Luís Pais Amante
Se vivemos num mundo racista? Sim, isso é indiscutível;
Se Portugal é um país racista? Sim, tem mostrado tiques disso, muitas vezes com a complacência dos Serviços dos Governos liderados, também, pelo Primeiro Ministro actual;
Se o racismo, no mundo, só é sentido pelos indivíduos de pele não branca? Não, os indivíduos de pele branca também sentem o racismo na sua pele, em certos locais de dominância não branca.
…Cada um, na sua raça, sente o racismo à sua maneira; não se deve é dar mão a um fenómeno tão triste e hediondo para tentar explicar os próprios fracassos ou para atingir objectivos meramente ideológicos e panfletários ou para desviar as atenções dos verdadeiros problemas!
As minhas perguntas simples, nesta Crónica, ganharam vida com “o assentar das poeiras” dos tempos frenéticos imediatamente anteriores às férias (as do Conselho de Estado incluídas) e, também, com a promulgação e veto de algumas Leis: p.e. das carreiras dos Professores (que não sendo suficiente, é uma evolução notória que não necessitava de apagar 2 anos de Ensino recatado que tão necessário é) e da Habitação, que constitui crime nos seus pressupostos básicos sobre a propriedade e não responde, minimamente, aos anseios e aos direitos dos portugueses. Que o digam os nossos Jovens, mesmo os Socialistas que conheço razoavelmente e pelos quais tenho consideração pessoal!
Estou focado, aqui, principalmente, nos contornos da propagação daquela estória de o Primeiro Ministro do meus País se ter ido meter num trajecto de uma manifestação de Professores e de ter gritado que estava a ser vítima de racismo, entrando numa troca de acusações e peixeiradas a todos os títulos vergonhosa, enquanto caminhava para as Comemorações do 10 de Junho (Dia de Portugal, quiçá, actualmente, um dos países menos racista da geografia).
Que se saiba, por norma, as pessoas que sentem o racismo na pele, são vítimas desse trauma nas suas vidas, nos seus empregos, nas suas actividades normais da sociedade em geral.
E esse estatuto de vítima dá-lhes uma vida desgraçada, quantas e quantas vezes com o regime da pobreza e do desprezo em permanência a bater na mesa e na cabeça.
Sentem-se mal nos sítios; encobrem-se dos locais onde o exercício rácico é mais propenso e não têm a sorte de chegar a lugares de destaque nos Partidos, nos Parlamentos, nos Governos…nos cargos públicos, nos próprios empregos.
Contam-se, aliás, pelos dedos os que tudo conseguiram, assim…ou estarei enganado?
Ora,
O nosso Primeiro, aos 61 anos de idade, deu conta que tem um tipo de pele que se mostra apetente (ou lhe dá direito) a poder armar-se em vítima de racismo, em Portugal, depois de saber ser um “betinho de Lisboa” (que não necessitou do Alojamento que não há, enquanto estudante, nem da Creche Feliz inexistente, agora) ter passado a vida em ascensão permanente, quantas vezes por meios e métodos e silêncios bem discutíveis, até para muitos -e respeitados- dos seus camaradas, que lá o vão aguentando, sem terem bem a noção de que, qualquer dia, nem País viável e prestigiado há, quanto mais as benesses e os confortos que buscam.
Só que o fez antes de o seu Governo se ter dado ao trabalho -que é duro- de analisar a situação triste e terceiromundista da vida dos outros (muitos) desgraçados de pele parecida ou, pelo menos, diferente da pele branca.
Na minha modesta opinião, quis vitimar-se para fazer esquecer os imbróglios em que se tem metido (e nos solavancos que os seus escolhidos vão criando) e fez um número que alguém lhe sugeriu…quiçá no âmbito das suas “consultorias” mais recentes.
Ele bem sabia que aquele cartaz (despropositado, reconheço), talvez indigno de ser usado por Professores, ia estar num certo lugar a uma determinada hora e, contra todas as lógicas da Segurança e da Política, e, armado em bom, como “Fazedor” que se intitula ser, quis passar por lá (ainda por cima com a Esposa pela mão) para provocar o cartaz e mostrar quem manda!
!… sim, para provocar o cartaz, porque aos Professores já os anda a provocar desde que ameaçou (lembram-se dessa chantagem?) acabar com o Governo da Geringonça se a Assembleia da República decidisse introduzir para esta classe profissional mal tratada, aumentos diferentes dos constantes do “seu orçamento”; e continuará a provocar …!
É sabido que quem manda com prepotência nunca se pode queixar de ser vítima de racismo, nem de nada. E todos sabemos que este PM é prepotente, arrogante e que tem -ele, sim- a mania da superioridade.
E também é sabido que “a perseguição“ aos Professores (como a outras classes profissionais) é um facto, real e objectivo, enquanto que dar mão ao pretenso exercício, por estes profissionais, de racismo, não passa de um expediente barato, uma ilusão tosca.
Esta pessoa é, aliás, a mesma que não viu as Odemiras, que fugiu das Mourarias (onde noutro número até montou gabinete) e que não dá conta, continuamente, das criminosas ações de exploração pura que vão ocorrendo no País em que manda.
Não será lógico pensar que quem -estando empossado nesse papel- podendo e devendo proteger e não protegendo ninguém do racismo alheio, não pode querer para si próprio o que não dá aos outros?
Querer, só para si, não é discriminação?… Ou é só mera usurpação?
Porque não fala dos lugares em que o racismo é muito (mesmo muito) evidenciado, como seja o dos meandros do futebol, de que tanto gosta e que tanto valoriza, até presencialmente?
E, portanto, a minha conclusão é a de que, se não se ouve o Governo a falar, com seriedade, sobre as questões do racismo, racismo, nem -sequer- a tratar delas, então aquele episódio foi encenado, destinado a desviar as atenções e isso não se pode tolerar; nem calar!
Aliás, como as coisas vão andando (com o avolumar das situações típicas de um Governo à deriva, entregue a figuras de terceiro plano, acomodadas ao chefe, sem conhecimentos e sem sentido crítico) é de esperar a ocorrência de outros “números”, sucessivamente…
Não acredito na capacidade de o PM (com a sua falta de humildade) solucionar, sozinho, dentro da Legislatura -cumprindo as suas promessas eleitorais- as questões em derrapagem absoluta [O aumento sucessivo da dívida externa; A degradação generalizada dos salários reais; A falta de respostas da Administração Pública; A Saúde; A Habitação; A Justiça; A Corrupção; A Educação; Os Transportes e a gestão do PRR ou o buraco a que deixou chegar a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa ou a TAP das malandrices] que estão, visivelmente, sem rei nem roque!
… Amua e fala, fala, do “racismo” faz de conta! … Mas já não embala, não, notoriamente!
Ps. Espero bem que o Falcon não choque com o avião dos cartazes que os Professores andam a exibir, continuando a sua “luta”…
Luís Pais Amante
Este artigo toca-me pessoalmente, porque sei quão duro é viver nas circunstâncias de que fala o Autor, Dr. Luís Amante.
Esse tormento acompanhou a minha vida, sim.
Essa crônica toca-me pessoalmente, porque sei o quão duro é viver tal situação, esse terror acompanha a minha vida, todos os dias, pessoas que acham que a cor de pel define carácter e da dignidade, já vivi situação horríveis em restaurantes, no trabalho até na igreja lugar onde supostamente devíamos nos sentir acolhidos por todos, mas infelizmente muitos esquecem que diante de Deus somos iguais e Jesus não escolheu morrer por uns e não por outro, mas pelo mundo. Acabemos com o racismo cor não define uma pessoa. Doutor Luís bem haja por esse artigo
Excelente texto que descreve na perfeição o tema do racismo.
Luís Amante além de um poeta destacado, é um analista político com uma observação aguda dos fatos do mundo político que passam desapercebidos para muitas pessoas como bem demonstra este artigo.
Parabéns ao autor pela originalidade de suas abordagens. Nossa gratidão.
O texto é muito interessante e pertinente mas acho que ao tentar ser tão abrangente mistura duas realidades bem distintas. As do plano meramente político que são verdades insofismáveis, com as de um mal que só quem por lá passou e passa consegue avaliar a dor que isso trás. É preciso ser se muito resiliente para se poder ultrapassar. O racismo é uma realidade que ultrapassa fronteiras e geografias e o sentido em que se dirige, de “branco” para outros com mais mais melanina seja qual a sua intensidade e coloração de mais “escurinhos” para brancos, já vivi todas essas realidades em diversas geografias. Em resumo há gente boa muito boa mesmo e o meu AMIGO é um deles , um exemplo de mente sadia e aberta que se sente um enorme prazer de estar e conviver não de agora mas de sempre, mas há muitos mas muitos mesmo que não lembram o diabo. Relativamente ao PM sejamos sinceros já foi e tem sido objecto de actos racistas do pior que se pode imaginar só não vê quem não quer é dar uma vista ao que se escreve nas redes sociais. Bem haja Dr Amante o texto foi um dois em um, tiros certeiros.