Saudade Lopes
Estes foram os dias em que o Mosteiro de Lorvão bailou na boca e na mente de milhares de pessoas, pelos meios de comunicação social e pela presença gustativa daqueles que tiveram a oportunidade de calcorrear esta Vila do concelho de Penacova, tendo para isso atravessado oceanos, fronteiras e limítrofes de vários concelhos. Acontecimento vivido e partilhado com doçura.
Doces conventuais vindos em representação de Mosteiros e Conventos de Norte a Sul do País e até com uma representação Insular – a Ilha Terceira. Património Nacional, onde toda a variedade apresentada, deu a conhecer o belo trabalho e criatividade das freiras e monges, que viveram nestes locais e que entre as muitas atividades desenvolvidas por estes, a doçaria foi a destacada com maior relevância. Estas gentes de claustros e Mosteiros deixaram grandes riquezas ancestrais no âmbito da gastronomia.
Receitas saborosas recolhidas nos fundos dos baús, procuradas e aplicadas por todos aqueles que se dignam a preservar e honrar a cultura dos antepassados, é o legado dos que trabalham em busca das tradições e as transformam em presenças de pessoas.
A doçura no paladar alargou-se a vários momentos lúdicos, os espaços transformaram-se em filas de gente, comparando-se às carreirinhas de formigas que procuravam juntar, ao palato, momentos artísticos que tão bem se enquadraram naquele emblemático Mosteiro.
O programa foi diversificado e sempre muito aplaudido pelos visitantes. Destaco o serão de sábado e a tarde de Domingo em que a Igreja do Mosteiro esteve completamente cheia de uma doçura de gente que se disponibilizou a ouvir e apreciar a arte musical e teatral.
O contributo cultural do serão de sábado destacou-se pela presença de dois coros internacionais que, em união com o Divo Canto, revelaram aos presentes o canto a várias vozes com temas e sons harmoniosos, momentos inspiradores para todos os que se encontravam na Igreja, inclusive os mais pequenitos que se deliciaram com tanta beleza e expressão.
A tarde de Domingo foi mágica e doce, por todo o enquadramento artístico: a peça tocada no órgão do Mosteiro, o teatro, o canto de três grandes solistas, a Missa Brevis tocada por diversos instrumentos musicais, cantada a uma só voz por crianças, jovens e menos jovens. Tantos foram os momentos, que até as “Santas Rainhas Sancha e Teresa “sorriram de emoção e felicidade.
Para fazer acontecer este evento foi preciso haver muita gente disponível de imaginação e entrega, foi necessário muitas das pessoas gastarem do seu tempo e das suas energias. Os pais e encarregados de educação de todas aquelas crianças e jovens, são uns heróis. Os maestros distribuem com serenidade e rigor uma só linguagem, que é entendida em qualquer parte do planeta, são obreiros da paz. Os instrumentistas, os cantores, os atores, dispõe-se a aperfeiçoar todos os detalhes essenciais à saída de sons e vozes que congregam a harmonia humana.
Um território desenvolve-se com o empenho e dedicação de todos, seja qual for a área ou o contexto, para isso teve de existir muita liderança, trabalho, organização e parcerias com várias entidades e associações. Desta forma, o trabalho final foi uma orquestra com sucesso, onde todas as batutas se dirigiram para que subisse o nível cultural no Concelho de Penacova, de louvar mais este evento memorável em Lorvão.
Saudade Lopes