Saudade Lopes
Neste fim de semana, cerca de seis milhares de pés pisaram a bonita aldeia de Sazes, uma autêntica obra humana que engrandeceu o nosso Concelho, todo este acontecimento foi fruto da disponibilidade interior de alguém que construiu na sua mente objetivos de Bem Querer e Bem Fazer. Do pensamento e da vontade passou à obra, envolvendo muitos outros que se entregaram este evento numa total disponibilidade e simpatia, incluindo os elementos da Junta de Freguesia.
Aqueles grelhadores e aqueles tachos não sossegaram, enquanto não foram servidos cerca de 500 comensais, uma organização que se destacava com brio, sempre prontos a servir e a intervir se necessário. No bar encontrei uma senhora, mãe de um jovem que veio dos lados de Taveiro para colaborar, isto é a vida a renascer. Ver pais, filhos e outros familiares a trabalharem unidos fraternalmente – saíram dos seus “túmulos” isto é viver a Páscoa e a Ressurreição.
Ver o sorriso estampado no rosto de um homem que, até ao momento, não tinha acesso a uma cadeira de rodas e de repente se encontra sentado num equipamento da sua pertença, que lhe vai permitir alguns movimentos no dia a dia – foram 300 pessoas que caminharam por esta causa, é sem dúvida uma honra para quem trabalhou para esta finalidade, só grandes corações conseguem estes atributos.
Uma aldeia cercada de sons, música, arte e cultura, com 100 gaiteiros oriundos de vários pontos do País, com os seus bombos, caixas e gaitas de foles mostraram as tradições musicais, vieram reavivar memórias esquecidas no tempo aos mais velhos, bem como enriquecer aquela juventude presente que nunca tiveram contacto com este tipo de música. Ainda a referir a homenagem feita a três gaiteiros do concelho, homens que ao longo da sua vida promoveram alegrias e sorrisos com a sua arte musical. Um deles o meu querido pai, que muito me orgulho e agradeço a todos os envolvidos especialmente ao grande Paulo Rodrigues, um Penacovense que move rios e montanhas. Transcrevo um poema escrito e lido pela minha irmã Lina Ferreira, no momento da homenagem.
“Oh Serafim Gaiteiro, o meu Pai
Quanto amas a vida
Quanto gostas de festa
E das pessoas à tua volta
Quanto amas sorrir e rir de verdade
Quanto amas a música
Na ponta dos teus dedos
Fazes soar no bombo
Aquela maçaneta poderosa
No teu sorriso rasgado
Alimenta o teu ser, e tu brilhar
Brilhar de alegria no toque daquele som
E, essa alegria, a tua calma, a tua doçura
Complementam aquela música
Que ecoa em cada um de nós
É tu pai, sorris de felicidade
É sem dúvida arte de tocar
É amor pela arte de viver
Amor pela arte de saber viver
Amor pela arte de ser feliz
E embalado naquela emoção
Que combina tão bem com o teu ser
Deixas te levar e tudo flui com Amor
Obrigada pai.”