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Maria Helena Marques

Numa das minhas “visitas” aos escritos do passado que tenho à minha disposição no Notícias de Penacova (desta vez de 1964), encontrei um artigo assinado por Correia Borges, na rubrica “Lorvão antigo e moderno ” subordinado ao título em causa..
Nele Correia Borges vinha lembrar o enorme interesse em não deixar esquecer, factos, costumes, tradições e «usanças que tão bem exprimiam o carácter do nosso povo».´
É, de facto, uma perda irreparável não se ir passando às novas gerações tudo isso, para que se não perca no tempo, deixando mais pobre a nossa cultura e história local.
Correia Borges , nesse dito artigo, vinha trazer à lembrança a “Mourisca” em Lorvão, esclarecendo do que se tratava.. Pessoalmente nunca tinha ouvido referir e, daí que me aguçasse a curiosidade.
Escrevia e esclarecia, então , Correia Borges :
«Perdem-se na bruma dos tempos as origens da “mourisca”, que em muitas partes de Portugal e até na Espanha, França e Itália era já dançada na Idade Média por dançadores mouriscos ,que de mouros só tinham o nome»
Pelo que se entende a “Mourisca” era uma dança que ,também, foi dançada em Lorvão e podia ter uma feição militar ou religiosa.
«Em Lorvão a “Mourisca” tinha mais uma feição religiosa que militar e destinava-se a homenagear São João Batista, talvez o santo mais festejado no lugar, em cuja procissão se incorporava, cantando e bailando à frente do andor. Pelo exótico dos trajos a “mourisca” tinha também uma função decorativa : saiotes encarnados, chambres brancos, na cabeça chapéu enfeitado com fitas multicolores e flores naturais e artificiais e, sobretudo, muitas fitas de cores berrantes que davam colorido ao conjunto . Constituída por sete homens, salvo erro, um deles era nomeado ” rei da mourisca” e levava na cabeça a respectiva coroa bem como levava uma espada e um manto. Os restantes levavam um bastão, quando não se faziam acompanhar de uma guitarra ou viola. As cantigas a São João são as mesmas que ainda hoje (em 1964) perduram.»
«Em Lorvão a “Mourisca” morreu com a chegada do século XX e, amanhã já ninguém se lembrará dela a não ser um ou outro coca-bichinhos, cada vez mais raros, que goste de pesquisar esquecidos acontecimentos do passado».
Aqui estou eu, hoje, feita coca-bichinhos, a beber do passado e a trazer à lembrança esta antiga dança da “mourisca” em Lorvão que eu desconhecia e, que como eu, muita outra gente da nossa terra.
Obrigada a Correia Borges que me deu oportunidade de conhecer esta atividade do passado para a poder trazer aos dias de hoje, já no séc. XXI.

Maria Helena Marques

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