Luís Pais Amante
!… Foi já há seis anos…!
Que a incúria bateu de frente em Pedrógão Grande
Concelho da Beira Litoral
Abandonado
Apesares da beleza do seu património natural
Por onde o fogo passou endoidado
Pela Ribeira
Pelo Rio
Pela Serra que ainda hoje está quente
Mesmo dormente
Pela Estrada preta do luto com nomes
Pelos Nodeirinhos
Deste País indigente
…
De dois mil e dezassete
A dois mil e vinte e três
Afinal
O que é que se fez?
Pergunta o atónito português
Mudou-se de Governo? Sim/Não
Mudou-se de Ministro? Sim/Não
Melhorou-se a relação com o Bombeiro? Não, até piorou
Mudou-se de Primeiro? Não, até continuou
Mas aconteceu muito mais do que tudo isso
…
Manteve-se a aldrabice como padrão nas promessas vãs
A ineptidão para saber pensar, planificar ou fazer
Ou cumprir simples obrigações
E nós continuámos a não exigir explicações
Quiçá a não fazer queixas formais
De todos estas situações anormais
Cujos actores ainda “morrem de susto”
Por nada terem feito
A não ser a nacionalização
Do Fundo em dinheiro
Oriundo do País solidário, inteiro
E, agora, têm medo
De lá ir “limpar o arbusto”
Ou enfrentar o Povo robusto
Ou chorar no desgosto
Porque nem chorar sabem
… De tão doentes que estão!
Luís Pais Amante
Telheiras Residence
A olhar para a fotografia do Presidente da República a “coçar na cabeça” junto ao Memorial da Tragédia, como eu (ex-Bombeiro Voluntário) lhe chamo, de tão revoltado que estou.
A pergunta do Poeta é pertinente e há muita gente a fazé-la até por aqui. Como pode estar tudo praticamente igual?
O que acontecerá se o fogo voltar?
Infelizmente os políticos só aparecem para a foto, depois nunca mais se lembram.
De que forma andamos a cuidar do nosso pequeno país? O que fazemos para prevenir a tragédia de Pedrógão grande e outras tragédias? Como valorizamos o trabalho de quem se arrisca para salvar pessoas e bens? Como cuidamos do planeamento nesta e noutras áreas? Assistimos a muito alarido quando tudo acontece, muita comunicação social a mostrar repetidamente, sem respeito pelo sofrimento das vítimas e familiares. Muito ruído estéril. Depois qual será o próximo acontecimento a fazer manchete de jornais e a ocupar noticiários televisivos? e a dar visibilidade a peritos e peritagem. Estamos a ficar paralisados pelo assombro do que vai acontecendo todos os dias.
Infelizmente é a triste realidade, os políticos só lembram na hora do voto, depois de estar no poder esquecem tudo.
Um poema de palavras que não se sujeita ao esquecimento de vidas desperdiçadas e que se horroriza diante da inércia e falta de humanidade daqueles que deveriam atuar.