Rosa Teresa Amante
Quando eu era criança e durante toda a minha adolescência esta era uma das épocas mais bonitas do ano.
As caminhadas para o Reconquinho (sim o Reconquinho onde hoje foi hasteada a bandeira Azul e que é uma das praias fluviais mais bonitas do mundo) eram uma constante.
Nas margens do rio Mondego, a minha mãe e as suas amigas levavam as roupas para lavar nas águas límpidas; que por ali coravam, secavam e já voltavam para casa prontas a passar a ferro (no início de brasas, mais tarde eléctrico)
Hoje, perto do rio fechei os olhos e andei ao encontro de mim própria noutros tempos.
Lembrei-me da cestinha que a minha mãe levava para mim e do que nela existia: creme nívea que dava para tudo; uma muda de roupa; um chapéu de pano às bolinhas igual ao fato de banho (só um para a época inteira) fruta apanhada no quintal; um bolo fatiada e comidinha feita de madrugada.
Para além de uma bola ou de um balde não me recordo de mais brinquedos pois o que apreciávamos eram os mergulhos, as cantorias e jogar ao “Stop”, e “Verdade ou Consequência” bem como fazer desenhos na terra molhada.
Na adolescência fazíamos uma fogueira no areal e era ali que os jovens cantavam, namoravam e observavam o espelho de água e o encanto do silêncio ou o sussurro das águas a bater nas margens.
Tenho tantas saudades das cores e dos sabores de quando era menina!
A única coisa que encontrei hoje igual aos momentos de infância foi a cantoria das crianças a saltar nas águas; até me esqueci que a modernidade é urgente e necessária.
Hoje, na Praia do Reconquinho, foi com muita alegria que vi mais uma vez o hastear da bandeira Azul, entre outras.
Penacova tem uma praia fluvial das melhores, preparada para receber quem a quiser visitar.
Quem nasceu em Penacova e no concelho tem sempre este cenário na memória dos afectos.
Consigo imaginar-me sentada no Reconquinho com Clarinha, a Nelita, a Gaby, a São, a Jajá, a Bina, a Branquita, a Lucinha, a Augusta, as Lenas, as Cristinas, a Rosa Manuela, a Matilde, a Anabela, a João, a Teresa, a Paula Ferraz, a Dorita, o Alvarito, o Rui Tintin, os Borges, os Coimbra, os Viseu, os Leitão, os Alvarinhas e os meus sobrinhos e os da sua geração.
Na memória – e para sempre- estão as águas do Mondego (as mais belas da infância) e a minha mãe sentada na outra margem enquanto esperava que a roupa enxugasse.
Eu gosto sempre de voltar às coisas simples da minha vida…

Rosa Teresa Amante