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Luís Pais Amante

Na véspera do dia em que começo a “esboçar” este artigo, tivemos (nós Família de Acolhimento) connosco, aqui na Casa Azul, 50 Pessoas reunidas em confraternização saudável de despedida, ao fim da tarde, em organização conjunta com as outras Famílias da terra (vila, sede do concelho) e com alguns incansáveis Voluntários, sem os quais (todos) nada seria possível e aos quais aqui presto homenagem sincera.

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Sem álcool; sem diferenças; sem manias; sem importâncias…sem prepotência.

Diferentes idades, isso sim! Diferentes origens, também! Ainda diferentes pensamentos!

À noite, cansado fisicamente, mas de coração cheio, até com a Felicidade das nossas Netas presentes, que já dormem, faço zapping pelas televisões.

E fico a saber -confirmando- que nasci, cresci e vivo -ainda- num País de mentes muito pequenas; num País de questiúnculas; num País de análises retorcidas; num País em que a intelectualidade se esgota na técnica do mal dizer, só para dizer mal de tudo o que não interessa às causas que se lhes colam à pele.

!… e é mesmo muito triste nós não conseguirmos ter lucidez suficiente para falarmos, com objectividade, isenção e capacidade crítica, de coisas que se destacam da pacatez, num País pobre de ideias …!

As Jornadas Mundiais da Juventude resultam de uma iniciativa lúcida de um Papa da Igreja Católica: João Paulo II, que era muito parecido com o meu saudoso Pai e que guardou um cantinho do seu coração para o nosso Portugal, a pontos de o referir, sempre, por onde passava, tal era a sua adoração a Fátima e ao que ela representava para si, após a tentativa de assassinato em 1981.

Seria bom não esquecer!

O Papa acreditava que a Juventude merecia um Evento específico para tratar dos seus problemas igualmente específicos, em reunião multi tudo (raça, origem, visão política, etc, etc.

É uma iniciativa que abrangeu/envolveu muitos poucos países, até ao momento. Devíamos estar satisfeitos, mas não estamos, totalmente. Subsistem discordantes militantes.

E pergunto-lhes:

– Alguma outra religião já tentou fazer cá qualquer coisa de aproximado? Como a resposta é não, cai por terra aquela discussão de que somos um País agnóstico e devemos ajudar todas as religiões por igual;
– Algum Evento se aproxima à dimensão brutal das JMJ? Como a resposta é sim (a Expo 98), comparemos, então (a preços correntes) a questão dos custos e, certamente, vamos ficar bem
Admirados;
Com a obrigação intelectual de sabermos que o investimento feito nas margens do Rio Trancão, tal como na Expo, é uma marca futura da nossa Capital (Região), cuja amortização se difere por gerações.
Cai, pois, por terra a questiúncula de se envolverem cerca de 40 milhões de euros de nós todos, que podem comparar com uma qualquer Lei nos seus efeitos nefastos para a Sociedade…
– Quem fala das JMJ saberá, por acaso, qual o impacto real da movimentação brutal de Juventude pelo interior de um País cujas questiúnculas provocaram uma desertificação louca, que afecta o sentimento e o bem estar psicológico dos nossos mais velhos, que abriram -agora- as suas portas e tiveram companhia humana durante 1 semana? Como a resposta é não, estão sentados nas cátedras de Lisboa e desconhecem o País real, é útil não mandarem “bitaites”;
E, já agora, porque aplaudiram tanto esse evento triste do Euro 2004, que só beneficiou uma modalidade desportiva, cheia do pior que as claques têm (num País dito de igualdade e de liberdade de escolha), intensificou a corrupção e ajudou a levar-nos à bancarrota, cheios de Estádios sem gente, ao abandono, a cair…

No que respeita a opções de Fé, eu -que sei bem das minhas deficiências- tentei perceber “por dentro” a questão das JMJ que alguns quiseram matar à nascença, outros quiseram aproveitar pra maledicência e, outros ainda, quiseram ficar calados a ver como corre, pra beneficência.

A minha Família tirou férias para, com a máxima descrição, sentir numa terra bonita do interior da Beira, Penacova, como seria essa experiência de ver “A Juventude Mundial em movimento”…acolhendo-os e experienciando as suas culturas, as suas ansiedades.

Fizemos exactamente o mesmo que um número imenso de gente de várias condições fez, cá na terra Concelho, dando atenção aos anseios dos Jovens de outras paragens (cerca de 150).

Falo-vos, pois, de experiência feita.

E a verdade é que me senti remoçar: cheguei “em reverie” ao princípio dos anos 70, onde os Jovens do meu tempo (alguns) nos seus tempos livres, ajudavam os alunos sem posses (filhos de Pais iletrados e pobres) a conseguir compreender melhor os ensinamentos da Escola e a prover-lhes lanche, que, tristemente como hoje, não tinham em casa…

…e é, justamente, por ter vivido a passagem deste “lufão de ar fresco” de várias etnias, culturas, interesses, idades e fraternidades, que vos posso recomendar, com propriedade:

– deixem as Jornadas acontecer!

Tudo isto que se está a passar de lés a lés no nosso território, está muito para além da religião; está muito para além da vida sedentária e desinteressada da nossa Juventude, sentada no sofá a manifestar opinião não fundamentada, nem vivida, atrás dos Ipad e dos Iphone.

Estamos no centro de um fenómeno sociolológico, cuja dimensão é necessário viver e conhecer…para dele se poder falar…

A nossa Casa já não tem tanto frenesim; já foram embora, pela madrugada, as Jovens que acolhemos…
…à procura de uma voz que as ouça como elas são nas suas diferenças: O Papa Francisco!

Mas as Netas, quando acordaram, perguntaram: “Vovô onde tão as meninas?”

Luís Pais Amante

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2 COMENTÁRIOS

  1. Foi uma experiência muito agradável, acolher pessoas que não sabemos quem são, culturas totalmente diferente, apenas partilhamos do meu mesmo espírito, dar as mãos e juntos fazer acontecer a JMJ, a participação de todos foi importante. Ao senhor Luís Amante obrigada pelo momento que proporcionou na Casa Azul.

  2. Ponho-me a imaginar como gerir um Grupo tais grande e só imagino o meu amigo Dr. Luís a fazê-lo.
    Belo texto é bela fotografia.
    Parabéns.

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