Maria Helena Marques
Na vida vamos tendo momentos de Ternura que nos carregam de energias positivas, tenho-os tido. Não há muitos dias fui beneficiada com bastantes desses gestos e por eles estou muito grata a quem os teve para comigo e minha família.
No entanto, olhando em redor do “nosso” Mundo, e bem amplo ele é, ficamos chocados de como é possível a considerada Humanidade proceder com tanta desumanidade.
Campeia o ódio, a violência, a crueldade, a louca ambição do ter e do poder, a indiferença, a desonestidade…
Dia a dia, quase hora a hora ou até minuto a minuto, são postos à nossa disposição, imagens degradantes de procedimentos humanos cruéis, carregados de injustiça e desumanidade.
Qualquer meio áudio visual, os media, está apostado em nos apresentar em primeiro plano a influência de imagens, palavras, “diretos” que já vamos percebendo que, muitas vezes, são manipulações e inverdades ainda que muitos correspondam à triste realidade. Dói!
Já tudo nos confunde e nos leva a ter opiniões, por vezes muito fora do justo tanto para o mal como para o bem.. Precisamos de muita lucidez e capacidade de ler nas “entrelinhas”…
Tudo isto é doentio. Está criado um clima de guerra fora e dentro de nós. É deprimente. É causa de desentendimentos pela formulação de opiniões que chocam entre si e levam as pessoas a digladiarem-se demagogicamente querendo fazer valer a sua leitura ou seus “credos”.
Esta situação não acontece só a propósito das guerras que vão entre os povos. Não. É mal que se pega. É acha acesa que pega fogo servindo de rastilho.
Acontece na família, no emprego, no desporto, nas comunidades religiosas, nas escolas, na política, no mundo dos negócios….
Uma “epidemia” que, para mal de nós todos, vai alastrando e, as pessoas vão-se habituando a este clima que, até, se vai normalizando, criando a falta de espírito crítico e o indiferentismo.
Será que estamos felizes???
Por trás de uma ou outra euforia momentânea, está a amargura que trazemos na alma, pela incerteza do “amanhã” e as imagens de genocídios, de povos em fuga, de gente sepultada no Mediterrâneo, aos milhares. as lágrimas de quem fica sem familiares, sem casa, sem dignidade, sem identidade…
Será que temos de nos submeter e entrar nesse mar de ódio e de desespero?
Há outras “armas” que podemos e devemos usar para abrandar e colocar no Mundo gestos de humanidade. Armas que não custam milhões como as usadas na guerra e que dariam para reconstruir e construir casas, matar a fome e proteger a saúde dos milhões de pobres.
Há os pequenos/ grandes gestos de fraterna atenção e ajuda, aquelas palavras de ânimo e esperança, aquela mão que partilha e ajuda a erguer, aquele braço e abraço que ampara e conforta, aquele ombro onde se pode repousar o cansaço da vida, aquele ouvido pronto a escutar o que o outro precisa de desabafar, aquele sorriso que seca lágrimas, aquela prontidão em compreender em vez de criticar maldosamente, aquela prontidão em pedir perdão e/ou perdoar, aquela partilha generosa que não deixa o outro à míngua de pão e/ou de amor…
Tanto que temos para ajudar a viver e salvar a humanidade desse desamor que nos coloca abaixo dos ditos irracionais!
Inundemos o Mundo de gestos de TERNURA e o mundo será verdadeiramente Humano!
Maria Helena Marques