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Luís Pais Amante

Partimos, nesta nossa Reflexão, do facto de o livro de Platão traduzido como “A República” ser, no seu original, intitulado Politeía e, também, no facto de Aristóteles ter escrito que (…) o homem é, naturalmente, um animal político (…).

Politeía, no grego antigo, abrangia os procedimentos relativos à Pólis (ou cidade-Estado); por extensão significava, para além disso, também, procedimentos com a sociedade, com a comunidade e com a colectividade.

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É assumido por mim -tanto em resultado da  minha formação, como no meu ideário- que exercer política é assumir responsabilidades só compatíveis com grandes qualidades morais e de competência.

A actividade política só se justifica se for levada a efeito pelos profissionais dessa nobre profissão, buscando, nas suas ações, a conquista do poder, naturalmente, mas para garantia do bem público, uma vez que, respeitar a ética significa defender o bem comum e o bem estar da sociedade, sem preocupação com o exercício banal do poder ou com o atingir de estatuto mais ou menos elevado.

Platão (filósofo grego que escreveu sobre amor, amizade, política e justiça) nasceu em 427 a.C; Aristóteles (filósofo grego que estudou e desenvolveu a ética) nasceu em 384 a.C..

E porquê esta pequena introdução?

Inexoravelmente para concluir que os ensinamentos daqueles dois expoentes da filosofia, da ética e da política ainda se mantêm actuais.

Infelizmente para constatar que o mundo -no que concerne aos conceitos- pouco evoluiu em 2.500 anos, o que se me configura dramático…

Existe muito a tendência para se dizer mal dos políticos, é um facto!

Existe muito mais a prática, por estes, de perderem a noção de que são eles -que têm por missão ser votados, em exercício democrático- que têm por obrigação ilidir a realidade acima!

 Ou não será assim e sou eu que estou enganado?

Tudo isto para trazer à nossa discussão um corolário essencial, qual seja o de que são, efectivamente, os políticos que devem, em primeira linha, qualificar a política, no sentido de a engrandecer, porque é dela que se servem para se afirmarem e é dela que vivem!

Aliás, sejamos justos, isto mesmo acontece, ainda, com muitos deles…

Se assim é, vejamos exemplos práticos e recentes:

– qualifica a política termos os partidos -todos eles- a continuar as suas guerrilhas estéreis no tempo que estamos a viver, como se estivéssemos num tempo normal?

– qualifica a política ter que se entrar em dramatização absurda para sensibilizar os parceiros seleccionados (compagnons de route)?

– qualifica a política exercer pressão e procurar “ganhos insensatos” numa situação lastimosa em que todos nos encontramos?

– qualifica a política demonstrar por actos que a nossa sociedade está dividida -e vai ficar ainda mais- entre funcionários públicos e trabalhadores do sector privado?

– qualifica a política querer aplicar, esbanjando, as subvenções de Bruxelas e querer que se saía (já) da União Europeia?

– qualifica a política comemorar acontecimentos (nos moldes em que se têm feito e se vão continuar a fazer), porque a “política não está proibida” e somos quase todos uma cambada de reacionários, até os que não podem fazer nada a não ser ver a vida a desmoronar-se?

– qualifica a política fabricar e manter “guerrilhas” institucionais, distratando outras profissões?

– qualifica a política manter confidenciais -e/ou reservados- dossier’s da Saúde Pública?

– qualifica a política deixar crescer exponencialmente a desgraça e a pobreza e deixar ao Deus dará a nossa “população maior”, que está a morrer como se de tordos se tratassem, sem respeito nem  misericórdia?

Pois eu acho que não; que não qualifica, minimamente;

…  e que a postura adoptada, nas estratégias, dá para estarmos a ficar com a sensação de que os políticos, na sua generalidade, estão a querer fugir das suas responsabilidades, arranjando para tanto as desculpas mais esfarrapadas que possamos imaginar!

Vamos ver…

Luís Pais Amante

 

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