Luís Pais Amante
Estou no fim da tarde
Aqui, na minha azul janela
Olhando pro pinhal que lá arde
Enquanto o nosso céu enublado se pinga
E se abre a um bando de Andorinhas que briga
Chamo o Meu Amor
Que adora estes passarinhos dia a dia
Por lhe darem paz, boa sorte e harmonia
E até os pendurou na parede pra se deliciar
A ver
Durante o ano todo
Às cores
As Andorinhas, noutros tempos
Na nossa terra e no nosso beiral
Iam buscar palhinhas ao quintal
Água ao Chafariz do Porco
Barro ao Olival
E punham-se em afã consciente
A fazer ninhos bem consistentes
Hoje estas Andorinhas
Que não são de louça
São mesmo negras a sério
Circulam no ar com a força do mistério
Rodopiando como os aviões a brincar
Quase se atropelam…
…Mas não fazem ninhos
Por cá
Continuam bonitas
Elegantes
Se calhar até amantes
Mas muito, muito distantes
Da procriação
Se calhar querem ser como os humanos
Ou estão em greve
…Ou sem dinheiro pra habitação!
Luís Pais Amante
Casa Azul
A olhar o céu ao fim da tarde.
Adoro andorinhas, as reais, as de loiça dispenso, mas há muito que não circulam por estas bandas do Ribatejo. Acho que não gostam dos pesticidas que os homens da avioneta lançam sobre os arrozais!
Bonita dedicatória que o nosso poeta faz a estas criaturas negras e elegantes que, certamente, gostam de Penacova!
Parabéns ao dr Luis Amante que tem o privilégio de nelas poder inspirar-se.
Outrora se dizia que as andorinhas anunciavam a Primavera. Perdeu-se a tradição deste anúncio de nova vida, já não faz sentido, com tão pouco investimento na preservação da natureza e da habitação, por parte dos gestores públicos. Seja como for, bonito poema que mais uma vez nos brinda o Dr. Luís Amante, que nos faz recordar com nostalgia o tempo em que não estávamos na cauda da Europa. Que saudade!
Olhem que bonito este poema do meu amigo Dr. Luís!
A Andorinha é uma espécie muito subtil e elegante.
Tenho saudades de as ver.
Muito bonito este poema.
Luís, ao ler As Andorinhas senti-me possuído por um sentimento de gratidão.
Vc coloriu este momento de leitura que tive saindo da rotina do dia. Seu poema penetra no instante de vida e descobre significados, histórias, recordações e nos fazem voar como esses pássaros. Obrigado pela sua sensibilidade que alimenta.
A andorinha, é um pássaro que possui um parceiro durante a sua existência. O casal de andorinhas dividem a responsabilidade de chocarem os ovos e criarem os filhos em conjunto. Símboliza a importância da família. Um mesmo ninho pode ser usado durante anos seguidos.
Para mim traz lembranças da infância. Fez parte do meu crescimento ver as andorinhas na azáfama da construção dos seus ninhos. Nos últimos anos, também dei conta que estiveram ausêntes a sul onde nasci, mas voltaram. Fizeram sentir a saudade mas agora o rencontro, simbolismo de esperança e renovação que nos traga alento em tempos difíceis.