Luís Pais Amante
Eu estou refugiado por aqui, em Portugal
Numa terrinha pequena da Beira Litoral
Onde ainda há “Visita Pascal”
E ando à volta do dicionário para aprender a língua
Deste bom País receptor
Acolhedor
Que é difícil, qual estupor
Estou com muitas dificuldades
Até com falta do amor
Por vezes até de carinho
E da companhia do meu carrinho de mão
Eu sou um refugiado ucraniano
Fugi da guerra, dos estrondos
E de vários ataques hediondos
À minha casa, em escombros
Que ficou pra trás
Esventrada na beira do Dniepre
O Rio do meus sonhos
Azuis e amarelos
Que agora são medonhos
Sinto a cabeça a rebentar
Com o ribombar das armas de matar
Vejo a expressão da minha Mãe a morrer
Ouço o grito dos meus Irmãos a sofrer
E já não consigo saber
Se foi um Soldado valente
Ou um vizinho competente
Que nos retirou dali, da confusão
De repente
A mim e ao meu Irmão Igor
Que estava vestido a rigor
Pronto para se casar com o seu Amor, a Lyuba
…Que também já cá não está, não senhor!
Luís Pais Amante
Telheiras Residence
No Dia Mundial dos Refugiados e solidário com eles, que precisam de mentes e fronteiras abertas.
Bem lembrado Dr. Luís!
Estamos numa época tão vulnerável que não sei bem onde vamos parar.
Infelizmente um drama bem real.
Refugiado será sempre um refugiado venha de onde vier a única coisa que pede um pouco de atenção de um apoio inicial porque o resto ele sabe bem fazer, trabalhar criar interagir participar na comunidade que o acolhe, não é um peso. O que falta é alguém que lhes de voz e visibilidade como o autor tão bem o faz, num tempo conturbado e cada vez mais extremado, um abraço Dr Amante.
Caro Luís! É difícil para mim expressar os meus sentimentos em palavras pela intensidade da emoção que tomou conta de mim ao ler seu poema. Sua ação nobre de colocar-se no lugar de um refugiado envolto num drama de terríveis perdas tocou-me profundamente pois meus pais e eu fomos refugiados logo ao final da Segunda Grande Guerra. Seu poema é uma ação humanitária. É a poesia à serviço de uma maior fraternidade. Muito obrigado.
Assim é a vida uns refugiados outros imigrantes, alguns a procura de melhores condições outros procurando refúgio e proteção, outros por necessidade maiores.
Não devemos julgar sem saber as razões, acolher e confortar é o que todos deviam fazer não importa a condição.
Bem lembrado Sr Luís Amante
Os refugiados que precisam de fronteiras e mentes abertas como diz o poeta. Precisam de serviços de acolhimento, pensados para quem está em situação de crise e stress pós traumático, facilitadores de uma adaptação e acomodação estruturante.