Lisa Gambini
Somos um país fabuloso, à beira-mar plantado e com uma riqueza florestal imensa. Mas, apesar do papel absolutamente essencial que as florestas representam, tem faltado visão na implementação de medidas estruturais que permitam preservar e aproveitar melhor este recurso natural.
E é nesta altura do verão, quando os meios de comunicação social são inundados por notícias de fogos que reduzem a cinzas consideráveis áreas do nosso património florestal, que este problema emerge.
De acordo com o Inventário Florestal Nacional (INF6 2015), feito a cada dez anos, mais de um terço de Portugal é floresta e muito embora este valor possa ser atualmente mais reduzido, fruto dos incêndios rurais que ano após ano devastam hectares desta nossa riqueza natural, não pode, nunca, ser menosprezada a importância da floresta.
O abandono deste património natural é um problema a que se tem vindo a assistir nas últimas décadas. O progressivo afastamento das populações das zonas rurais, o envelhecimento da população que se dedica e conhece as florestas, a falta de vigilância e manutenção, as dificuldades de acesso, a fraca ligação das populações mais jovens á terra, a falta de medidas equilibradas para mitigar todas estas questões e a burocracia, parecem contribuir para a atual situação, que é imperativo reverter.
Sensibilizar a sociedade para a importância das florestas e para a urgência da sua conservação e gestão consciente, é fundamental para a valorização do setor florestal, que tem um papel crucial para a vida e cujo impacto não é meramente ambiental. A floresta é muito mais do que zonas verdes e ar puro, além da sua inigualável beleza e riqueza no que a património natural diz respeito, ela tem um preponderante papel ambiental, social e económico.
A floresta concentra 80 % da biodiversidade terrestre, sendo o habitat da grande maioria das espécies vegetais e animais terrestres; permite a descarbonização, pela sua capacidade de reter dióxido de carbono e reduzir os gases de efeito estufa; e contraria a erosão dos solos. De referir que a Região Centro é a segunda região do país com maior área florestal (33,7% de floresta nacional), e é a que, pelas suas características, mais contribui para a descarbonização nas florestas de Portugal continental.
Outro papel extremamente importante das florestas está relacionado com a saúde. Para além do potencial medicinal que as florestas encerram, a ciência já comprovou que passar tempo em espaços naturais, como a floresta, faz bem à saúde. O contacto com a natureza alivia o stress, melhora a saúde mental e cardiovascular, impacta no nosso humor e é uma fonte de bem-estar e equilíbrio.
A floresta é o principal uso do solo em Portugal, de acordo com a Carta de Uso e Ocupação do Solo de Portugal Continental de 2018. Em termos económicos, o setor florestal, não só cria emprego direto, como é fonte de matérias primas essenciais a outros setores; suporta um forte setor de exportação e proporciona atividades ao ar livre (turismo e lazer).
As florestas são um recurso natural vital e representam um ativo económico capaz de gerar recursos energéticos, ter um papel decisivo na descarbonização e na geração de produtos sustentáveis. Interessa encontrar o equilíbrio entre a preservação desta riqueza e a promoção da sua exploração consciente, tendo em conta critérios sociais, ambientais e económicos.
Preservar as florestas para garantir a saúde do nosso ambiente (e, portanto, a nossa) é uma meta cada vez mais consensual, assim como o é fazê-lo de forma economicamente equilibrada, tendo por base modelos obrigatoriamente sustentáveis.
Pelas pessoas, pelo planeta, urge valorizar as florestas!
Lisa Gambini