, e que o teu alimento seja o teu remédio”: esta é uma frase de Hipócrates (460 a.C.-377 a.C.), o mais conhecido médico da Antiguidade e considerado o “pai da Medicina”. E cerca de 2400 anos volvidos, não poderia estar mais atual.

É sobejamente conhecida a relação estreita entre os hábitos alimentares e a incidência de doenças crónicas, bem como a importância da alimentação no tratamento e prevenção destas doenças. O consumo excessivo de alimentos ricos em gorduras saturadas, sódio e açúcares pode provocar graves problemas de saúde, doenças cardiovasculares, cancro, diabetes e doenças degenerativas.

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Os excessos, os alimentos processados, as “modas” alimentares ou os “frescos” disponíveis durante todo o ano afastam-nos de uma alimentação ponderada e sustentável. O alimento quando bem escolhido, respeitado e consumido na dose certa e à hora certa é o melhor remédio para promover a saúde e bem-estar.

Cada vez mais temos consciência do impacto que a forma como comemos tem na nossa saúde e no nosso envelhecimento. Tal como em tudo na vida, também na alimentação, o equilíbrio é a chave do sucesso e pequenas alterações na rotina diária e nos hábitos alimentares podem fazer toda a diferença e melhorar significativamente o nosso bem-estar. Portanto, não caíamos em fundamentalismos, nem em dietas “milagrosas”, sejamos, isso sim, conscientes e informados nas nossas escolhas alimentares.

De facto, não existem alimentos maus, existe má alimentação. Uma alimentação saudável é uma alimentação natural, variada e equilibrada. E tão importante como escolher ingredientes saudáveis e confecioná-los adequadamente, é o amor que colocamos na sua elaboração, o respeito pelo que a natureza nos dá e, claro, a valorização do momento da refeição e a partilha à mesa. Em Portugal, a Dieta Mediterrânica foi definida como património cultural imaterial da humanidade em dezembro de 2013 e abrange um conjunto de competências, conhecimentos e tradições e, em especial, o consumo de alimentos e a partilha. Enfatiza valores como a hospitalidade, a vizinhança, o diálogo intercultural e intergeracional, a criatividade, o respeito mútuo, bem como um modo de vida pautado pelo respeito pela diversidade e pelos ritmos sazonais.

Esta dieta, valoriza o elevado consumo de alimentos de origem vegetal; o consumo de produtos frescos, pouco processados e locais, respeitando a sua sazonalidade; a utilização do azeite como principal gordura para cozinhar ou temperar; a utilização de ervas aromáticas para substituir ou diminuir o sal; o consumo baixo a moderado de lacticínios; o consumo frequente de pescado, e baixo e pouco frequente de carnes vermelhas; o consumo de água como bebida de eleição, e baixo e moderado consumo de vinho a acompanhar as refeições principais; a realização de uma culinária simples e com os ingredientes nas proporções certas; a prática de atividade física diária e o fazer as refeições em família ou entre amigos, promovendo a convivência das pessoas à mesa.

Diversos estudos científicos sugerem que este tipo de dieta se associa a uma maior longevidade e diminuição de risco de desenvolvimento de diversas doenças, sendo considerada uma das dietas mais saudáveis do mundo. Reconhecendo a presença deste património alimentar mediterrânico como modelo cultural, histórico e de saúde, a Unesco reforça a importância da preservação e transmissão desta herança cultural para o futuro.

Por isso, valorizemos e respeitemos este saudável património, tenhamo-lo presente no nosso dia a dia e preservemos, pela saúde de todos, este legado para as gerações vindouras. Deixemos que o nosso remédio seja o nosso alimento, e que o nosso alimento seja o nosso remédio!

Lisa Gambini (Farmacêutica)

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