Luís Pais Amante
Acordei um dia destes com um turbilhão imenso na minha cabeça.
A Procuradora-Geral da República (referindo-se ao caso Tutti-Fruti) deu esta explicação estapafúrdia para complementar a explicação de um processo que dura, no inquérito, em área da sua responsabilidade, como as pilhas da duracel duravam antigamente; Lembram-se?
E em vez de ter vindo a público falar da falta de meios com que decidiu trabalhar por sua decisão própria, para tornar maior o curricula (em substituição apressada da Maria Joana, com que o Governo não se sentia à vontade; lembram-se) vem, só agora falar disso, o que é caricato e fica mal, até porque está a entrar no último ano do seu mandato e já não vai alterar seja o que for. Passou por lá!
É um argumento triste, de uma República triste, num contexto triste…
Convenhamos:
– a Justiça (toda ela) é um desastre total e absoluto e não vou, aqui, repetir tudo o que já escrevi sobre a matéria;
– não serve os seus Funcionários, nem os Juizes, nem os Procuradores, nem as Empresas, nem o Povo;
– o Ministério Público assume, constitucionalmente, um papel extraordinariamente importante na defesa, inclusive, dos mais carecidos e é, doutrinariamente, “O Advogado do Estado”;
– se um desgraçado qualquer, esfomeado, saca uma lata de salsichas para um filho menor comer, de um qualquer supermercado, é julgado a correr e condenado;
– os processos que envolvem os ricos ardem em lume brando, chegando, sem esforço, à prescrição;
– os dos políticos chegam a perder-se…por aí!
E o Tutti-Fruti (que é como quem diz o quase esplendor da fruta toda, podre) não anda, nem desanda por falta de meios?
– quem dá os meios não são os políticos?
– quem está em suspeição neste dito processo não são os políticos?
– e que carreiras (boas, tantas vezes com incompetências) é que já foram propiciadas a estes políticos -e a outros, muitos, muitos- por estes processos não terem desenvolvimento de acordo com a Lei, nos tempos da Lei (que são os únicos tempos conhecidos por essa mesma Lei) os processos em que são suspeitos?
Sra. Procuradora,
Lembremos que foi proposta, justamente, pela sua ligação à “ação penal”, como melhor consta do documento então elaborado para justificar a sua promoção..
Assim tendo sido,
Não é lícito admitir que já se devia ter pronunciado -ou abandonado as funções- assim que lhe não deram os meios para cumprir as suas obrigações perante o País, que são funções que devem sempre consolidar o Estado de Direito?
Será que não é lícito admitir -ou não é de elementar raciocínio- que os políticos (os seus amigos e os outros) nunca lhe darão meios para irem pra prisão?
Será absurdo pensarmos que nós (os que pagamos toda essa pouca vergonha) podemos relacionar o funcionamento da [in]Justiça dos últimos tempos com pessoas, casualmente relacionadas com homens, figuras proeminentes dessa política?
Será de esperar mais uma Conselheira na reforma?
Ou será só um pensamento errado?
Uma palermice sem sentido de um ex-colega seu, advogado com boa memória, cujos clientes vão sofrendo a bom sofrer?
Sinceramente, já não sei o que pensar de todas estas situações tão vergonhosas; …nem sei o que pensar das figuras de topo que se “encolhem” desta maneira.
Bateu tudo mesmo no fundo!
Luís Pais Amante
É evidente que algo vai mal aí no nosso Portugal!
Dr. Luis Anante, só me apetece vomitar perante estes políticos da vergonha.
Ao ler seu texto tão claro e direto, sem meias palavras, fica em uma dúvida. Será que em algum dia, em algum tempo poderemos sentir orgulho de nossos políticos e das instituições públicas teoricamente defensoras da justiça?
Dr. Pais Amante
Permita me que o felicite pelos artigos de opinião.
Joao simoes
Só não vê quem não quer. Este relato não é novo mas nunca é demais quando é feito com esta clareza através da pena do Dr Amante. Até quando iremos viver com este estado de coisas.
A ganância quanto mas tem, mas querer por isso lutam para se manterem nos lugares, se conseguissem fariam do poder vitalício. Política suja.